Um cidadão, nascido na Alemanha e naturalizado estadunidense, voltou às páginas nestes dias para negar o que vem sendo acusado, ou seja, a responsabilidade na participação na Operação Condor, que nos anos 70 reuniu ditaduras do Cone Sul para reprimir opositores. A cidadão em questão é Henri Kissinger, ex-Secretário de Estado norte-americano, hoje com 87 anos. Ele simplesmente negou o óbvio, ou seja, o que todos já sabem há tempos e que agora os tais arquivos implacáveis do Departamento de Estado não deixam nenhum tipo de dúvida.
Kissinger poderia ter evitado o assassinato do chanceler do governo de Salvador Allende, Orlando Letelier, ocorrido em Washington, mas não o fez porque não queria constranger governos aliados como o do Chile, então capitaneado pelo sanguinário general Augusto Pinochet.
Ficou claro uma coisa: Kissinger, hoje ganhando um punhado de dólares para falar a platéias selecionadas em diversas partes do mundo, é tão criminoso quanto Pinochet e Manuel Contreras, chefe do organismo de segurança (Dina) que ordenava a execução de opositores ao regime ditatorial chileno e mandou matar Letelier em Washington.
É preciso que não mais paire dúvidas sobre um fato: só foi possível a ascensão de um Pinochet e outros assassinos do gênero na América do Sul graças ao esquema Kissinger, que teve também o apoio incondicional da ditadura brasileira. É uma mancha histórica que não se pode esconder.
No Chile, criminosos respondem pelo que fizeram em todos os anos de chumbo, da mesma forma que na Argentina, no Uruguai e no Paraguai. A impunidade só se manteve por aqui. E toda vez que o tema volta à tona ressurgem os defensores de um passado de triste memória que não pode continuar sendo ocultado depois de mais de três décadas.
Sem se conhecer os arquivos implacáveis ainda ocultos nos porões das Forças Armadas não se conseguirá virar de uma vez por todas a página infeliz da nossa história. No mesmo contexto se insere a criação de uma Comissão de Justiça e Verdade, não para revanchismos, como alegam os que se escondem no manto protetor de uma lei de anistia votada sob pressão castrense pelo Congresso brasileiro e que protegeu responsáveis por crimes hediondos.
O fator tempo não é impedimento para se chegar ao conhecimento da verdade e da justiça. Até hoje há caçadores de nazistas que localizam criminosos daquela época e quando descobertos, mesmo com idade avançada, são levados aos tribunais para responderem pelo que fizeram, pois crimes contra a humanidade são considerados imprescritíveis.
Merece todo o apoio da sociedade a insistência da Ordem dos Advogados do Brasil em querer um pronunciamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre se a impunidade aos torturadores continuará ou não prevalecendo. Exigir que os brasileiros conheçam a verdade é salutar para as próprias Forças Armadas, que não podem servir de biombo para encobrir torturadores daquele período.
Concomitante, está na hora também de as escolas de formação dos futuros militares reformularem seus currículos de ensino, adaptando-os aos dias atuais. Não tem sentido se manter o mesmo tipo de ensino da época da Guerra Fria em que os oficiais eram formados ouvindo a cantilena do anticomunismo profissional elaborado em Washington por ideólogos a serviço de personagens execráveis como Kissinger e outros do gênero, que tanto influíram na formação da oficialidade brasileira hoje na Reserva e que volta e meia se reúne no Clube Militar, no Rio de Janeiro, para se solidarizar com figuras hediondas como o oficial da reserva Carlos Alberto Brilhante Ulstra, entre outros.
No mais, já que estamos falando em figuras execráveis, vale lembrar que o lacerdismo está de volta com toda a força através de posicionamentos como o do Prefeito carioca Eduardo Paes. Esse senhor, aproveitando a tragédia dos temporais ocorridos no início do mês no Rio, com o apoio de jornais conservadores, tenta ampliar a remoção de favelas.
Este é um tema que não pode ficar na base da verdade absoluta da mídia conservadora, que nunca se importou com os brasileiros fora do consumo que vivem em condições precárias, e que governantes pretendem mandá-los para locais distantes de onde moravam, exatamente como aconteceu no governo Carlos Lacerda e, diga-se de passagem, com o aplauso entusiástico dos mesmos jornais que pouco tempo depois apoiaram incondicionalmente a derrubada do Presidente constitucional João Goulart.
Eis um tema que os cariocas não podem fugir e precisam de maiores informações para formar um juízo que não seja o de interesses da especulação imobiliária que abastece os departamentos comerciais dos jornalões e telejornalões.
Kissinger poderia ter evitado o assassinato do chanceler do governo de Salvador Allende, Orlando Letelier, ocorrido em Washington, mas não o fez porque não queria constranger governos aliados como o do Chile, então capitaneado pelo sanguinário general Augusto Pinochet.
Ficou claro uma coisa: Kissinger, hoje ganhando um punhado de dólares para falar a platéias selecionadas em diversas partes do mundo, é tão criminoso quanto Pinochet e Manuel Contreras, chefe do organismo de segurança (Dina) que ordenava a execução de opositores ao regime ditatorial chileno e mandou matar Letelier em Washington.
É preciso que não mais paire dúvidas sobre um fato: só foi possível a ascensão de um Pinochet e outros assassinos do gênero na América do Sul graças ao esquema Kissinger, que teve também o apoio incondicional da ditadura brasileira. É uma mancha histórica que não se pode esconder.
No Chile, criminosos respondem pelo que fizeram em todos os anos de chumbo, da mesma forma que na Argentina, no Uruguai e no Paraguai. A impunidade só se manteve por aqui. E toda vez que o tema volta à tona ressurgem os defensores de um passado de triste memória que não pode continuar sendo ocultado depois de mais de três décadas.
Sem se conhecer os arquivos implacáveis ainda ocultos nos porões das Forças Armadas não se conseguirá virar de uma vez por todas a página infeliz da nossa história. No mesmo contexto se insere a criação de uma Comissão de Justiça e Verdade, não para revanchismos, como alegam os que se escondem no manto protetor de uma lei de anistia votada sob pressão castrense pelo Congresso brasileiro e que protegeu responsáveis por crimes hediondos.
O fator tempo não é impedimento para se chegar ao conhecimento da verdade e da justiça. Até hoje há caçadores de nazistas que localizam criminosos daquela época e quando descobertos, mesmo com idade avançada, são levados aos tribunais para responderem pelo que fizeram, pois crimes contra a humanidade são considerados imprescritíveis.
Merece todo o apoio da sociedade a insistência da Ordem dos Advogados do Brasil em querer um pronunciamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre se a impunidade aos torturadores continuará ou não prevalecendo. Exigir que os brasileiros conheçam a verdade é salutar para as próprias Forças Armadas, que não podem servir de biombo para encobrir torturadores daquele período.
Concomitante, está na hora também de as escolas de formação dos futuros militares reformularem seus currículos de ensino, adaptando-os aos dias atuais. Não tem sentido se manter o mesmo tipo de ensino da época da Guerra Fria em que os oficiais eram formados ouvindo a cantilena do anticomunismo profissional elaborado em Washington por ideólogos a serviço de personagens execráveis como Kissinger e outros do gênero, que tanto influíram na formação da oficialidade brasileira hoje na Reserva e que volta e meia se reúne no Clube Militar, no Rio de Janeiro, para se solidarizar com figuras hediondas como o oficial da reserva Carlos Alberto Brilhante Ulstra, entre outros.
No mais, já que estamos falando em figuras execráveis, vale lembrar que o lacerdismo está de volta com toda a força através de posicionamentos como o do Prefeito carioca Eduardo Paes. Esse senhor, aproveitando a tragédia dos temporais ocorridos no início do mês no Rio, com o apoio de jornais conservadores, tenta ampliar a remoção de favelas.
Este é um tema que não pode ficar na base da verdade absoluta da mídia conservadora, que nunca se importou com os brasileiros fora do consumo que vivem em condições precárias, e que governantes pretendem mandá-los para locais distantes de onde moravam, exatamente como aconteceu no governo Carlos Lacerda e, diga-se de passagem, com o aplauso entusiástico dos mesmos jornais que pouco tempo depois apoiaram incondicionalmente a derrubada do Presidente constitucional João Goulart.
Eis um tema que os cariocas não podem fugir e precisam de maiores informações para formar um juízo que não seja o de interesses da especulação imobiliária que abastece os departamentos comerciais dos jornalões e telejornalões.
Mario Augusto Jakobskind, Direto da Redação
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