sexta-feira, 30 de abril de 2010

Quero Dilma

Votos de Ciro Gomes tendem a favorecer Dilma, diz especialista


A retirada da pré-candidatura do Deputado Ciro Gomes à Presidência da República consolida uma pergunta que já rondava o debate sobre a sucessão presidencial: para onde escoarão os votos do eleitor de Ciro? Para Serra ou para Dilma?

Na terça-feira 27, o PSB defenestrou Ciro Gomes. A Executiva do partido decidiu, por 11 votos contra 2, que os socialistas não teriam candidatura própria à Presidência da República. Mas, além desse fator, sem a presença de Ciro Gomes na competição, cresce a possibilidade de a eleição de outubro ser definida no primeiro turno. Um resultado possível em eleição polarizada, entre petistas e tucanos, e ainda com forte viés plebiscitário como será a de outubro.

Nesse ambiente inteiramente polarizado,a oposição e a imprensa que a vocaliza reagiram à decisão do PSB de retirar o nome de Ciro do páreo e, principalmente, contra a decisão de consolidar o apoio à candidata governista.

O que será dos votos de Ciro? O cientista político Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus, responde à pergunta assim: “os votos de Ciro Gomes vão mais para Dilma Rousseff do que para José Serra. Em dados gerais, pelos nossos cruzamentos, 50% vão para a candidata do PT e 30% para o candidato do PSDB.”

Para ele, os 20% restantes seriam redistribuídos igualmente entre Marina Silva, do PV, e os indecisos.

“Se considerarmos as proporções para Dilma e para Serra, temos 65% dos votos indo para ela e 35% para ele”, diz Guedes.

A lógica do raciocínio de Ricardo Guedes baseia-se no princípio do que ele considera “pacto do tipo social-democrata europeu”, que teria se formado no Brasil. Ou seja, “a esquerda passa a ser institucionalizada, e a direita cede para programas sociais”.

Os votos de Ciro Gomes favoreceriam, assim, Dilma Rousseff por estar na posição de centro-esquerda do especto político.

Guedes lembra que o eleitor de Marina Silva, o terceiro nome da disputa com potencial de voto pequeno, mas possivelmente decisivo, pode vir a fazer voto útil em Dilma, na reta final das eleições. Isso ocorreu com a ex-senadora Heloísa Helena, do PSOL, nas eleições presidenciais de 2006. Ela chegou a ter 15% das intenções de voto (um número muito próximo ao porcentual máximo atingido por Ciro nas pesquisas de 2009) e terminou com 5%.

Guedes afirma que o voto dela “fluiu para Lula”.

O nome de Plínio de Arruda Sampaio, recentemente definido como pré-candidato do PSOL, ainda não foi incluído nas pesquisas.

Ricardo Guedes engrossa o coro daqueles que acham possível (como já falou João Francisco Meira, do Vox Populi), a eleição ser decidida pela via rápida, em apenas um turno. A favor da candidata do PT.

As condições econômicas e sociais favorecem a candidatura de Dilma Rousseff, que expressa o voto na continuidade, estando a oposição com dificuldades de formular um projeto alternativo para o País. Com a tendência de maior conhecimento de Dilma, as intenções de voto permanecerão equilibradas até o início do período eleitoral, com os programas eleitorais nos meios de comunicação e os debates”.

Ao contrário do que se esperava, a questão ambiental não tomou conta dos debates. Isso projeta dificuldades para Marina manter um porcentual de votos acima de um dígito. A pesquisa Ibope, mais recente, indicou que 10% dos eleitores votariam nela se a eleição fosse hoje.

Os debates, segundo Guedes, serão fundamentais para a alteração, ou não, dessas tendências. Ele acredita que, como ocorreu com a candidatura de Heloísa Helena nas eleições passadas, parte do eleitorado de Marina Silva pode vir a fazer o voto útil. Enviado pelo amigo Amorim de São Paulo.

Fonte: Carta Capital / Coluna Rosa dos Ventos – Maurício Dias

Herança maldita do tucano Serra

Em apenas uma semana, três denúncias foram feitas contra policiais militares, em SP


Testando hipóteses


O PiG vem fazendo um esforço descomunal com o objetivo de colar José Alagão à imagem de Lula.

Ontem, depois do anúncio que Lula é o homem mais influente do mundo, o PiG todinho repercutiu, como se isso fosse um fato relevante, depoimento de Serra, dado no Twitter, parabenizando o "prêmio" recebido por Lula do NYT.

Ainda ontem, Fernando Rodrigues, blogueiro da Folha de São Paulo, usou o espaço no seu blog para comentar declaração de Chico Buarque, que afirmou que vai votar em Dilma Rousseff.Segundo Rodrigues, Chico disse que vai votar em Dilma mais acha que ela não difere de Serra.Provavelmente Chico Buarque não disse o que Fernando Rodrigues insinuou:que tanto faz votar em Dilma quanto em Serra.Estou certo que Chico não disse da forma que Rodrigues insinuou.Quem leu a entrevista de Chico percebeu que este quando disse que tanto faz um(Dilma) quanto o outro(Serra) estava se referindo ao aspecto de empatia, popularidade, mitismo de Lula.E é verdade, neste aspecto Dilma é a cara de Serra.Dificilmente nascerá um outro Lula na política brasileira e mundial.

No dia de hoje, comentando sobre o pronunciamento de Lula no dia de ontem, Ana Lúcia Andrade, colunista do Jornal do Comércio, insinuou que quando Lula afirmou, mais ou menos assim, que o rumo dado por ele ao Brasil não pode parar, quis dizer que para o brasileiro tanto faz votar em Dilma como em Serra.Não foi isso que Lula quis dizer.Boa parte da população já sabe que Dilma é a continuidade do governo Lula.Quando Lula fala em continuidade está se referindo à Dilma Rousseff.Todo mundo sabe que Serra é contra o PAC, contra o Mercosul, contra o Bolsa Família, contra o MST, contra os servidores públicos, contra os aposentados, contra a estatitazão de setores da economia.

Eu fico pensando:será que os jornalistas do PiG pensam que o povo é idiota?

Esses sabujos têm que entender que o candidato de Lula é Dilma, que Lula tem plena convicção que o modelo de governo do PT nada tem a ver com o modelo entreguista, subserviente, perseguidor do PSDB.

Jogo sujo:PT diz que ataques virtuais em site criado pelo PSDB “ferem a honra” de Dilma



R7.


A coordenação nacional do PT protocolou nesta sexta-feira (30) duas representações contra o PSDB devido a um site vinculado à sigla tucana com ataques à pré-candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff. Ao apresentar as ações, o deputado federal José Eduardo Cardozo, secretário-geral da legenda, disse que o domínio gentequemente.org.br “fere a honra” da ex-ministra da Casa Civil.

- O site foi criado para atacar a ex-ministra Dilma Rousseff, e fere a honra da nossa pré-candidata. Não podemos esse tipo de ação injuriosa.

Os petistas protocolaram duas ações judiciais contra o PSDB: uma por campanha antecipada, entregue ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral); e outra por prática de crime eleitoral, encaminhada ao Procurador Geral da República. Esta última, também direcionada a um dos coordenadores da campanha do pré-candidato José Serra, Eduardo Graeff, responsável pelo registro do domínio.

Para Cardozo, o fato de a página ter sido criada por um integrante da executiva nacional do PSDB mostra o tom que a disputa eleitoral terá. Ele admitiu que é difícil controlar o que a militância das legendas veicula na internet, mas criticou o modo "explícito" das ofensas à Dilma.

- A internet é território livre, não se pode controlar. Mas quando o partido assume um ataque como esse, está assumindo uma política rotulada de nível baixo.

Ao R7, Graeff negou a intenção de promover a baixaria online, e disse que intenção é “desmentir boatos”, como o de que o PSDB vai acabar com programas de Lula, como o Bolsa Família.

Na representação eleitoral, o PT pede a retirada do conteúdo do site - que se refere à Dilma como mentirosa - e a aplicação de um a multa, que pode variar de R$ 5.000 a R$ 25 mil. Segundo a legenda do presidente Lula, esta foi a primeira ação feita pela coordenação de pré-campanha. Porém, ao que tudo indica, a disputa na Justiça está apenas começando, como evidenciou Cardozo.

- O período de pré-campanha é onde o abuso mais acontece, porque você ainda não tem direito de resposta. [...] A luta nem começou e o outro lutador chega e te chuta nas 'partes sensíveis'.

Eixo do mal vai entrar com ação contra Lula

Os demotucanos dizem que não têm medo da polarização entre Lula e FHC, no entanto, cagan-se de medo quando Lula defende seu governo.Quero ver quando começar o guia eleitoral.

Oposição vai entrar na Justiça contra pronunciamento de Lula na TV

A oposição promete ingressar na semana que vem com representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por propaganda eleitoral antecipada por considerar que o petista usou o pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, na noite de ontem, para defender a candidatura de Dilma Rousseff (PT) ao Palácio do Planalto. Para a oposição, a frase de Lula de que o seu mandato está chegando ao fim, mas que "este modelo de governo está apenas começando" mostra que Lula fez campanha.

"O que fez o presidente ontem foi se utilizar da máquina pública para fazer o proselitismo eleitoral. A campanha foi explícita", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

A ideia é apresentar uma representação conjunta, assinada por PSDB, DEM e PPS, contra o programa de Lula no rádio e na TV. A assessoria jurídica dos partidos já está analisando o conteúdo do pronunciamento para elaborar a representação.

Coordenador da campanha de José Serra (PSDB), o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) disse que o programa foi "mais uma etapa" na ofensiva que Lula deflagrou para fazer campanha pró-Dilma. "Vamos analisar o que fazer."

O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PER), afirmou que a oposição tem que reivindicar o mesmo tempo concedido ao presidente para defender a candidatura de Serra. "Lula usou cadeia de rádio e TV oficial para fazer proselitismo eleitoral. O PPS estuda requerer na justiça tempo igual para a oposição", afirmou.

Pronunciamento

Sem citar as eleições ou a sua candidata à sucessão, o presidente declarou que o povo é "maduro" e "sabe escolher", por isso vai continuar a conduzir o Brasil "no rumo certo", em claro recado eleitoral. "Algo me diz que este modelo de governo está apenas começando. Algo me diz, fortemente, em meu coração, que este modelo vai prosperar", disse Lula.

"Este modelo não me pertence: pertence a vocês, pertence ao povo brasileiro. Que saberá defendê-lo e aprofundá-lo, com trabalho honesto e decisões correta."

Lula também aproveitou para alfinetar a oposição, que ele acusou de se contentar com o 'crescimento medíocre' da economia e de se conformar 'diante da exclusão social e da injustiça'.

"Nesses últimos anos, o povo aprendeu a confiar em si mesmo. Aprendeu a não dar ouvidos aos derrotistas e à turma do contra." Uol.

Ouçamos o Lula

PAC: O Brasil em desenvolvimento

O governo do Presidente Lula implantou a partir de 2003 um novo modelo de desenvolvimento econômico e social, com o objetivo de combinar crescimento da economia com distribuição de renda, proporcionando a diminuição da pobreza e a inclusão de milhões de brasileiros e brasileiras no mercado formal de trabalho. Um programa dessa magnitude só seria possível por meio de parcerias entre o setor público e o investidor privado, somadas a uma articulação constante com os estados e municípios.

O PAC rompeu barreiras e entre 2007 e o final de 2010 os investimentos devem chegar a 63,3% do total de recursos previstos, ou seja, R$ 403,8 bilhões dos R$ 638 bilhões. Segundo o balanço do PAC divulgado pelo Governo Federal, o setor que apresenta maiores avanços é o de habitação e saneamento, com 66,4% das obras concluídas. Portanto, dizer que o PAC não está acontecendo é uma inverdade. O PAC é um conjunto de ações articuladas pelo Governo, que além dos investimentos prima pela estabilidade econômica e pelo estímulo a vários setores da economia buscando aumentar sua competitividade. É um plano de médio e longo prazo.

No segmento de obras de logística, os investimentos foram de R$ 40,5 bilhões, sendo que R$ 27,7 bilhões foram aplicados em quase 5 mil quilômetros de rodovias. Já no setor de energia, o total de investimentos foi de R$ 72,4 bilhões, e R$ 23,8 bilhões foram destinados à exploração de reservas de petróleo e gás natural.

Esses investimentos estão distribuídos por todos os cantos do território nacional, produzindo desenvolvimento e reduzindo os desequilíbrios regionais. O PAC cumpriu com seus primeiros desafios executando obras na área social e urbana. Os recursos destinados à urbanização de favelas, saneamento, transporte urbano, recursos hídricos e eletrificação alcançaram até agora investimentos de R$ 176 bilhões. O programa Luz Para Todos beneficiou 11 milhões de pessoas.

No Paraná, muito embora a execução das obras não seguisse o ritmo pretendido pelo Governo Federal, os investimentos devem chegar a um total de R$ 29,6 bilhões dos recursos previstos, distribuídos em várias áreas, em especial, concessão, manutenção e sinalização de rodovias; ampliação da rede de transmissão de energia, sendo que o Programa Luz ParaTodos realizou 37.050 ligações; os programas de habitação receberam 7,6 bilhões de investimentos; pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Saneamento, a Sanepar empenhou até dezembro de 2010 cerca de 40,19% dos recursos previstos, sendo que o investimento total é de R$ 913 milhões — dos quais R$ 100 milhões são contrapartida do Governo do Paraná e da Sanepar.

Os recursos investidos no social, na rede urbana, em logística e no setor energético têm como principal objetivo proporcionar o desenvolvimento com inclusão social de milhões de brasileiros e brasileiras. Para continuar o que está dando certo o Governo Federal acaba de lançar o PAC 2 impulsionando o crescimento do Brasil.

O PAC 2 chega com a missão de manter a roda da economia girando, investindo em obras e ações que diminuem as desigualdades e gerem ainda mais qualidade de vida.

O Paraná também será beneficiado sendo que estão previstos quase R$ 5 bilhões de recursos federais em diversos projetos no estado até 2014. O PAC 2 prevê obras para a conclusão do trecho paranaense da BR-153, a pavimentação da Estrada Boiadeira entre Porto Camargo e Campo Mourão, a criação do corredor ferroviário Paraná-Dourados-Cascavel além de obras no canal de navegação da hidrovia do Rio Paraná. Obras em aeroportos e o trem bala Curitiba-São Paulo, além de inúmeros projetos em infraestrutura social.

O Programa de Aceleração do Crescimento retomou o planejamento e integrou ações do Estado com a iniciativa privada. É uma realidade que vem alcançando seus objetivos e desafios, beneficiando todas as regiões, recolocando o Brasil no cenário mundial e gerando oportunidades para brasileiros e brasileiras.

Gleisi Hoffmann é advogada e membro do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores
PT Org.

Eleições 2010: Pelo apoio eleitoral explícito



Venicio A. de Lima *


Não é novidade para ninguém que a imprensa – ou o de mais parecido com aquilo que hoje entendemos como tal – nasceu vinculada à política, aos políticos e aos partidos políticos.

Historiadores da imprensa periódica nos países onde primeiro floresceu – sobretudo Inglaterra, França e Estados Unidos – concordam que ela começou política e, numa segunda fase, se transformou em imprensa comercial, financiada por seus anunciantes e leitores, chamando-se a si mesma de independente.

Apesar de todas as peculiaridades históricas, não há distinção em relação às origens políticas e partidárias da imprensa no Brasil. Escrevendo especificamente sobre "as reformas dos anos 50 [que] assinalaram a passagem do jornalismo político-literário para o empresarial", Ana Paula Goulart Ribeiro afirma:

"O jornalismo que se desenvolveu, no Rio de Janeiro, a partir de 1821 [com o fim da censura prévia] era profundamente ideológico, militante e panfletário. O objetivo dos jornais, antes mesmo de informar, era tomar posição, tendo em vista a mobilização dos leitores para as diferentes causas. A imprensa, um dos principais instrumentos da luta política, era essencialmente de opinião." (Imprensa e História no Rio de Janeiro dos anos 50; E-Papers; 2007; p. 25).

Posição implícita

Estamos em ano eleitoral e os posicionamentos "implícitos" de apoio político partidário da grande mídia estão cada vez mais difíceis de simular. Os resultados comprometedoramente divergentes de pesquisas eleitorais, divulgados – ou omitidos – por institutos vinculados a diferentes grupos de mídia são apenas uma das muitas expressões públicas da partidarização crescente. Até mesmo a presidente da ANJ declarou que, sim, os "meios de comunicação estão fazendo, de fato, a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada" [ver, neste Observatório, "'Excrescências' do direito à comunicação"].

Não seria, então, democraticamente salutar que cada um dos veículos de comunicação do país explicitasse seu apoio eleitoral e abandonasse a falsa posição editorial de independência, como inusitada e corajosamente fez a própria presidente da ANJ?

O primeiro passo seria declarar: "Pelas razões x e y, apoiamos o candidato A, e não o candidato B". Ao assumir uma posição que já está implícita, tanto na pauta quanto no enquadramento de suas matérias, o veículo talvez ganhasse até mesmo em credibilidade, de vez que o leitor – que não é tolo – não se sentiria enganado.

Direito à informação e democracia

Há, no entanto, uma observação fundamental a ser feita. Seria salutar que jornais, revistas e concessionários do serviço público de rádio e televisão explicitassem editorialmente sua posição político-partidária. Se essa posição, todavia, contaminar deliberadamente a cobertura política, estará sendo violado o direito constitucional dos cidadãos de serem corretamente informados.


Declarar apoio político-partidário a candidatos em disputas eleitorais é comportamento rotineiro em democracias representativas e ajuda a tornar mais transparente todo o processo de disputa política. Isso não exime a grande mídia, no entanto, de seu compromisso ético e profissional com a verdade e o equilíbrio.

Na doutrina liberal, a informação correta, além de um direito do cidadão, serve de base primária para a formação de uma opinião pública autônoma e esclarecida, construtora das decisões do voto nas democracias.

Não é esse o compromisso fundamental da grande mídia?


Fonte:Portal Vermelho

Torturadores continuam impunes. Mas não perdoados


A decisão do STF desta quinta-feira envergonhou o País. A Lei da Anistia continua como está

Por Brizola Neto

O dia 29 de abril deve entrar para a história como uma data de vergonha para o Brasil. O dia em que a maior Corte do país recusou a oportunidade histórica de apagar uma mancha que continua a torturar centenas de famílias brasileiras. Enquanto outros países da América Latina, que também viveram sob ditaduras militares ferozes, processam, julgam e prendem torturadores e os que os comandaram, o Brasil continua ignorando sua história e fingindo que nada aconteceu.

Dois votos impediram que a dignidade humana fosse ferida de morte hoje no STF. Mas infelizmente, a maioria dos ministros acompanhou o voto do relator Eros Grau pela manutenção da Lei de Anistia, que veda a possibilidade de processar torturadores. Aqueles, que agindo em nome do Estado, torturaram, mataram e desapareceram com muitos brasileiros, continuam impunes.

Disse que estes votos salvaram a dignidade humana porque ela sobrevive mesmo a golpes absurdos como este. Regenera-se, recompõe-se e, algum dia em nossa historia, há de impor-se sobre o mesquinho pensamento de que uma discutível tecnicalidade da lei possa suplantar o sentido de convivência civilizada que é a finalidade do Direito. Deixo aqui meu reconhecimento à honradez dos ministros Ayres Britto e Ricardo Lewandovski, que condenaram o crime hediondo da tortura e o distinguiram, com clareza, dos crimes políticos que a Anistia perdoou. Derrotados hoje, seus votos vencerão o tempo como marcados pela coragem, pela justiça e pelo respeito ao ser humano.

A tortura é um crime imprescritível, o afirmam os tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário e, acima deles, a consciência humana. Nem mesmo o resultado triste da sessão de hoje do STF pode fazer com que este crime prescreva. Pode fazer com que os que o cometeram fiquem, mais que impunes, ocultos. Mas os dias os revelarão, cedo ou tarde.

Porque a vergonha é um estigma que não se apaga, senão pela verdade.

O roteiro de Golbery


Mino Carta

Parece-me ouvir a gargalhada borbulhante do general Golbery do Couto e Silva enquanto o Supremo Tribunal Federal nega a revisão da Lei da Anistia pedida pela OAB. Golbery é personagem a merecer estudos profundos na qualidade, em primeiro lugar, de imbatível conhecedor da alma dos privilegiados do Brasil. Sem dar-se conta disso, eles se portam conforme o figurino traçado por quem já foi tido como o Merlin do Planalto.


Não cabe, obviamente, enxergar em Castello Branco ou em Ernesto Geisel reencarnações do rei Artur. Não passaram de títeres nas mãos do seu chefe da Casa Civil. João Figueiredo lá pelas tantas, quando explodiram as bombas do Riocentro, tentou livrar-se do titereiro e conseguiu. Nem por isso escapou ao roteiro preestabelecido por Golbery. Com a inestimável contribuição de um professor gaúcho, Leitão de Abreu, que falava alemão mas não conhecia a alma dos privilegiados.

Protagonista brasileiro da guerra fria, atento ao descompasso entre as sístoles e diástoles da política nativa, Golbery criou a ideologia do golpe de 1964 e, a partir de dez anos depois, ditou as regras da distensão que virou abertura. Fatais a derrota das Diretas Já, a enésima consagração da conciliação das elites na Aliança Democrática e a eleição indireta de janeiro de 1985. Disputada por quem Golbery previamente escolhera, Tancredo Neves e Paulo Maluf.

Chamaram o que se seguiu de redemocratização. Da mesma forma, teimaram em batizar o golpe de revolução. Palavras sem significado, cultivadas por uma elite responsável pelo atraso do Brasil, a despeito das extraordinárias vantagens que a natureza conferiu ao País. Hoje, Golbery se riria com o aval que o Supremo dá à Lei da Anistia por ele excogitada e finalmente imposta pela ditadura.

O voto do STF agrada aos candidatos Dilma, Serra e Marina. Não há um, um somente, que se queixe. E não se exclua que os ministros do Supremo tenham votado pela manutenção – belas e inesquecíveis exceções Carlos Ayres Brito e Ricardo Lewandowski – na certeza de contribuir para a paz geral da nação em um ano eleitoral. O que move os senhores da corte, da política, da mídia? O inesgotável medo do retrocesso ou a inesgotável vocação conciliatória?

Busca-se a acomodação em proveito do status quo. Para tanto, qualquer marola é incômoda. Este pessoal deveria é ter medo de algo temido por Golbery: “Se as coisas continuarem como estão – dizia ele –, ainda acabaremos pendurados num poste, menos eu, que morro logo”. Pergunto-me se, no caso, era sincero. Pois a aposta dos destinatários da ameaça se faz até hoje na resignação do povo.

Alguns pronunciamentos da votação do STF soaram com clangor, elaborados a indicar estudo exaustivo, e demorados como os discursos de Fidel Castro. Propõe-se, a bem da sacrossanta verdade, reescrever a história do Brasil, sem entender que nada se constrói a caminho da contemporaneidade do mundo sobre alicerces podres, ao contrário do que fizeram outros países, em épocas diversas e até bem recentes. Temos de concluir, entretanto, que mais uma vez a história assume a versão dos vencedores. A ditadura, portanto, cujos efeitos perduram.

Impressionou-me especialmente o voto do ministro Eros Grau. Há quem me diga que ele se pronuncia, por exemplo, contra a extradição de Cesare Battisti porque, embora vítima de certas confusões em relação à história italiana, sente-se atingido nas entranhas pela perseguição por ele mesmo sofrida nos tempos da ditadura. O ministro agora sustenta que a anistia foi ampla, geral e irrestrita, e decidida em sintonia entre os torturadores e suas vítimas.

Grau chega ao desplante de citar Raymundo Faoro, um dos maiores pensadores do Brasil de sempre. Recordo a batalha travada por Faoro, então presidente da OAB, e posteriormente nas páginas da IstoÉ, que eu dirigia, contra uma lei destinada a envergonhar qualquer país aspirante à democracia. Hoje Raymundo, que esbanjava um ferino senso de humor, também cairia em uma gargalhada. Acre, entretanto. Como ensinou Spinoza, não tinha medo e tampouco esperança.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A melhor política externa brasileira


Por Emir Sader - Adital - do Rio de Janeiro


Celso Amorim foi chamado por um órgão da grande imprensa norteamericana como "o melhor ministro de Relações Exteriores do mundo". O que podemos certamente dizer que é o ministro de Relações Exteriores da melhor política externa que o Brasil já teve.

Tudo o que o governo Lula mudou da herança recebida, foi bom, foi para melhor, a começar pela política externa subserviente - aquela de tirar o sapato no aeroporto do império, do Celso Lafer. FHC levava o Brasil pelo caminho em que está o México hoje: o do Tratado de Livre Comércio com os EUA, intensificando ainda mais o comércio exterior com aquele que se tornou o epicentro da crise econômica internacional. O México tem mais de 90% do seu comércio com os EUA, ao invés da diversificação que o Brasil implementou e que faz com que hoje a China seja nosso primeiro parceiro comercial e tenhamos uma diversificação do comércio com a Ásia, a África, a América Latina, a Europa e os EUA.

Alckmin, em plena campanha eleitoral de 2006 - vejam o primeiro texto do blog, que abordava esse tema - saudava a vitória eleitoral (fraudulenta) do Calderón, no México, dizendo que esse era o caminho que deveríamos seguir. Isto é, os tucanos mantiveram essa orientação de ser aliados subservientes do império, cuja economia decadente leva a que a crise atual fizesse com que o México fosse de novo ao FMI - o que FHC fez três vezes no seu mandato.

Na reunião em que os EUA apresentaram a Alca, Hugo Chávez foi o único presidente americano a votar contra. FHC fez belo discurso -segundo o próprio Chávez-, mas votou com os EUA. Não fosse a vitória de Lula e a virada da política externa, o Brasil e todo o continente estariam na situação penosa do México, pelas mãos dos tucanos.

O Serra -que não foi convidado para o aniversario da Conceição, ligou e se autoconvidou, chegou com flores, recebido com toda a frieza, ao contrário da Dilma, convidada de honra, recebida com aplausos, de pé- quis tirar banca de progressista, dizendo que estaria "mais à esquerda de Dilma", porque ela não domaria o PMDB. (O problema é que ele não doma, nem quer domar, o PSDB.) Mas critica o Brasil em Honduras, no Irã, diz que vai tirar o país do Mercosul, só podendo colocar no lugar a relação privilegiada com os EUA, que os tucanos sempre tiveram e ainda pregam. Serra queria que tivéssemos a posição que teve o governo deles diante do golpe do Fujimori, de conivência e apoio?

A política externa brasileira faz do nosso país um país soberano e isso é insuportável para as elites tradicionais que se acostumaram à subserviência com as potências do centro do capitalismo, que consideram ter relações diversificadas no mundo uma desobediência com as orientações do Império.

Quando o antecessor dos tucanos no Ministério de Relações Exteriores do Brasil, Juracy Magalhães, afirmou "O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil" (sic), nenhum órgão da imprensa brasileira -esses mesmos que se transformaram em partidos do bloco tucano, diante da fraqueza dos partidos tradicionais da direita conforme confissão da executiva da FSP- divergiu, até aplaudiram. Não podem assim estar de acordo com uma política que afirma orgulhosamente nossa soberania inclusive diante do maior império da história da humanidade.

Serra disse que disse, que não disse, que não teria dito, mas que disse que quer bombardear o Mercosul, reduzi-lo às suas mínimas proporções, que era a situação no governo FHC de que ele participou durante todos os dois mandatos. O que colocar no lugar? O livre comércio com os EUA, certamente, o caminho do Chile - que o Serra sempre tomou como exemplo -, do México, do Peru, da Colômbia, os países com futuro mais comprometido no continente.

A política exterior do governo Lula promoveu a integração regional, privilegiou as alianças com o sul do mundo, diversificou nosso comércio exterior. Afirmou o nome do Brasil no mundo, em uma condição de prestígio e de respeito, como nunca tínhamos tido.

O que é bom para os tucanos, não é bom para o Brasil. A política externa soberana é condição para a política interna democrática e popular. O Brasil decide este ano se quer consolidar nossa posição no mundo e aprofundar a construção de um país justo ou se voltam os subservientes ao Império.

Emir Sader é filósofo, cientista político, escritor, autor de A Vingança da História, entre outros livros, e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), onde coordena o Laboratório de Políticas Públicas.

Dilma: País deve acabar com pobreza na próxima década

Desde que Zé Alagão não seja eleito, claro!

Agência Estado


Em discurso hoje a prefeitos, vice-prefeitos e vereadores de partidos que a apoiam, na região de Ribeirão Preto (SP), a pré-candidata à Presidência pelo PT, Dilma Rousseff, pregou a continuidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e afirmou que na próxima década, a partir de 2011, o País deverá iniciar um processo para exterminar a pobreza. "O presidente Lula construiu a base para isso", disse ela.

No entanto, não entrou em detalhes sobre qual a maneira que poderia colocar o desafio em prática. A ex-ministra da Casa Civil também enfatizou que a próxima década será a de universalizar serviços básicos - saneamento e habitação -, para que o Brasil mude de patamar.

Dilma, acompanhada do pré-candidato pelo PT a governador de São Paulo, Aloizio Mercadante, da pré-candidata do partido ao Senado, Marta Suplicy, e do deputado federal Antônio Palocci, que coordena a sua campanha à Presidência, destacou que pretende iniciar um nova era de prosperidade. "Queremos que seja permanente, não um voo de galinha, que tenta voar e cai", disse a ex-ministra.

Para ela, o Brasil precisa continuar crescendo de forma estável, contínua e sem regressões. Citou que o País, apontado pelas projeções econômicas internacionais como uma possível quinta potência mundial (atrás de China, Estados Unidos, Japão e Índia, mas à frente de países europeus), com lideranças nos setores petrolífero (com o pré-sal) e de etanol, por exemplo, terá que dar uma boa qualidade de vida ao povo.

Sem fazer críticas a adversários, mencionou que tem uma ideia fixa, que é melhorar a educação, da pré-escola à pós-graduação. Para isso, segundo ela, "os professores precisam de salários dignos e de formação continuada", e que as universidades não podem ser sucateadas.

Pregou ainda a universalização da banda larga de Internet para toda a população e não deixou passar a oportunidade de destacar o presidente Lula, citado com uma das personalidades mais influentes do mundo pela revista norte-americana Time. "Isso nos honra", disse a petista.


Ela ainda citou a versão do presidente norte-americano, Barack Obama, que disse que Lula "é o cara". "O problema é que ele (Obama) não sabe que o Brasil tem 190 milhões de caras, então temos que tratar cada cidadão como se fosse ''o cara''", discursou Dilma. E encerrou afirmando que não faria promessa, mas que tem o compromisso de fazer o melhor.

Repercussão

Mercadante também lembrou da eleição da Time em relação a Lula. "Temos um respeito internacional que o País jamais teve", comentou o senador, que, caso seja eleito governador de São Paulo, afirmou que pretende rever as tarifas de pedágios que estão sob administrações de concessionárias. "As tarifas em São Paulo são sete vezes mais caras do que as outras de pedágios do Brasil", disse Mercadante, acrescentando ainda os setores de saúde e educação. "Quero ser avaliado pela escola que eu vou deixar", discursou.

Antes do encontro com políticos da região (de PT, PMDB, PPS e outros partidos), Dilma passou pela Agrishow e também gravou entrevista na TV Clube, afiliada da Rede Bandeirantes. Ela falou sobre atuações do governo Lula na região e sobre a possibilidade de, caso eleita, investir no aeroporto local e também numa forma de escoar o etanol da região para outros centros.

Deixou para sua coordenação de campanha e para o PT o diálogo sobre o candidato a vice em sua chapa, esperando que a parceria com o PMDB seja consolidada, pois considera uma "aliança estratégica" na disputa eleitoral. Sobre a saída de Ciro Gomes da disputa, preferiu não fazer comentários. "É uma decisão do partido dele (PSB), e só reitero que tenho muita admiração e amizade pelo deputado federal Ciro Gomes", resumiu.

O povo aprendeu a lição de que, quando quer, pode fazer", diz Lula à LBC


Um dos grandes desejos do presidente Lula, para quando deixar a Presidência no Brasil, é viajar pelo continente africano de ônibus, conhecendo a realidade local, conversando com as pessoas e os governantes, procurando soluções para os seus principais problemas. Seria quase uma reedição das Caravanas da Cidadania que promoveu no Brasil em 1993 e 1994, quando era candidato à Presidência. A revelação foi feita semana passada em entrevista concedida à TV libanesa LBC.

Pretendo dedicar um pouco do meu aprendizado para ver se presto um serviço à África. É só sonho, por enquanto, não tenho nada construído, mas eu por exemplo sonho em pegar um ônibus num país africano e atravessar a África, conversando com as pessoas e conversando com os governantes. Vamos ver se há condições de fazer.

Também falou sobre a popularidade de seu governo, a sucessão presidencial deste ano, o combate à corrupção e à fome, a paz no Oriente Médio e a nova ordem econômica mundial, entre outros temas.

Para ver a íntegra da entrevista em vídeo, clique aqui (divido em 6 partes).

Ao ser convidado pelo entrevistador a dar uma mensagem ao povo brasileiro, o presidente Lula se emocionou ao afirmar que, ao deixar a Presidência, sabe que vai encontrar muitos companheiros e amigos “porque eu não perdi a minha relação com meus companheiros”.

Com lágrimas nos olhos, disse: "Eu sei o quanto nós sofremos para chegarmos na Presidência da República, eu sei o quanto nós fomos atacados, eu sei depois o quanto as pessoas mentiram a respeito do nosso governo. Tinha gente que pensava que a gente tinha acabado para a política. E nós vamos chegar ao final do nosso governo com uma performance eu diria inusitada na história política desse País. Isso me dá muito orgulho. Eu, se não fizer mais nada, se eu morresse agora, o povo brasileiro teria aprendido uma lição. Sabe aquela frase do Obama ‘Nós podemos’? Aquela frase é do povo brasileiro: Nós podemos. E quando o povo quer, o povo pode fazer muito mais. Eu sou apenas isso, eu sou a cara do que é possível um cidadão, que acredita na luta, fazer".

Para ler sua transcrição também na íntegra, clique aqui.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

SEGREDO DA POPULARIDADE

O segredo da nossa popularidade são os acertos das políticas públicas, das políticas sociais e da política econômica que estamos colocando em prática no Brasil. Eu tinha muita clareza de que quando o Brasil elegeu um torneiro mecânico para ser presidente da República, o Brasil tinha que dar certo porque se não desse certo iria demorar mais 100 anos para um trabalhador, um operário chegar à Presidência da República. Então eu trabalho todo esse tempo com a cabeça muito firme, com uma convicção de que o Brasil tem que dar certo, que o povo tem melhorar de vida, para que a gente possa provar à sociedade brasileira, aos trabalhadores, aos intelectuais, aos empresários, ao mundo, que um operário saído de dentro de uma fábrica pode governar um país do tamanho do Brasil. E as coisas deram certo.

ELEIÇÕES 2010/SUCESSÃO

Eu tenho uma candidata. E essa candidata obviamente que me ajudou a elaborar o programa e portanto é co-participante do sucesso que o governo vive no momento. Eu a indiquei porque é uma pessoa da maior capacidade, uma pessoa com capacidade de gerenciamento extraordinária, uma pessoa de uma lealdade fantástica e uma pessoa que está gabaritada para dar continuidade, aprimorar, melhorar e fazer mais do que nós fizemos nesses oito anos. Por que? Porque o paradigma que ela tem para começar a trabalhar é diferente do que tive para começar a trabalhar em 2003. O Brasil está melhor – está melhor na educação, está melhor na saúde, está melhor no emprego, está melhor no salário, na distribuição de renda, a economia brasileira está melhor, o Brasil é mais respeitado no mundo hoje. Então, a pessoa que vier depois de mim vai pegar um Brasil muito mais estruturado, muito mais preparado do que o Brasil que eu herdei. E eu estou convencido de que, quem quer que seja que ganhe as eleições para presidente no Brasil, vai pegar um Brasil muito melhor e portanto pode fazer mais. E eu tenho também a convicção que é a minha candidata quem vai ganhar as eleições.

FALTA DE EXPERIÊNCIA DA CANDIDATA DILMA ROUSSEF

É o que falavam de mim. ‘O Lula nunca governou’, ‘O Lula não tem experiência’, ‘O Lula não fala inglês’, ‘O Lula não tem diploma universitário’, falaram isso de mim durante 12 anos. Até que um dia o povo falou ‘deixa eu dar uma chance para esse brasileiro’ e me deu a chance. E era o que eu precisava para provar que nós estávamos preparados para montar uma boa equipe e estávamos preparados para fazer uma boa governança no Brasil. (…) Acho que a ministra Dilma já venceu muitos preconceitos, a doença dela não existe mais, descobriu no começo e resolveu o problema, e ela está do ponto de vista intelectual e do ponto de vista gerencial, do ponto de vista administrativo ela está perfeita para governar o Brasil. E eu acho que ela é a grande possibilidade que nós temos de dar continuidade. Não é que eu tenho certeza de que ela vai ser eleita, porque primeiro eu tenho que respeitar a vontade do povo brasileiro no dia das eleições. Eu tenho a convicção de que ela pelo fato de ter as melhores condições de governar o Brasil, pelo fato de ela ter as melhores condições de dar continuidade ao que nós estamos fazendo, ela tem mais chances de ganhar as eleições.

COMBATE À CORRUPÇÃO

A certeza que o povo brasileiro tem é que nunca na história do Brasil um governo trabalhou tanto para apurar as denúncias de corrupção como o nosso governo. Nunca. Antigamente era fácil não aparecer muita corrupção no jornal porque você ficava jogando ela para debaixo do tapete. Nós simplesmente duplicamos o número de policiais federais, duplicamos o orçamento do Ministério da Justiça, para que a gente pudesse investir em inteligência, para que a gente pudesse investigar. Nós melhoramos e qualificamos a Controladoria-Geral da República e 90% das denúncias são feitas pelo governo. É a CGU quem faz a investigação em cada Ministério, em cada obra, que manda para o Tribunal de Contas da União (TCU) e que manda para a Polícia Federal. Portanto grande parte das denúncias de corrupção elas são feitas por nós.

LEI DE ANISTIA

O problema não é ser contra ou ser a favor. O problema é garantir que este País tenha sua história contada da forma mais verdadeira possível. Ninguém quer fazer caça às bruxas, ninguém quer ficar remoendo o passado. Agora, é muito difícil você querer que uma mãe, que perdeu seu filho e não sabe onde ele está, não queira encontrar o corpo de seu filho para enterrar. Então é por isso que estamos propondo a Comissão da Verdade, que vai ser aprovada pelo Congresso Nacional da forma mais democrática possível. Nós não queremos mexer na lei da Anistia, ela foi aprovada por consenso no Congreso Nacional, o que nós queremos apenas é contar ao Brasil o que aconteceu da forma mais verdadeira possível. Ninguém efetivamente tem que ter medo da Comissão da Verdade, ninguém tem que ter medo da verdadeira história – quem errou, pagou. É assim que a gente consolida a democracia no País. Eu não quero morrer num País em que sua história tenha sido contada pela metade, eu quero que sua história seja contada em seu todo.

IRÃ E PAZ NO ORIENTE MÉDIO

Eu acho que a guerra não conduz a nada, conduz a destruição, e eu sou um homem de paz. Como eu acredito que nós temos que ter argumento para mostrar ao mundo, com muita autoridade moral, aquilo que o Brasil fez. O Brasil é o único país do mundo que tem na sua Constituição a proibição de armas nucleares. O que eu quero para o Irã é o mesmo que eu quero para o Brasil. Eu quero dizer para o presidente Ahmadinejad que ele deveria concordar com a proposta da Agência (Internacional de Energia Atômica – AEIA), que propôs a ele um determinado rito de enriquecimento de urânio, que eu acho que era mais importante. Até para que a gente possa continuar avançando no mundo diplomático.

Qual é a minha preocupaçao? A minha preocupação é que o bloqueio ou as sanções que a ONU quer impor não vai trazer nenhuma solução. Vai apenas trazer radicalização. Como eu acredito na política, como eu acredito no diálogo, eu vou ao Irã conversar com o presidente Ahmadinejad. Conversamos com o primeiro-ministro da Turquia que tem a mesma posição política nossa, conversamos com Israel, com Palestina. (…) Por isso eu quero conversar com todos os interlocutores, porque também não pode ser primazia desse ou daquele país cuidar da paz. Se há 20, 30 ou 40 anos, os interlocutores que estão negociando não conseguem a paz, eu acho que é preciso colocar mais interlocutores, colocar gente nova, outros discursos, outras propostas, para que a gente possa chegar a um acordo. É nisso que o Brasil acredita. (…) Parece que tem gente que tem ciúmes que o Brasil esteja interessado em participar de conversas porque entendemos que temos argumentos sobretudo pela harmonia em que vivem no meu País árabes e judeus. Esse país é exemplo de convivência harmônica da comunidade árabe e da comunidade judaica. Esse exemplo eu quero levar para o mundo.

REFORMA DA ONU

O Brasil tem brigado para que se faça uma reforma no Conselho de Segurança da ONU. O Conselho de Segurança da ONU hoje representa, sobretudo os membros permanentes do Conselho de Segurança, a geografia política de 1948. Não representa a geografia política de 2010. É preciso que a África esteja representada, o Brasil esteja representado – e outros países da América Latina -, a Índia esteja, a Alemanha esteja, o Japão, que a África possa ter três representantes, para que você tenha gente que possa representar dignamente a nova geopolítica do mundo.

ATUAÇÃO BRASILEIRA NO EXTERIOR

O Brasil não tem vocação imperialista. O Brasil tem uma vocação de construir parcerias nas suas relações bilaterais e nas suas relações internacionais. Nós acreditamos no funcionamento das instituições multilaterais e por isso eu digo sempre que não adianta o Brasil crescer se os países vizinhos não crescerem. É preciso que a gente cresça junto. É preciso que cresça o Brasil, mas cresça a Argentina, o Paraguai, o Uruguai, a Venezuela, a Bolívia, a Colômbia, o Equador, o Chile, todos crescendo, todos terão o que distribuir para seu povo. É assim que nós trabalhamos e é por isso que o Brasil tem um forte investimento em infraestrutura em toda a América do Sul, porque nós queremos fazer um processo de integração com rodovias, ferrovias, telecomunicações, energia, para que a gente possa ser um continente forte e um continente rico.

NOVA ORDEM MUNDIAL

Quando foi feita a primeira reunião do G20, todos os países estavam de acordo de que era preciso discutir uma nova ordem econômica mundial, de que era preciso controlar o sistema financeiro, de que era preciso acabar com os paraísos fiscais, de que era preciso fazer um certo ordenamento na política cambial para que todos os países pudessem ter um certo equilíbrio. Que a gente defendesse a liberdade de um livre comércio de verdade, que a gente mudasse a forma de ser do FMI e do Banco Mundial, com uma nova organização, mais países participando. Tudo isso ainda não aconteceu. O meu ministro estará participando nesses próximos dias da reunião do G20 financeiro e eu estarei no Canadá para discutir a reunião do G20 político. E aí é que nós vamos fazer um balanço, o que aconteceu efetivamente? O Brasil fez a lição de casa. O Brasil praticou o livre comércio. Por isso que a economia brasileira cresceu, porque em vez de fechar a economia, nós abrimos crédito, os bancos públicos brasileiros têm uma importância muito grande, no financiamento de casa, no financiamento de carro, no financiamento de empresa.

COMBATE À FOME E À POBREZA

Eu estou muito orgulhoso porque certamente o Brasil vai cumprir todas as Metas do Milênio determinadas pela ONU. Isso para mim é motivo de orgulho. Segundo, porque o que nós estamos fazendo poderia ter sido feito há 50 anos. Veja uma coisa interessante: em 100 anos a elite brasileira fez apenas 140 escolas técnicas profissionais. Eu em oito anos vou fazer 214. Ou seja, em oito anos eu vou fazer uma vez e meia o que eles fizeram em um século. Nós estamos fazendo 14 universidades novas, nós criamos um programa chamado ProUni que já colocou na universidade este ano 726 mil alunos pobres da periferia, fazendo universidade. Já fizemos 105 extensões universitárias. Portanto o Brasil nunca teve a quantidade de jovens com perspectiva de estudar e se formar como está tendo agora. É por isso que eu acredito que a próxima geração será altamente mais qualificada que a minha geração. E isso me deixa muito feliz porque significa que o Brasil se encontrou com o seu caminho e acho que o povo brasileiro merece o que está acontecendo no País.

LIÇÕES DA POLÍTICA

Aprendi muito com as minhas três derrotas em eleições (presidenciais). E agora aqui no governo eu consegui o meu doutorado. Porque o que eu aprendi aqui no governo vai me permitir poder não só ajudar outras pessoas, mas eu quero viajar o continente africano, a América Latina, os países mais pobres, tentando colocar a nossa experiência, o sucesso da economia brasileira para que outros países sigam um caminho parecido. Porque muitas vezes os dirigentes ficam discutindo que não tem dinheiro, mas o problema não é só dinheiro. O problema é o seguinte: o pouco dinheiro que você tem, como é que você distribui ele de forma justa. Como é que você faz com que esse dinheiro chegue na mão de todos? Quando eu criei o Bolsa Família no Brasil, a elite brasileira dizia que era esmola. Quando veio a crise econômica, quem sustentou o Brasil foi o povo pobre que consumiu mais do que a classe A/B. As classes D e E consumiram mais do que as classes A e B. Ou seja, enquanto os mais ricos se acovardaram, o povo pobre foi ao shopping e segurou a economia brasileira.

VIDA PÓS-PRESIDÊNCIA

Eu não sei o que vou fazer. Uma coisa eu digo para você que eu gostaria de fazer: visitar o Líbano sem ser presidente da República. Para conhecer o Líbano sem o aparato de segurança, conhecer todas as cidades, comer um bom ‘charuto’, um bom kibe, quem sabe eu faça isso? Mas eu pretendo dedicar um pouco do meu aprendizado para ver se presto um serviço à África. É só sonho, por enquanto, não tenho nada construído, mas eu por exemplo sonho em pegar um ônibus num país africano e atravessar a África de ônibus, conversando com as pessoas, e conversando com os governantes. Vamos ver se há condições de fazer. Quando eu terminar o mandato, eu já estarei com 65 anos. E quando a gente vai ficando depois dos 60, cada ano vai diminuindo um pouco o ímpeto da gente em fazer as coisas. A idade vai pesando. Mas eu me considero ainda com muita energia para fazer muita coisa. Eu sou político por natureza, não vou parar de fazer política, a única coisa que eu não quero é ficar dando palpite no governo aqui no Brasil. Quem ganhou vai governar, eu vou cuidar de outras coisas.

Rei morto, rei posto. Não existem exemplos na história de um ex-presidente ficar dando palpite na vida do novo presidente. Não dá certo.

O QUE DIRÁ AO POVO NA DESPEDIDA

Eu diria o seguinte: o meu maior orgulho ao deixar a Presidência da República, ao descer a rampa do Palácio do Planalto, chamar todas as pessoas que estarão lá de companheiros. Tenho consciência de que vou voltar para onde eu saí. Eu tenho consciência de quem são os meus amigos verdadeiros, quem são os meus amigos do mandato – se bem que alguns amigos do mandato se tornaram amigos verdadeiros -, mas eu sei onde está meu mundo. Esse é o maior legado meu. É poder encontrar um companheiro e falar ‘Boa tarde’ ou ‘Boa noite, companheiro’ e ser tratado como companheiro. E eu acho que vou conseguir isso, porque eu não perdi a minha relação com os meus companheiros. (lágrimas nos olhos). É porque sempre uma coisa difícil, eu sei o quanto nós sofremos para chegarmos na Presidência da República, eu sei o quanto nós fomos atacados, eu sei depois o quanto as pessoas mentiram a respeito do nosso governo. Tinha gente que pensava que a gente tinha acabado para a política. E nós vamos chegar ao final do nosso governo com uma performance eu diria inusitada na história política desse País. Isso me dá muito orgulho. Eu, se não fizer mais nada, se eu morresse agora, o povo brasileiro teria aprendido uma lição. Sabe aquela frase do Obama ‘Nós podemos’? Aquela frase é do povo brasileiro: Nós podemos. E quando o povo quer, o povo pode fazer muito mais. Eu sou apenas isso, eu sou a cara do que é possível um cidadão, que acredita na luta, fazer.

Blog do Planalto


Só faltava essa

Ao comentar acerca da indicação de Lula , pelo NYT, como o estadista mais influente dos Planetas Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno, Plutão, Éris, disse o escroque Àlvaro Botox Dias:


"Esse tipo de evento (eleição dos mais influentes) fica sob suspeição sob o meu critério de análise"".

Ora, qual é o critério de análise desse filho da puta?


O cara é muito idiota, viu? Vai à merda tucano invejoso.Deixa Lula em paz, deixa o Brasil em paz.

André Vargas: PSDB é coautor do assassinato de reputações na internet


Blog Viomundo http://www.viomundo.com.br/

O jogo sujo na rede contra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à presidência da República, e o seu partido, está aumentando em quantidade e intensidade.

Na madrugada de 12 de abril, o site do PT foi invadido. Ficou um dia inteiro fora do ar. Ao acessá-lo, muitos usuários tiveram seus computadores infectados por vírus. Em 14 de abril, nova invasão. Além de os crackers terem pichado a capa com dizeres favoráveis a José Serra, candidato do PSDB, redirecionavam o usuário para um blog apoiador do tucano.

Em 18 de abril, a TV Globo colocou no ar o jingle do aniversário dos 45 anos da TV Globo. Embutia, de forma disfarçada, propaganda favorável a Serra. Na terça-feira (27), o deputado federal José Carlos Alelulia (DEM-BA) embarcou na demonização de Dilma, mas se deu mal.

A outra investida suja foi no site oficial do PSDB, que dá link para um outro – também registrado em nome do partido – intitulado “Gente que mente”, dedicado a atacar pessoalmente Dilma e os petistas.

“Ao dar espaço no seu site para um blog que ataca de forma virulenta a Dilma, tentando estigmatizá-la, o PSDB assina oficialmente a baixaria”, denuncia o deputado federal André Vargas (PT-PR), secretário nacional de Comunicação do PT. “Já pedimos ao nosso departamento jurídico o estudo de medidas judiciais cabíveis. O PSDB é coautor desses crimes de assassinato de reputações.”

“Os ataques na internet e o episódio do jingle dos 45 anos da Globo já mostraram que os adversários estão dispostos a tudo”, prossegue Vargas. “Se agem assim em abril, já imaginou a baixaria que adotarão em agosto, setembro, outubro? Temos de estar atentos o tempo inteiro e reagir rápido.”

Confira abaixo a íntegra da entrevista do secretário ao blog Viomundo:

Viomundo – O PT está há 7 anos no poder. A mídia corporativa esconde as realizações federais, distorce ou mente sobre elas. Ao mesmo tempo, basta ligar TV, rádio, abrir jornais e revistas, para encontrarmos montes de anúncios do governo federal, Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal. É masoquismo?

André Vargas – Todos os meios de comunicação já existiam à época da ditadura. E se constituiu consenso de que é preciso anunciar na mídia independentemente do posicionamento político. Se você pega o governo do Fernando Henrique Cardoso (PSDB), havia sintonia entre o projeto neoliberal do ex-presidente e aquilo que o setor privado desejava. O nosso governo não é neoliberal, também não podemos dizer que é socialista. É um governo social-democrata preocupado com o bem-estar social, com a soberania e que entende o papel do estado na realização do projeto nacional de desenvolvimento. Boa parte do setor privado, mesmo ganhando muito dinheiro, mantém na cabeça ideias, como “o mercado resolve”, “estado mínimo”. Concorda com a crítica do Serra de que “nós estamos fazendo o Estado crescer muito”, “não tem sentido o governo criar novas universidades federais”. Isso repercute nas linhas editoriais, dois anunciantes de peso na mesma linha. Na verdade, os meios de comunicação ainda têm o coração lastreado nos princípios do governo anterior. Nesse contexto, como o governo federal não vai anunciar? Seria muito incompreendido no Brasil de hoje. Mas o governo está fazendo uma inversão na distribuição das verbas publicitárias. Na semana passada O Estado de S. Paulo disse que os gastos do governo Lula com publicidade cresceram 40% em seis anos. Mas “esqueceram” de dizer que são apenas 10% maiores que o maior gasto do governo FHC. Temos dissintonia de visão do setor público e privado e ao mesmo tempo distribuição mais democrática. Isso contraria interesses.

Como é a distribuição das verbas publicitárias?

No período FHC eram divididas entre 260/270 veículos de comunicação. Hoje, entre aproximadamente 2.500. Proporcionalmente os investimentos na chamada grande imprensa diminuíram. Está-se investindo em veículos pequenos no interior do país, que, antes, não recebiam nada. A internet também teve algum investimento. Ainda é pequeno, mas já cresceu. A ideia de democratizar fere os interesses dos grandes meios de comunicação. Na prática, o “bolo” é quase do mesmo tamanho da época do Fernando. Só que, agora, é dividido em 2.500 pedaços, antes, em menos de 300. É um critério técnico. É a democratização dos anúncios do governo.

Como senhor explica o fato de PT e o governo raramente reagirem com firmeza quando atacados? É medo, contemporização ou resignação?

O PT apanhou bastante ao longo da sua história, mas os episódios de 2005 deixaram o pessoal aturdido. Nunca se viu uma mobilização midiática tão grande contra um governo, contra um partido, estigmatizando-os. Isso não quer dizer que os erros do PT não têm de ser analisados pela mídia. Devem, sim. Mas o que reivindicamos é isonomia: tratamento idêntico para problemas idênticos. É só observar a cobertura da enchente em São Paulo para ver a discrepância. Quando a Marta estava no governo, era a maior ripa todo dia. Nas enchentes de dezembro de 2009 e começo de 2010, parecia que não tinha governador. O Serra sumiu do noticiário. A população acabou sendo a culpada.

Publicar informação correta não é favor; é obrigação de toda a mídia. Ao deixar de responder à altura, vocês não estariam contribuindo para desinformar a sociedade e, ao mesmo tempo, estimular a oposição a bater à vontade, já que ela conta com o apoio da mídia corporativa?

Uma coisa é o governo. Outra coisa, o partido político. No Brasil, a área de comunicação é uma das que mais resistem à democratização. Veja a reação dos grandes veículos à Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). As emissoras de televisão e de rádio não se vêem como concessão pública. Mas, realmente, o governo e o partido poderiam ter entrado mais nesse debate. Precisamos usar todas as alternativas democráticas de comunicação. No próprio PT, muita gente ainda não se deu conta do papel que a internet terá nesta eleição. O cidadão vai poder interagir com a informação no momento em que ela está sendo construída e não só depois de pronta, no final do dia, após os telejornais. Reconheço que a sociedade está mais esclarecida sobre o que estamos fazendo por ação da internet. Graças à internet, aliás, muitos factoides foram desmascarados. Se dependêssemos da grande imprensa, estaríamos fuzilados.

A eleição deste ano promete muito golpe abaixo da cintura, e a mídia tradicional terá papel central. O que os senhores pretendem fazer?

Nós sabemos disso e estamos nos preparando para acompanhar, juridicamente, todas as possibilidades que os meios de comunicação têm de manipular as informações. Assim como nós estamos acompanhando a questão das pesquisas. Nós temos de estar muito vigilantes nestes meses agora – abril, maio, junho e julho – que não temos horário político. E como o Serra é o candidato bem tratado pela mídia, será favorecido em termos de espaço e/ou melhor exposição. Depois, vem o horário político e os tempos e espaços terão de ser iguais. Daí o desespero por parte dos aliados do José Serra de abrir larga vantagem agora. Aí, tentam construir uma imagem irreal dele e desconstruir a nossa candidatura. A tática da oposição será inclusive tirar o presidente Lula da eleição.

De que forma?

A nossa força é a relação do Lula com a população. Então, vão dizer que é abuso de poder político, que o Lula é o presidente, que ele não pode dar declaração… Essa é a estratégia da oposição capitaneada pela mídia. Como o presidente Lula já disse que fará campanha nos finais de semana, vão questionar: “Como ele vai separar o que é a presidência e o que é campanha?”. O episódio do jingle dos 45 anos da Globo mostrou que estamos atentos. Reclamaram, mas nós fizemos o que achávamos certo. E vai ser assim. Tem de ser assim. Vigilância total. E com rapidez. Na hora.

Como foi?

O Marcelo Branco, responsável pela campanha da Dilma na internet, enviou um twitter, avisando que o tal jingle embutia, de forma disfarçada, propaganda favorável a José Serra. No ato, apoiei o que ele fez e retwitei. O episódio do jingle mostrou que os adversários estão dispostos a tudo. Portanto, temos de estar atentos o tempo inteiro e reagir rápido. Entre a noite de domingo e a manhã de segunda-feira, a mensagem do Marcelo foi retwitada para mais de 100 mil internautas. À noite, por várias razões, inclusive a reação na rede, o anúncio foi tirado do ar. O Marcelo Branco não foi criticado pelo PT, ao contrário da Folha noticiou. A campanha tem uma direção, mas é nosso dever reagir também. Na terça-feira, dia 19, nós tivemos uma reunião da Executiva Nacional do PT e todas as falas sobre o assunto foram positivas.

O senhor acha que a blogosfera fará a diferença nesta eleição?

Não tenho a menor dúvida. Não interessa ao Brasil uma eleição judicializada, mas pode interessar à oposição. A oposição, aliás, já está judicializando o processo. É um caminho mais tortuoso, pois depende da cabeça de cada juiz. A oposição prefere a judicialização, pois não quer o debate, não quer a movimentação, não quer que o presidente Lula expresse a sua oposição.

O PT não fará nada contra a judicialização?

O PT de São Paulo já moveu uma ação e estamos nos preparando para essa batalha jurídica. Uma coisa é certa: não vamos entrar em baixarias.

E a militância? Muitos reclamam que o PT se afastou das bases, da rua…

A mobilização física é importante. Mas a mobilização pela internet talvez vá ser muito mais importante. E ela vai muito mais visível daqui em diante porque o PT e a esquerda têm conteúdo político, temos organizações sociais que atuam nas várias questões cruciais: gênero, meio ambiente, raciais, cotas, saúde, trabalhador…

Nós temos informação de que a oposição está preocupada com a blogosfera independente, que defende a informação correta, adequada, ética e verdadeira, os movimentos sociais, a democratização dos meios de comunicação. Fala-se que a oposição e seus aliados teriam como estratégia o sufocamento, o cerceamento e a intimidação desses blogues e sites progressistas. O que acha disso?

Nós temos de continuar garantindo à internet a liberdade de expressão, para que as informações verdadeiras cheguem à sociedade. Pelo Congresso Nacional, tentativas de restrição não passam. Não há ambiente propício a isso. Talvez tentem pelo Judiciário, mas acredito que não consigam seus objetivos. Mas temos, de novo, de ficar atentos. Caso tentem sufocar esses blogues e sites, nós teremos de ter uma reação dura da cidadania. Por isso, a gente de tem de estar mobilizado. A nossa força é a nossa mobilização. Se nós nos apropriarmos da internet, como aconteceu nos EUA, vamos ter condições de manter governos mais ousados, avançar mais nas conquistas sociais e insistir mais na liberdade de imprensa verdadeira.

Fernando Ferro:Reconhecimento da liderança do presidente Lula orgulha brasileiros

Os demotucanos não pensam assim.

A competência e a simplicidade com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem governado o Brasil nesses últimos oito anos e o papel que ele exerceu nos debates políticos travados neste período são responsáveis pelo projeção mundial do país e pela sua influência junto às comunidades internacionais. A avaliação é do líder do PT na Câmara, deputado Fernando Ferro (PE), ao comentar nesta quinta-feira (29) a indicação do presidente Lula como o líder mais influente do mundo, pela revista Time.

Lula encabeça o ranking de 25 nomes eleitos pela publicação americana, bem à frente do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que ocupa a quarta colocação.

A escolha de Lula, segundo o deputado Fernando Ferro, evidencia o momento da vida política nacional e a importância do Brasil no cenário das nações do mundo. O líder petista enfatizou que a o reconhecimento do presidente Lula como a personalidade mais influente do ano de 2010 é motivo de orgulho para os brasileiros, em especial para os petistas e para os pernambucanos. Ele destacou a origem humilde do presidente Lula, as condições adversas enfrentadas por ele enquanto cidadão e a sua luta na construção do seu projeto político. "Um trabalhador de origem pobre que soube trilhar o caminho da construção política até chegar à Presidência da República.

Do menino pobre do agreste pernambucano à liderança de uma nação, que se projeta, cresce e que agora é reconhecida pelo papel que desempenha no continente e no mundo", ressaltou.

A escolha de Lula como mais influente do mundo pela revista Time, continua Fernando Ferro, "é o reconhecimento internacional da importância do nosso Presidente da República que, sem sombra de dúvida,s já inseriu seu nome no quadro dos grandes estadistas do continente e do país".

Preconceito

A homenagem da Time, na avaliação do líder do PT, reforça uma condição política de cidadania "que combate ferozmente o preconceito, toda a virulência a que temos assistido de setores da imprensa e de comentários que sempre tentaram desqualificar de maneira preconceituosa o presidente Lula. Todas as tentativas de diminuí-lo, de desconsiderá-lo, que são efetivamente gestos menores, lastimáveis de pessoas sem senso de democracia, de cidadania e de respeito à pessoa humana", desabafou.

Fernando Ferro concluiu afirmando que espera que setores da mídia brasileira que ainda ignoram a importância do presidente Lula possam também reconhecer "o triunfo da sua gestão e a sua perseverança para atingir o que atingiu e que é, hoje, reconhecido internacionalmente".

Estadista

O deputado José Genoino (PT-SP) também destacou em plenário a escolha de Lula como mais influente do mundo. "A escolha é uma demonstração da força do Brasil, do êxito das políticas e articulações do presidente Lula na política externa brasileira".

Segundo Genoino, a Time, com a escolha, reconhece a presença notável do presidente Lula nos principais acontecimentos e fatos internacionais e do papel que ele vem desenvolvendo como "estadista e líder político na condução desse projeto de inclusão social, crescimento com distribuição de renda, articulação das nossas políticas públicas com a defesa da soberania e do papel protagonista do Estado brasileiro".

A notícia, segundo Genoino, mostra a força e o prestígio do Brasil e "derrota todos os pessimistas e críticos que ao longo desses quase 8 anos do Governo Lula fizeram piadas e tentaram, a todo custo, descredenciar o presidente Lula como grande líder político e chefe de Estado".

Liderança do PT/Câmara

Michael Moore: o que Lula tem a ensinar para os Estados Unidos


Quando os brasileiros elegeram Luiz Inácio Lula da Silva presidente pela primeira vez, em 2002, os capitalistas selvagens do país checaram, nervosos, os medidores de combustível de seus jatos particulares. Eles tinham transformado o Brasil em um dos lugares mais desiguais do planeta e agora parecia que tinha chegado a hora da revanche.

Por Michael Moore*, na revista Time


Lula, 64 anos, era um verdadeiro filho das classes trabalhadoras da América Latina — na verdade, um dos membros fundadores do Partido dos Trabalhadores — que já havia sido preso por liderar uma greve.

Quando Lula finalmente conquistou a Presidência, após três tentativas frustradas, já era uma figura conhecida na vida nacional brasileira. Mas o que o levou à política, em primeiro lugar? Foi sua experiência pessoal de como os brasileiros têm que trabalhar duro para sobreviver? Foi ter sido forçado a abandonar a escola depois da quinta série para sustentar sua família? Foi ter trabalhado como engraxate? Foi ter perdido parte de um dedo em um acidente de trabalho?

Não. Foi quando, aos 25 anos, viu sua esposa, Maria, morrer durante o oitavo mês de gravidez, junto com o filho, porque não podiam arcar com cuidados médicos decentes.

Há uma lição aqui para os bilionários do mundo: deem ao povo boa assistência médica, e ele causará muito menos problemas.

E aqui está uma lição para o resto de nós: a grande ironia da Presidência de Lula — ele foi eleito para um segundo mandato em 2006, que se encerra no final deste ano — é que, enquanto ele tenta levar o Brasil ao Primeiro Mundo, com programas sociais como o Fome Zero, que visa acabar com a fome, e com planos para melhorar a educação oferecida aos membros da classe trabalhadora do Brasil, os Estados Unidos se parecem cada vez mais com o antigo Terceiro Mundo.

O que Lula quer para o Brasil é o que costumávamos chamar de sonho americano. Nós, nos Estados Unidos, em compensação, onde o 1% mais rico possui mais do que os 95% mais pobres somados, estamos vivendo em uma sociedade que está rapidamente se tornando mais parecida com o Brasil.

* Michael Moore é cineasta. Dirigiu Tiros em Columbine, Fahrenheit 11 de Setembro e Sicko — $O$ Saúde, entre outros filmes.

Fonte:Vermelho

Correndo do pau

Serra se recusa a responder pergunta sobre juros


O pré-candidato do PSDB à Presidência da República se recusou a responder uma pergunta sobre a taxa de juros no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em coletiva de imprensa na Agrishow, em Ribeirão Preto.


Estimulado a comparar o movimento do Banco Central de elevação da taxa de juros ontem, e compará-lo com o do período em que FHC era presidente, quando os juros chegaram perto de cerca de 20%, Serra disse que não responderia. “Não vou responder”, disse.



Em seguida, o ex-governador de São Paulo foi questionado sobre crítica feita pelo pré-candidato do PT ao governo do Estado, que em entrevista na manhã de hoje disse que o preço do pedágio em São Paulo é restritivo à produção.


“Não poderia haver perda de tempo maior do que comentar comentar coisa desse personagem”, retrucou o pré-candidato, que foi aplaudido por militantes e políticos do PSDB e DEM que acompanhavam sua comitiva.


Em seguida, pouco antes de terminar a coletiva, Serra tentou reverter o mal-estar.


“O copom subiu os juros para segurar a ameaça da inflação”, comentou. E completou: “Uma coisa sobre a qual irei me debruçar (caso seja eleito) é por que o Brasil tem que ter a maior taxa de juros do mundo, no governo passado e no governo atual.” AE.

Fodam-se, demotucanos vagabundos!

Oposição critica escolha de Lula pela revista "Time" FFFoda-se, bando de corrupto, de vagabundo.Vocês vão ter que engolir Lula e, em outubro, Dilminha.FHC deve estar cagando ralo até essa hora.Serra já deve ter consumido todo o estoque de Diazepan.

Líderes da oposição criticaram a escolha da revista "Time", que elegeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um dos 25 líderes mais influentes do mundo em 2010. Integrantes do PSDB e DEM afirmaram ainda nesta quinta-feira que o feito não deve ter nenhum reflexo na campanha presidencial de outubro.

Para o deputado Paulo Bornhausen (SC), líder do DEM na Câmara, ou a revista "ficou louca ou ganhou um patrocínio de uma estatal brasileira". "Ele não fez nada para merecer, deve ter servido como um prêmio de consolação por sua saída, ou será usado para sua candidatura para um cargo na ONU", disse.

O líder do PSDB, deputado João Almeida (BA), concorda que Lula não merecia ser escolhido. "Ele apenas capitalizou os feitos que o Brasil vem conquistando faz tempo." O tucano disse ainda que o prêmio da "Time" não deve se reverter em votos para a candidata Dilma Rousseff (PT). "O eleitor não é bobo, sabe que ela não é o Lula. Ela agora está se apresentando inteira e mostrando o desastre que é. Isso não vai mudar", afirmou.

Mais cedo, o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), comemorou a indicação do presidente. O deputado Flávio Dino (PC do B-MA) acha que o prêmio é reflexo de uma política social e de uma política pautada na diplomacia. "É um mérito dele e do Brasil." Sobre a eleição, Dino disse: "acho que de certa forma o fato pode ser capitalizado pra Dilma, mas isso não vai ser um fator determinante." Uol.

Nunca antes na História deste país um presidente foi tão prestigiado

Time aponta Lula como o mais influente do mundo


A revista norte-americana Time colocou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no topo de sua lista das pessoas mais influentes do mundo, divulgada hoje no site da publicação. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, aparece em quarto no levantamento, realizado anualmente.


Em texto assinado pelo documentarista norte-americano Michael Moore, a Time qualifica Lula como "um filho legítimo da classe trabalhadora da América Latina" e lembra alguns aspectos de sua trajetória. A reportagem da revista nota que Lula decidiu entrar na política após perder a esposa no oitavo mês de gravidez, junto com o bebê, por não ter como bancar "um serviço médico decente". "Há uma lição aqui para os bilionários do mundo: deixem as pessoas terem um bom sistema de saúde, e elas darão muito menos trabalho para vocês", defendeu a Time.


"O que Lula quer para o Brasil é o que nós costumávamos chamar de Sonho Americano", afirmou Moore.


O ranking da Time é dividido em alguns tópicos e Lula lidera na categoria Líderes (além de ser o primeiro da lista geral). Outros políticos citados entre os líderes são Obama, em 4º, o primeiro-ministro japonês, Yukio Hatoyama, em 7º, e a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, em 8º lugar.


Entre os "Heróis", o topo ficou para o ex-presidente dos EUA Bill Clinton, elogiado por seu papel como enviado da ONU no Haiti desde 2009.


Entre os artistas, o topo ficou com as mulheres: a escolhida foi a cantora pop Lady Gaga. Em terceiro lugar ficou Kathryn Bigelow, ganhadora do Oscar de melhor filme e melhor direção, pelo filme Guerra ao Terror. Em seguida, aparece a apresentadora Oprah Winfrey. Entre os pensadores, o topo da lista ficou para a arquiteta iraquiana Zaha Hadid .Fonte:BBC

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Isso é a cara do governo Serra

Veja, um sujeito que nem sequer diminuiu a violência em São Paulo, diz que vai criar, se for eleito presidente(Eu disse SE), um Ministério de Segurança Pública.Só sendo brincadeira, o escroque é muito cínico.


Prefeitos do litoral de SP dizem que pedido de reforço policial não foi atendido


Enquanto o governo dos Estados Unidos (EUA) segue recomendando aos cidadãos norte-americanos que evitem a Baixada Santista por conta de uma suposta onda de violência, autoridades municipais da região reclamam do baixo efetivo policial alocado nas cidades do litoral centro-sul paulista e revelam que tal carência foi levada – “sem retorno” – ao conhecimento do secretário estadual de Segurança Pública de São Paulo (SSP), Antônio Ferreira Pinto.

Tércio Garcia, prefeito de São Vicente, lembra que no ano passado, durante uma reunião do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb), a questão da falta de homens foi alvo de reclamações “unânimes” por conta dos governantes que estiveram no encontro realizado em Santos. Na ocasião, o chefe da SSP estava presente e ouviu todas as colocações.

Como ele explica, um dos fatores que contribui para a redução de policiamento é a exigência para que os homens da Polícia Militar (PM) façam a escolta de presos. “Temos quatro presídios, um Centro de Detenção Provisória e uma unidade da Fundação Casa. Em qualquer deslocamento para o fórum, vários de nossos policiais são segurados”, reclama o político, que registrou em sua cidade seis homicídios desde o dia 11 de abril, fato que teve influência sobre o recente diagnóstico norte-americano.

Segundo o prefeito, apesar das quedas dos índices de mortes violentas e também no número de furtos e roubos, observa-se uma “diminuição gradual” do efetivo da PM na região. “Nosso efetivo é pequeno. Precisamos de muito mais.” Questionado se o governo estadual teria se sensibilizado com a questão, ele foi enfático. “Não teve muito retorno. A secretaria se sensibilizou, mas não resolveu.”

Secretário de Defesa Social do Guarujá, município citado nominalmente na lista negra das autoridades estrangeiras, Ricardo Joaquim de Oliveira também engrossa o coro de insatisfação. Como ele conta, a cidade tem cerca de 300 guardas municipais, 75 vigias particulares, 300 homens da PM e 70 da Polícia Civil, contingente que chega a dobrar em épocas festivas ou feriados.

Mesmo assim, como ele diz, falta policiamento. “Tivemos um soluço. Desde que o governo estadual definiu que a PM faria a escolta de presos, você passou a tirar os policias da rua. E o problema é que são os policiais militares que fazem a maior presença, com a farda e a presença ostensiva. Reduz um pouco nossa segurança”, alerta o secretário, que, no entanto, também sustenta que os índices de violência em sua cidade são cada vez menores. “Não estamos abandonados. Mas sempre dá para melhorar. Levamos esse apelo ao secretário exatamente para ter uma solução, já que a situação nos preocupa.”

Ruy Santos, vice-prefeito de Itanhaém, igualmente é contra a retirada de policiais das ruas para escolta de presos. “Ficamos defasados. Acaba tirando o efetivo de nossa cidade”, diz ele, que participou da reunião em que Antônio Ferreira Pinto recebeu as solicitações de reforço por parte das autoridades locais. “Não foi feito um ofício. Mas ficou oficializado naquele momento que nossa reivindicação era essa”, afirmou ele, que também acha que é falho o critério para a distribuição de policiais no litoral. “Temos uma população flutuante que nem sempre é levada em conta. Temos poucos policiais. Nem sempre conseguimos dar todo o suporte necessário à população”, conta.

O próprio delegado seccional de Santos, Rony da Silva Oliveira, pede um reexame por parte da SSP-SP do contingente de homens que fazem a segurança do litoral. “A baixada é o principal ponto turístico do Estado. Além disso, o acesso é feito por uma estrada muito moderna, com o atrativo do Rodoanel que ainda está trazendo mais gente para cá. Temos um alto número de turistas, mesmo fora de época e na chuva. E isso (o efetivo) tem que ser reexaminado, reestudado, para que possamos ter um trabalho que possa atender melhor a população”, diz.

Os prefeitos de Santos, Bertioga e Praia Grande também foram procurados pela reportagem, mas não retornaram ao pedido de entrevista.

Brasil e Venezuela fortalecem parceria estratégica

O presidente da República Bolivariana da Venezuela, Hugo Chávez, visitou o Brasil nesta quarta-feira, 28, onde foi recebido pelo presidente Lula. A visita foi altamente valorizada pelo venezuelano antes da partida, quando inaugurou seu Twitter: “Vou ao Brasil. E muito contente por trabalhar pela Venezuela. Venceremos!”. O resultado da visita foi bem avaliado pelos dois presidentes.

O presidente brasileiro, Lula, recebeu seu colega em almoço no Palácio do Itamaraty, sede da chancelaria brasileira. Bem humorado, Lula brincou antes do encontro com os jornalistas, mostrando-se otimista com o jogo do seu time de coração, o Corinthians, contra o Flamengo pelas oitavas de final da Taça Libertadores das Américas.

“Meu coração está com Dilma”

Hugo Chávez, que também se mostrava bastante descontraído, não quis falar da sucessão presidencial no Brasil, mas disse: “Meu coração está com Dilma”. Este é o oitavo encontro entre os dois presidentes, que mantêm uma agenda de reuniões trimestrais desde 2007. Dois outros encontros estão previstos entre os dois presidentes antes do encerramento do mandato de Lula.

Avança a cooperação bilateral

Durante a tarde realizou-se reunião com a participação de ministros dos dois países, que resultaram na assinatura de nada menos que 22 acordos de cooperação bilateral. Os dois presidentes avançaram também em entendimentos sobre a integração regional, tendo em vista a realização da próxima cúpula extraordinária da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), na próxima terça-feira, 4 de maio, na Argentina.

Os 22 novos acordos fortalecem a cooperação bilateral nas áreas energética, de habitação, cultura, turismo, agricultura, alimentação, entre outras.

O Brasil se comprometeu a fornecer à Venezuela 10 mil toneladas de óleo de soja e milho. Ampliou-se o convênio para a construção de casas no bairro de Santo Agostinho do Sul, em Caracas, por parte da construtora Odebrecht, do Brasil.

No âmbito energético, a Venezuela enviará ao Brasil mais de 750 mil barris de petróleo, enquanto o Brasil dirigirá um programa de trabalho para a criação de um centro de pesquisas na Venezuela voltado para o intercâmbio de conhecimento técnico no setor elétrico.

Na área social os dois países decidiram criar uma rede de assistência à mulher migrante na região de fronteira.

O presidente Lula considerou muito positivamente o encontro, declarando que a Venezuela se transformou num sócio estratégico para o Brasil, pois o fortalecimento comercial da relação bilateral impulsionou o desenvolvimento industrial, econômico e social em ambos os países.

Nesse sentido, assinalou que “muitas pessoas ainda não se deram conta da fortaleza que existe nas relações entre a Venezuela e o Brasil”.

Dimensão histórica e estratégica

Lula mostrou a dimensão histórica que essas relações adquiriram: “É uma demonstração de que evoluímos em 8 anos o que não tínhamos evoluído em 200 anos”. Mostrando compreensão elevada sobre a integração, o papel e a unidade entre os dois países, Lula enfatizou: “Evoluímos porque compreendemos que embora falemos dois idiomas distintos, ainda que tenhamos nossos países separados por faixas de fronteiras, o povo venezuelano e o povo brasileiro estão unidos e fazem parte de um só país, a América do Sul”.

Referindo-se ao futuro próximo, quando se encerrar seu mandato, Lula disse que a relação entre a Venezuela e o Brasil “é irreversível”, porque a Venezuela “é um país de suma importância, um país estratégico, com enormes quantidades de matéria prima, com reservas incríveis de petróleo e gás e por sua relação com a América do Sul”.

Luta para conformar um mundo novo

O presidente venezuelano também enfatizou o papel estratégico da integração continental. “A União sul-americana é vital para conformar um mundo novo, um mundo pluripolar”.

Chávez agradeceu ao presidente brasileiro seu empenho no fortalecimento das relações bilaterais e ratificou a importância que também o seu governo atribui a estas. Para ele a assinatura dos 22 acordos durante o encontro de trabalho realizado nesta quarta-feira em Brasília “fortalece o eixo Caracas-Brasília como aliados estratégicos”.

Para o secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil, Ricardo Abreu, Chávez visita o Brasil num momento de fortalecimento político e ideológico da Revolução Bolivariana. Olhando do ponto de vista da integração continental, o dirigente do PCdoB também considera que os convênios assinados hoje entre a Venezuela e o Brasil reforçam não só as relações bilaterais como o processo de integração como um todo.

Enquanto isso, no império...

Enquanto isso, uma das mais importantes autoridades militares dos Estados Unidos fazia mais uma provocação em nome do imperialismo norte-americano contra a Venezuela, a unidade dos povos latino-americanos e a força da corrente progressista em crescimento na América Latina: “O governo da Venezuela ainda mantém ligações com a guerrilha colombiana das Farc”, afirmou nesta quarta-feira o chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, general Douglas Fraser. É no comando sul que se abriga a famigerada e agressiva Quarta Frota da Marinha de Guerra da superpotência imperialista, inimiga da integração da América Latina, do progresso dos povos e da paz na região.

Da Redação Vermelho, com agências

Ficha suja e elegibilidade



A constituição brasileira não afirma a presunção de inocência, mas a da não culpabilidade. O projeto 'ficha limpa' não é inconstitucional

“Aquele que trabalha para bandido é bandido.” Esta frase foi dita pelo secretário da Segurança Pública do Rio de Janeiro. Um desabafo ético, depois da indagação sobre o que faria com os policiais militares que serviam de guarda-costas para o bandido Rogério Andrade, quando de recente e cinematográfico atentado à bomba perpetrado por uma organização criminosa rival. No episódio morreu o filho de Rogério, por mero erro de pessoa.

O conceito de bandido é também elástico para o cidadão comum. Basta-lhe a notoriedade. Não é necessário indagação sobre a existência de condenação criminal com trânsito em julgado, até porque todos sabem que o Supremo Tribunal Federal (STF), nos últimos 40 anos, não condenou nenhum político.

Essa largueza conceitual, por evidente, pode gerar embaraços legais se alguém, por exemplo, vier a chamar o banqueiro Daniel Dantas de bandido, ou seja, de criminoso. Embora condenado em primeiro grau pela Justiça Federal e por consumado crime de corrupção, Dantas não se encontra definitivamente condenado.

Por força desse “status” de indefinição judicial, Dantas poderia, em convenção de partido político, ser indicado para concorrer a cargo eletivo em 2010. E o posterior pedido de registro de candidatura não seria recusado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pois o grafado em sua folha corrida criminal, como é da jurisprudência dessa Corte, seria insuficiente para gerar inelegibilidade. Em outras palavras, o banqueiro seria elegível como tantos outros em situação semelhante.

A perda de direitos políticos no que toca o poder votar e ser votado está condicionada, segundo a nossa Constituição, à existência de condenação criminal definitiva e enquanto durarem os seus efeitos: art. 15, III. Essa regra deve, porém, ser harmonizada ao princípio da presunção de não culpabilidade, que, no Brasil, erroneamente, é denominado presunção de inocência até por súmula do STF. Esse erro favorece os denominados candidatos de “ficha suja”.

Levado ao pé da letra, o princípio da presunção de inocência não permitiria, como estabelecido na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1791, a prisão provisória, cautelar. E o ex-governador José Roberto Arruda, presumido inocente, não poderia ter sido preso preventivamente, apesar de coagir testemunhas para esconder a verdade.

Na França da referida Declaração de 1791, decreta-se prisão cautelar em flagrante delito ou preventivamente. O texto incorporado da Declaração, consagrador da presunção de inocência, é interpretado com um grão de sal, ou seja, cede em razão da necessidade de uma medida de segurança social. Lá, como aqui, um casal Nardoni ou um Arruda seriam presos preventivamente.

Mas o constituinte brasileiro, no particular, não adotou o princípio da presunção de inocência. Consagrou o princípio da presunção da não culpabilidade, que é diverso. Basta a leitura dos textos para perceber a diferença: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória” (Constituição do Brasil) e “tout homme étant présumé innocent jusqu’à CE qu’il ait été déclaré coupable” (Declaração de 1791).

Com efeito, coube ao grande jurista Helio Tornaghi repetir, na sua obra intitulada Instituição de Processo Penal, o alerta do constitucionalista italiano Pezzatini. Isso em face de termos adotado, copiado, o artigo da presunção de não culpabilidade estabelecido na Constituição italiana de 1948. Ou seja, a nossa Constituição declarou apenas que o acusado não é considerado culpado. Ela não afirmou a presunção de inocência, limitou-se a negar a culpa.

Assim sendo, está aberto o caminho para se poder, por lei infraconstitucional, barrar o “ficha suja”. O projeto “ficha limpa”, que foi melhorado no Congresso Nacional, não está maculado por inconstitucionalidade. E foi referendado por 1,6 milhão de eleitores.

O projeto, caso vingar, dificilmente será aplicado nas eleições de 2010. Parlamentares de vida pregressa duvidosa continuarão a sustentar a inconstitucionalidade por violação daquilo que chamam incorretamente de “presunção de inocência” e prometem recorrer ao STF. No momento, o projeto está na Comissão de Constituição e Justiça. Torce-se para que seja colocado em votação plenária em tempo para poder valer em 2010.

Fora do âmbito eleitoral, nos concursos públicos para a Magistratura ou para o Ministério Público, a folha corrida de candidatos a concursos tem peso fundamental. Diante de antecedentes negativos, são barrados candidatos. Ou seja, afasta-se o risco de se colocar em função pública um futuro bandido sem ferir o princípio da presunção de não culpabilidade.