Quando muitos defenderam a expulsão de José Genoino e José Dirceu pelo PT eu discordei. Ora, injustiçados ou não, eles agiram em nome do PT e foram presos por causa disso. Não faz sentido algum expulsar um dirigente que vai para a cadeia por ter, em resumo, ajudado a eleger candidatos do próprio partido. Sob a ótica do PT, Dirceu e Genoino (assim como Delúbio Soares ou João Paulo Cunha) mereciam uma medalha, não ser expulsos.
Agora, não consigo entender como é que o PT não expulsa gente que só faz queimar o filme do partido. Gente ineficiente, inepta, incompetente. Vejam o caso do ex-governador de Brasília, Agnelo Queiroz. Sem dúvida um dos piores governantes que a cidade já teve, Agnelo deixou uma situação de descalabro para o seu sucessor. Por que o PT nem sequer cogita expulsá-lo? O que é preciso fazer, afinal, para que o PT expulse alguém?
Nos últimos anos, o PT expulsou apenas os atuais membros do PSOL, por serem “radicais” e discordarem de decisões da cúpula, em 2003. Também expulsou membros por “infidelidade”, como o prefeito de Barrinha (SP), que foi defenestrado por apoiar candidatos do PSDB na última eleição. Pelo visto é mais fácil agora o PT expulsar Marta Suplicy, por fazer críticas a Dilma, do que Agnelo…
Então quer dizer que incompetência não é razão para expulsão? Prejuízo aos cofres públicos? Acho um desaforo que será punido nas urnas: tenho certeza que vai demorar anos até que o PT consiga eleger um governador no Distrito Federal novamente.
Vejam só se não tenho razão:
1. Eleito em 2010 para “consertar” Brasília após a administração desastrosa de José Roberto Arruda, que saiu do palácio do Buriti direto para a prisão, Agnelo se mostrou despreparado para o cargo e rapidamente se tornou o segundo governador pior avaliado do país –só perdia para a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, do DEM. Foi o único governador que não conseguiu nem sequer passar ao segundo turno da eleição em 2014.
2. Agnelo entregou o governo com apenas 64 mil reais em caixa e uma dívida de 3,8 bilhões, de acordo com o novo governador, Rodrigo Rollemberg (PSB). Isso, em uma unidade da federação que recebe repasses federais no valor de 8 bilhões anualmente para os gastos com educação, saúde e segurança pública.
3. Agnelo é médico, mas vergonhosamente deixou a saúde do Distrito Federal em pandarecos. No final do ano, os médicos entraram em greve por horas extras e pagamentos atrasados e só atendiam casos de vida ou morte até que o novo governo se comprometeu em saldar a dívida. Para piorar, os hospitais públicos estão sem lençóis e roupas para os pacientes por problemas no contrato com a lavanderia que atende as unidades. As pessoas estão tendo que trazer de casa. Rollemberg decretou estado de emergência na saúde por 180 dias e pediu antecipação dos repasses federais. O governo Dilma negou, mas o TCU (Tribunal de Contas da União) concedeu.
4. No dia 30 de dezembro, penúltimo dia do seu governo, Agnelo exonerou o administrador da cidade-satélite de Taguatinga e nomeou outro. O primeiro tinha se recusado a dar o “habite-se” para o novo Centro Administrativo da cidade, e o novo administrador, em um dia, liberou. No dia 31, Agnelo “inaugurou” a obra, inacabada. Mas deixou para o sucessor a pendência de pagar 17 milhões de reais por mês de aluguel às construtoras responsáveis. Por que ele fez isso? Mistério.
5. Em quatro anos, a folha de pagamentos dos servidores do DF passou de 1,2 bilhão para 2 bilhões. No entanto, ele deixou o governo devendo salários para os professores da rede pública.
6. O estádio Mané Garrincha foi o mais caro da Copa e é o terceiro mais caro construído no mundo nos últimos dez anos: custou 2 bilhões de reais. O novo governador e muitos brasilienses se perguntam como foi possível gastar tudo isso para levantar um estádio e fazer pequenas obras no entorno dele.
7. Deixando a capital que “administrou” envolta no caos, Agnelo viajou para Miami, nos Estados Unidos.
Não são razões de sobra para expulsar um político de um partido que afirma querer se renovar? Eu acho.
Fonte:Socialista Morena
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