sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Mensalão do DEMO

PF vê indícios de pagamentos de prestadoras de serviços a "altos servidores" do DF

Folha Online, em Brasília

A PF apreendeu nesta sexta-feira o total de R$ 700 mil, US$ 30 mil e 5.000 euros na operação que investiga suposto pagamento de propina pelo governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), a parlamentares da base aliada na Câmara Legislativa do DF.

Em nota divulgada nesta sexta-feira, a PF não revela os nomes das autoridades que estariam com o dinheiro nem as localidades onde os recursos foram apreendidos.

A nota diz, apenas, que foram verificados "indícios de pagamento de recursos a altos servidores do governo do Distrito Federal, por empresas que mantinham contrato com o governo distrital". Segundo a PF, os recursos foram apreendidos em 12 localidades diferentes do DF.

Além do dinheiro, a Polícia Federal também arrecadou computadores, mídias e documentos. O material vai ser analisado pelos policiais federais e, posteriormente, serão encaminhados ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Segundo a PF, foram cumpridos 29 mandados de busca e apreensão em Brasília, Goiânia e Belo Horizonte. A ordem de execução dos mandados foi expedida pelo ministro Fernando Gonçalves, do STJ, com base em representações da PF e do Ministério Público Federal.

A nota diz que cerca de 150 policiais cumpriram os mandados em gabinetes de órgãos públicos, residências e empresas --todos na presença de procuradores da República. Segundo a PF, a corporação originou-se após solicitação do Ministério Público Federal, acatada pelo Poder Judiciário.

A operação investiga o suposto repasse de recursos por empresas de informática a autoridades do DF, entre elas Arruda, para o pagamento de uma espécie de "mensalinho" à base aliada.

Despacho

Despacho do ministro Fernando Gonçalves, que resultou na operação da PF, afirma que um dos secretários de Arruda teria gravado conversa sua com o governador na qual ele manda oferecer R$ 400 mil para a "base aliada".

O despacho, o qual a Folha Online teve acesso, afirma que o secretário de Relações Institucionais do GDF, Durval Barbosa, usou escuta ambiental para flagrar conversa com Arruda e outros integrantes do governo. Numa das conversas, o secretário teria flagrado a oferta de R$ 400 mil do governador para um "destino" que não é revelado pelo ministro do STJ para a base aliada.

"A autoridade policial noticia haver o colaborador [Durval] repassado ao DPF [Departamento de Polícia Federal], para fins de registro, a soma de R$ 400 mil, valor a que ele [Durval] retornará para seguir o destino apontado por Arruda: entregar a [José Geraldo] Maciel [ex-secretário de Saúde do DF] para pagamento da base aliada. Ou seja: o dinheiro será dissipado em diversos pagamentos menores a pessoas ainda não identificadas", diz o despacho do STJ.

O ministro Fernando Gonçalves afirma, ainda, que o valor do suposto pagamento de Arruda seria de R$ 600 mil --já que outros R$ 200 mil teriam sido usados para o "mesmo destino" determinado pelo democrata para a base aliada governista.

O despacho também autorizou buscas nas seguintes empresas que prestam serviços ao GDF: Infoeducacional, Vertax, Adler e Linknet. Essas empresas, segundo o despacho do STJ, seriam responsáveis por levantar os R$ 600 mil que Arruda supostamente teria mandado oferecer à base aliada.

No despacho, o ministro do STJ afirma que o secretário de Arruda aceitou usar equipamentos para a gravação das conversas porque foi beneficiado pela "delação premiada" em outras acusações a que responde na Justiça.

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