quarta-feira, 18 de maio de 2011

O livro que ensina a falar errado

Recife (PE) - Nesta semana, o “Bom dia Brasil”, nome do telejornal que desconhece o vocativo, abriu espaço para uma aula magna de Alexandre Garcia. Em breve editorial, Alexandre fulminou o livro “Por uma vida melhor”. Entre outras sábias reflexões, assim falou Garcia:

 

- Pois, ironicamente, esse livro se chama ‘Por uma vida melhor’. Se fosse apenas uma polêmica linguística, tudo bem, mas faz parte do currículo de quase meio milhão de alunos. E é abonado pelo Ministério da Educação. Na moda do politicamente correto, defende o endosso ao falar errado para evitar o preconceito linguístico. Aboliu-se o mérito e agora se aprova a frase errada para não constranger.

 

A isso o professor Sérgio Nogueira apareceu como convidado. Mas antes, de modo espontâneo, o apresentador lhe levantou a bola:

 

- Isso (esse livro) é o início do fim da gramática?

 

Ao que pontificou o mestre: 


- O fim da gramática já vem sendo feito há um bom tempo por essa nova linha do ensino, na chamada linguística moderna, em que o certo e o errado é abandonado... vocês pagariam pra uma escola em que seu filho vai continuar falando a língua que ele não precisa, que pode aprender sozinho?

 

Ao que aterrorizou melhor o apresentador:

 

- A língua é um traço de união nacional. Ela estaria ameaçada?

No que concordou o brilhante professor:

 

- Neste caso, sim, porque é diferente você respeitar as variantes regionais, as variantes sociais,e não conhecer uma língua geral, uma língua padrão. Por sinal, é nosso trabalho constante na Rede Globo, que é conseguir essa linguagem, como no caso do Bom Dia, que atinge o Sul e o Norte, Leste e Oeste. Hoje o gaúcho da fronteira se comunica com o sertanejo.

 

Graças ao ótimo trabalho de lingüística da Rede Globo”, nem precisou o mestre completar. Que coisa... As letras de um artigo não enrubescem de vergonha. Nem cabe, na medida deste espaço, mostrar o serviço danoso que as telenovelas da Globo têm feito contra a riqueza da fala nacional. Mas cabem 2 ou 3 coisas sobre o livro condenado.

 

Ele, o maldito que rompe a unidade e pureza da língua, não prestigia o "falar errado", nem ensina a fala errada. Em um capítulo, em apenas um, o malvado chama a atenção para formas à margem da norma culta. Mas alerta que as falas têm o seu lugar, adequação diferente, em momentos solenes, na escrita ou dentro de casa. Escândalo.

 

O que deveria ser saudado em um livro que não humilha os falantes mais pobres, porque não os desqualifica, mas antes, como uma ressalva, lembra que “a sua fala não é errada, ela possui um valor. Apenas tomem cuidado, porque em determinadas ocasiões essa variante faz da pessoa alguém menor”, virou uma prova da mais alta incompetência do MEC. É como se não houvesse estudos científicos da língua nas universidades, é como se os frutos dessa pesquisa não pudessem voltar a quem de direito.


Em toda a mídia, falaram entre naftalinas ou com o mais simples cheiro de mofo. Contra o livro se levantou uma guerra, um embate político e ideológico que faz a gente lembrar a difamação sofrida por Darwin, com um rabo até hoje porque teria dito que o homem descende do macaco. Ou como lhe perguntou um conservador no século XIX: “o senhor vem de um símio por parte de pai ou de mãe?”. Ou como afirmam os conservadores destes dias: “Aboliu-se o mérito e agora aprova-se a frase errada. Livro aprovado pelo MEC é uma inversão de valores”. Pois o governo agora ensina que nós vai tá bão.

 

No entanto, a palmatória que se levanta nem precisava ir tão longe: na própria imprensa se cometem todos os dias autênticas aberrações na ortografia, na sintaxe e no sentido das palavras. Há um novo léxico de novo-rico. Os apresentadores de telejornais falam récorde, em lugar de recorde, e nessa pronúncia nem são ingleses nem brasileiros. Os nomes franceses procuram ser pronunciados à francesa, e a comédia resultante disso é constrangedora. Não faz muito, criou-se um deus nos acuda porque Dilma virou presidentA. Não, ensinaram os doutos que não leem dicionários, ela é presidentE. (Muito contra a nossa vontade, queriam dizer.)


Por que nunca levantaram a voz contra Manuel Bandeira?

 

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros

Vinha da boca do povo na língua errada do povo

Língua certa do povo

Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil”

Por que não impediram jamais a divulgação de versos tão sacrílegos? Ah, Manuel Bandeira dominava a língua culta. Quem domina, pode. Quem não domina, se pode, para não falar rima menos pura.


Urariano Mota, Direto da Redação

6 comentários:

H.Pires disse...

Essa é a "velha" tática dessa direitista midia. Abrir guerra, contra Dilma e seu governo, no máximo possível de frentes. Na tentativa de isola-la, por incrivel preservando-a em um primeiro momento, e "mirar" nos seus ministros, para abate-los. O plano de guerra, dessa direita, para destruição de governos populares, é esse. Nenhuma novidade. Mas, esse pré-CLARO(escurinho jamais) "professor" de "linguas", deveria centrar seus esforços, de lingua, nos animais da cbn/globo. Esses ainda não catologados animais cbn/globistas, não falam as noticias via microfone. Eles atropelam frases, comem palavras, vivem em F.M.(frequencia misturada), emitem GRUNHIDOS estranhos. Aumentam e diminuem o som. UMA ZONA TOTAL. Essa á a direita mais que "manjada". CALHORDAS, PATIFES, IMUNDOS. ESTÃO SENDO DERROTADOS.

Anônimo disse...

Cadeia pra todos. De mamando a caducando todos merecem o cárcere privado de tudo. Bandidos, safados, canalhas, LADRÕES.

Só sabem ROUBAR o dinheiro do povo e colocar no bolso. Bando de larápios, bandidos, ladrões. São todos iguais. Não salva nenhUM.

Hélio disse...

Tenho nojo dessa corja direitista que não aceita que tenhamos governos beneficiando as camadas mais pobres da nossa sociedade. Pessoas como Gilmar Mendes, Alexandre Garcia, Paulo Maluf, Mírian Leitão, José Serra (cadê o diploma), FHC deviam estar presas por causarem tanto mal e alguns meios de comunicação deviam ser fechados por apresentarem notícias metirosas e deturpadas, tentando nos confundir. Felizmente, o Brasil tem Lula, tem Dilma, nossa guerreira presidenta, tem o Terror do Nordeste, tem eu, tem Chico Buarque, tem churraquinho em Higienópolis...

Anônimo disse...

É, a autora do livro deve ser "um Darwin" às avessas da Língua Portuguesa, a nos ensinar que devemos, enfim, falar como macacos. Mesmo que já saibamos dar "palestras" e "consultorias" que não são a preço de banana, mas de milhões de reais.

Dante Ignacchitti disse...

Ossêis para de gozá di mim! ieu faluaçim deisquinassi, i ocêis num vão miobrigá a falá igual a burguêis, puirquê ieu num vô! ieu tenho meus direitu! Cumigo é na lei ô na marra! Oçeis num sabi doncovim, oncotô nem proncovô! ieu sô inguinorante? Um profeçô falô cumigo quieu poss´prosseçá ocêis, pur discriminaçã! Tão mangano di mim? Amanhã ieu poss´casá cua fia di oçêis, e aí, vão ingeitá os netim qui nóis vão fazê?! ieu processoçêis

Anônimo disse...

Aí está, no comentário de cima, o modo como o Lula e o PT querem que o país fale e escreva. Já disse que isso aqui tá virando o Planeta dos Macacos, não disse?