quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Repórter não é Polícia; Imprensa não é Justiça

Por Ricardo Kotscho
Ao voltar de Barretos, o meu correio eletrônico já estava entupido de mensagens de amigos e leitores comentando e me pedindo para comentar a reportagem da revista “Veja” sobre as “atividades clandestinas” do ex-ministro José Dirceu, um dos denunciados no processo do “mensalão”, que tramita no Supremo Tribunal Federal e ainda não tem data para ser julgado.


Só agora, no começo da tarde de segunda-feira, consegui ler a matéria. Em resumo, como está escrito na capa, sob o título “O Poderoso Chefão”, ao lado de uma foto em que Dirceu aparece de óculos escuros e sorridente, a revista faz uma grave acusação:


“O ex-ministro José Dirceu mantém um “gabinete” num hotel de Brasília, onde despacha com graúdos da República e conspira contra o governo da presidente Dilma”.


Para justificar a capa, a revista publica dez reproduções de um vídeo em que, além de Dirceu, aparecem ministros, parlamentares e um presidente de estatal entrando ou saindo do “bunker instalado na área vip de um hotel cinco-estrelas de Brasília, num andar onde o acesso é restrito a hóspedes e pessoas autorizadas”.


Nas oito páginas da “reportagem” _ na verdade, um editorial da primeira à última linha, com mais adjetivos do que substantivos _ não há uma única informação de terceiros que não seja guardada pelo anonimato do “off” ou declaração dos “acusados” de visitar o bunker de Dirceu confirmando a tese da “Veja”.


Fiel a uma prática cada vez mais disseminada na grande mídia imprensa, a tese da conspiração de Dirceu contra o Governo Dilma vem antes da apuração, que é feita geralmente para confirmar a manchete, ainda que os fatos narrados não a comprovem.


Para dar conta da encomenda, o repórter se hospedeu num apartamento no mesmo andar do ex-ministro. Alegando ter perdido a chave do seu apartamento, pediu à camareira que abrisse o quarto de Dirceu e acabou sendo por ela denunciado à segurança do hotel Naoum Plaza, que registrou um boletim de ocorrência no 5º Distrito Policial de Brasília, por tentativa de invasão de domicílio.


Li e reli a matéria duas vezes e não encontrei nenhuma referência à origem das imagens publicadas como “prova do crime”, o primeiro dos mistérios suscitados pela publicação da matéria. O leitor pode imaginar que as cenas foram captadas pelas câmeras de segurança do hotel, mas neste caso surgem outras perguntas:


* Se o próprio hotel denunciou o repórter à polícia, segundo “O Globo” de domingo, quem foi que lhe teria cedido estas imagens sem autorização da direção do Naoum?


* Se foi o próprio repórter quem instalou as câmeras, isto não é um crime que lembra os métodos empregados pela Gestapo e pelo império midiático dos Murdoch?


* As andanças pelo hotel deste repórter, que se hospedou com o nome e telefone celular verdadeiros, saiu sem fazer check-out e voltou dando outro nome, para supostamente entregar ao ex-ministro documentos da prefeitura de Varginha, são procedimentos habituais do chamado “jornalismo investigativo”?


As dúvidas se tornam ainda mais intrigantes quando se lê o que vai escrito na página 75 da revista:


“Foram 45 horas de reuniões que sacramentaram a derrocada de Antonio Palocci e durante as quais foi articulada uma frustrada tentativa do grupo do ex-ministro de ocupar os espaços que se abririam com a demissão. Articulação minuciosamente monitorada pelo Palácio do Planalto, que já havia captado sinais de uma conspiração de Dirceu e de seu grupo para influir nos acontecimentos que ocorriam naquela semana (6,7 e 8 de junho, segundo as legendas das fotos) _ acontecimentos que, descobre-se agora, contavam com a participação de pessoas do próprio governo”.


A afirmações contidas neste trecho provocam outras perguntas.


* Como assim? Quem do governo estava conspirado contra quem do governo?


* Por acaso a revista insinua que foi o próprio governo quem capturou as imagens e as entregou ao repórter da “Veja”?


* Por que a reportagem/editoral só publica agora, no final de agosto, fatos ocorridos e imagens registradas no começo de junho, no momento em que o diretor de redação da revista está de férias?
Só uma coisa posso afirmar com certeza, depois de 47 anos de trabalho como jornalista: matéria de tal gravidade não é publicada sem o aval expresso dos donos da empresa ou dos acionistas majoritários. Não é coisa de repórter trapalhão ou editor descuidado.


Ao final da matéria, a revista admite que “o jornalista esteve mesmo no hotel, investigando, tentando descobrir que atração é essa que um homem acusado de chefiar uma quadrilha de vigaristas ainda exerce sobre tantas autoridades (…) E conseguiu. Mas a máfia não perdoa”.


Conseguiu? Há controvérsias… No elenco de nomes apresentados pela revista como frequentadores do “aparelho clandestino” de Dirceu, no entanto, não encontrei nenhum personagem que seja publicamente conhecido como inimigo do ex-ministro Antonio Palocci.


O texto todo foi construído a partir de ilações e suposições para confirmar a tese _ não de informações concretas sobre o que se discutiu nestes encontros e quais as consequências efetivas para a queda de Palocci.


Não tenho procuração para defender o ex-ministro José Dirceu, nem ele precisa disso. Escrevo para defender a minha profissão, tão aviltada ultimamente pela falta de ética de veículos e profissionais dedicados ao vale-tudo de verdadeiras gincanas para destruir reputações e enfraquecer as instituições democráticas.


É um bom momento para a sociedade brasileira debater o papel da nossa imprensa _ uma imprensa que não admite qualquer limite ou regra, e se coloca acima das demais instituições para investigar, denunciar, acusar e julgar quem bem lhe convier.


Diante de qualquer questionamento sobre as responsabilidades de quem controla os meios de comunicação, logo surgem seus porta-vozes para denunciar ameaças à liberdade de imprensa.


Calma, pessoal. De vez em quando, convém lembrar que repórter não é Polícia e a Imprensa não é Justiça, e também não deveria se considerar inimputável como as crianças e os índios. Vejam o que aconteceu com Murdoch, o ex-todo-poderoso imperador. Numa democracia, ninguém pode tudo.

NY Times mata crescimento do Nordeste

Recife (PE) - Matéria publicada pelo correspondente Alexei Barrionuevo, no The New York Times em 30/08, desinformou os norte-americanos e repetidores brasileiros nos seguintes termos:


"A geografia da violência no Brasil virou de cabeça para baixo nos últimos anos, com uma queda de 47% nos homicídios no Rio de Janeiro e em São Paulo entre 1999 e 2009, enquanto no nordeste do país os índices de assassinatos quase dobraram na última década.....O Nordeste há muito tempo é atormentado pela criminalidade, mas o aumento mostra como o boom econômico brasileiro está levando a violência relacionada às drogas - a principal causa para o flagelo dos homicídios - a migrar para outras partes do país conforme os traficantes buscam novos mercados, sobrecarregando as forças policiais".


Segundo o correspondente, "a mesma onda econômica que colocou mais dinheiro nos bolsos de milhões de brasileiros pobres, especialmente no norte do país, também estimulou mais tráfico de drogas e os crimes fatais associados a ele".


Para dizer o mínimo, trata-se de uma reportagem preguiçosa, pois o repórter, com a devida desculpa aos que merecem o nome, divulgou uma pesquisa sem confrontá-la com outros números, e concluiu muito rápido. Se ele queria, por exemplo, relacionar melhora de índices de crescimento nordestino com a criminalidade, não deveria deixar de ver o caso pernambucano. Entre os estados nordestinos, hoje, aquele que desponta com um crescimento acima da média brasileira é Pernambuco. E no entanto, os últimos números de homicídios no estado têm decrescido, de uma forma assustadora para reportagens preconcebidas: entre 2007 e 2010, no Recife houve uma queda de 37% . Na Região Metropolitana do Recife, a redução de homicídios no período foi de 30,67%.


No Ceará, que também fica no Nordeste, mas não serviu para ilustração da reportagem, o número de homicídios está em queda. Os índices apontam para redução de 16% na grande Fortaleza no período de janeiro a maio em comparação com igual intervalo de 2010. Na Região Metropolitana, o percentual de redução se aproxima de 33%. Em todo o estado, a redução foi da ordem de 17%. Na Bahia, que serviu de vitrine para suas brilhantes conclusões, o número de homicídios caiu 16% no primeiro semestre deste ano, quando comparado ao mesmo período de 2010, segundo o governo do Estado.


No entanto, o repórter se valeu de outras estatísticas. E números, sabe-se, quando manipulados servem a idéias anteriores à realidade, para usar um eufemismo. Não vem ao caso lembrar que o mencionado repórter andou espalhando há não muito tempo que a Amazônia deveria ser internacionalizada. Esqueçamos essa pequeníssima falha. Preferível lembrar que o “bom” número de homicídios no Rio e em São Paulo não significa menos mortes. Segundo o Human Rights Watch, Clique aqui.


“As polícias dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo mataram juntas um total de mais de 11.000 pessoas desde 2003. Em quase todos esses casos, a polícia relatou que as mortes teriam sido atos de legítima defesa em tiroteios com supostos criminosos. Em São Paulo esses casos são designados por ‘resistência seguida de morte’ e no Rio conhecidos como ‘autos de resistência’. No entanto, uma análise detalhada dos autos, das declarações de autoridades e dados estatísticos sugere de forma contundente que uma parte significativa desses casos são na realidade execuções extrajudiciais”.


Mas para que investigar, comparar, ver, estudar, medir, se o correspondente procura o avesso que sirva à sua pauta, aos olhos e ouvidos que ele dirige para uma nova realidade política? Ainda assim, olhando o filtro esperto do preguiçoso repórter, é bom perguntar: qual a relação científica entre número de homicídios e crescimento econômico? Notem que tal relação é furada até para espelhar o numero de assassinatos que o governo dos Estados Unidos tem feito e causado no mundo.


A reportagem do senhor Alexei Barrionuevo, enfim, estava escrita antes até de ele vir para o Brasil. O New York Times tem escolhido bem seus correspondentes, ou representantes. Para eles, se há crescimento em razão de políticas voltadas para os excluídos, em linha oposta aos interesses de Washington, somente pode dar nisto: As Prosperity Rises in Brazil’s Northeast, So Does Drug Violence


O que em bom português quer dizer: não é bom que o Nordeste cresça. Para manter a paz, melhor matar o crescimento.


Urariano Neto, Direto da Redação

Aqui jaz uma revista

Veja colocou a pá de cal em sua decadente trajetória com a matéria publicada na última edição, na qual se valeu de todos os métodos, inclusive criminosos, para corroborar uma de suas teses, desta vez a de que o ex-ministro José Dirceu conspira contra o governo de Dilma Rousseff.


A matéria não se sustenta jornalisticamente, com uma série de ilações e conclusões frágeis, porém o mais grave foi o seu método de apuração, com recurso à espionagem, invasão de privacidade e outros delitos, o que levou seu repórter a ser denunciado pelo hotel em que José Dirceu estava hospedado por tentativa de violação de domicílio. Para quem não leu a matéria ou o que já foi escrito sobre ela, o repórter da Veja hospedou-se no mesmo hotel de Dirceu, em Brasília, e tentou por duas vezes entrar no quarto do ex-ministro, primeiro passando-se por hóspede do apartamento que tinha esquecido as chaves, e, depois, por assessor da prefeitura de Varginha que fazia questão de deixar no quarto "documentos relevantes".


O que pretendia o repórter caso fosse bem sucedido em sua empreitada? Fuçar papéis e documentos do investigado? Roubá-los caso encontrasse algo que fosse ao encontro da tese da reportagem? Quem o orientou a agir dessa maneira? Seu chefe imediato, os editores da revista, o dono da editora que a publica? As perguntas são muitas e todas complicam ainda mais a situação de Veja e sua forma de fazer jornalismo.


A revista foi além e publicou imagens gravadas no corredor do andar do hotel em que Dirceu se encontrava, que mostram o ex-ministro com outras figuras da política brasileira. Veja não esclarece como obteve as imagens, mas parece pouco provável que as tenha conseguido com o próprio hotel, o que reforça as suspeitas de que tenha instalado algum equipamento por conta própria, o que aumenta a gravidade do delito. Trata-se, primeiro, de um caso de polícia. Depois, de grave atentado à ética jornalística.


A desfaçatez de Veja impressiona ainda mais, pois ocorre pouco após o escândalo do comportamento criminoso e, consequentemente, desprovido de ética do tablóide News of the World, do império midiático de Rupert Murdoch, que espionava personagens da vida pública inglesa como procedimento editorial assumido. O caso do jornal londrino não só está fresco em nossa memória, como ainda ocupa os tribunais ingleses, com jornalistas presos e respondendo a processos.


Há um bom tempo, Veja perdeu credibilidade perante boa parte dos leitores com capacidade crítica e de observadores do comportamento midiático. A recente reportagem pode ter sido o passo final para sua sentença de morte. A revista semanal não deve ser extinta, como o News of the World, mas tende a se tornar cada vez mais leitura ligeira de sala de espera de consultórios médicos, sem o prestígio outrora desfrutado.


A matéria de Veja colocou jornalistas e toda a imprensa perante a necessidade de responder à sociedade sobre que tipo de ofício praticamos. Somos todos imprensa marrom? Não temos limites nas nossas apurações? Vale tudo na busca de uma informação? Compactuamos com este tipo de jornalismo? Creio que jornalistas, empresas jornalísticas, sindicatos e associações precisam se manifestar claramente, repudiando o procedimento da revista. Do contrário, nos locupletamos.

Mair Pena NetoJornalista carioca. Trabalhou em O Globo, Jornal do Brasil, Agência Estado e Agência Reuters. No JB foi editor de política e repórter especial de economia.Direto da Redação

Faltou condenar o líder da gangue

Juíza condena acusados de superfaturar ambulâncias





A juíza da 2ª Vara Federal de Porto Alegre, Paula Beck Bohn, condenou os réus Edir Pedro de Oliveira, Rafael Zancanaro de Oliveira, Luiz Antônio Trevisan Vedoin e Darci José Vedoin pela prática de atos de improbidade administrativa. Os quatro foram acusados de enriquecimento ilícito em Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público Federal. O caso ficou conhecido como Operação Sanguessuga, deflagrada em maio de 2006, e envolveu o superfaturamento de ambulâncias. A decisão é do dia 29 de agosto. Cabe recurso.


A sentença prevê a suspensão dos direitos políticos dos réus, o pagamento de multa civil e proibição de contratar com o poder público e receber benefícios ou incentivos fiscais. Edir Pedro de Oliveira foi condenado, ainda, a ressarcir ao erário o valor acrescido indevidamente a seu patrimônio. O ex-parlamentar teve decretados o sequestro e a indisponibilidade de seus bens até o limite da sua responsabilidade.


Em sua decisão, a juíza considerou a conduta dos requeridos "incompatível com o princípio da moralidade que deve guiar a administração pública". Com informações da Assessoria de Imprensa da Justiça Federal do Rio Grande do Sul.


Clique aqui para ler a sentença.


Revista Consultor Jurídico, 31 de agosto de 2011

Massa cheirosa barrada nos hospitais públicos:Justiça barra reserva de leitos para planos de saúde


O TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo concedeu, na terça-feira (30), liminar favorável a uma ação movida pelo Ministério Público contra o Estado por conta de uma lei que permite o uso de 25% dos leitos de hospitais públicos --administrados por OS (Organizações Sociais)-- para atender pacientes de planos de saúde.


A decisão tomada pela 5ª Vara da Fazenda Pública suspende os efeitos do Decreto Estadual nº 57.108/2011, assinado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) em 6 de julho e que regulamentou a lei estadual de 27 de dezembro de 2010.


Além disso, a liminar proíbe que o Estado celebre contratos de gestão, alterações ou aditamentos com organizações sociais. Ficou estabelecida multa diária no valor de R$ 10 mil em caso de descumprimento da decisão.


Na liminar, o TJ-SP diz que a lei e o decreto "são afrontas ao Estado de Direito e ao interesse público primário da coletividade".


"O efeito pretendido pelo mencionado Decreto favorece à prática de "dupla porta" de entrada, selecionando beneficiários de planos de saúde privados para atendimento nos hospitais públicos", diz a decisão divulgada pelo Ministério Público.



AÇÃO


Na ação civil pública, a Promotoria afirma que as OS administram hoje 52 unidades hospitalares no Estado, responsáveis por 8 milhões de atendimentos em 2008. Com isso, diz a Promotoria, a permissão de uso de 25% destes leitos por pacientes de planos privados poderia representar a perda de 2 milhões de atendimentos públicos.


Órgãos como o Conselho Nacional de Saúde, Conselho Estadual de Saúde e o Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo se manifestaram contra a concessão dos leitos, segundo o Ministério Público. A terceira entidade argumenta que, com a perda dos leitos nos hospitais estaduais, as redes municipais de saúde pública ficarão sobrecarregadas.


COBRANÇA


De acordo com o decreto regulamentar de Alckmin, os hospitais públicos devem cobrar diretamente dos planos de saúde o atendimento feito a seus conveniados. Não são permitidos a reserva de leitos e o tratamento diferenciado a pacientes particulares.


Na avaliação do pesquisador da USP Mário Scheffer, especialista em saúde pública, o decreto usa termos genéricos que dão margem a diferentes interpretações.


"Ele fala que a OS deve "abster-se de proceder à reserva de leitos, consultas e atendimentos". Mas a OS pode não "reservar", e mesmo assim facilitar o acesso [de pacientes conveniados] à marcação e ao agendamento", diz.


Levantamento da Secretaria Estadual da Saúde aponta que um em cada cinco pacientes atendidos em hospitais estaduais na capital paulista têm algum tipo de convênio ou plano de saúde. Mas quem paga essa conta, avaliada em R$ 468 milhões anuais, é o SUS.Folha

Rouboanel:Promotoria pede fim de contratos de expansão da linha 5 do Metrô


O Ministério Público Estadual recomendou ao Metrô de São Paulo a anulação dos contratos de extensão da linha 5-lilás por "vício de ilegalidade". A Promotoria deu 30 dias para que sejam tomadas as providências pelo presidente da estatal, Sérgio Avelleda.



A informação é da reportagem de Alencar Izidoro publicada na edição desta quarta-feira da Folha. A reportagem completa está disponível para assinantes do jornal e do UOL (empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).


O pedido anulação dos contratos é decorrente das investigações a partir do documento com firma reconhecida em cartório pela Folha em abril de 2010 antecipando os vencedores da disputa. Além de indícios de formação de cartel, a Promotoria contesta as regras do edital de licitação feito pelo Metrô.
O prolongamento da linha 5 prevê a ligação entre Chácara Klabin e Adolfo Pinheiro. A decisão de liberar a assinatura dos contratos foi tomada pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB) há três meses. A previsão é que a extensão da linha 5 só esteja totalmente concluída em 2015.


O Metrô diz que vai analisar a recomendação, mas que "tem plena convicção da decisão de continuar as obras". Na avaliação da estatal, a denúncia de conluio entre as empresas publicada pela Folha não produziu "um documento hábil que justificasse" encerrar os contratos.


Orçamento de 2012 prevê salário mínimo de R$ 619,21

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, entregou hoje (31) aos presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Marco Maia (PT-RS), a proposta orçamentária da União para 2012.



Ela anunciou que o salário mínimo definido pelo governo para 2012 será de R$ 619,21, um aumento de 13,62 % sobre o atual salário de R$ 545. A ministra disse ainda que a peça orçamentária está sintonizada com a realidade brasileira e assegura os investimentos em infraestrutura e programas sociais que a população espera do governo.


O relator-geral do Orçamento, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), também participou do ato formal de entrega da Lei Orçamentária Anual (LOA ) e manifestou a sua expectativa de que o Orçamento esteja sintonizado como o momento econômico que o mundo vive. “Vou relatar o Orçamento com a responsabilidade de quem prima pelo equilíbrio fiscal da nossa economia, mas certo de que será possível, por exemplo, assegurar o ganho real do salário mínimo, que beneficia exatamente quem mais precisa de renda”, afirmou.
 
 
 
 
PPA



A ministra também entregou ao Congresso Nacional o Plano Plurianual (PPA 2012 -2015), que será relatado pelo senador Walter Pinheiro (PT-BA). O PPA é o instrumento de planejamento que estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública Federal.

A imagem de Dilma

Marcos Coimbra - Marcos Coimbra

Correio Braziliense - 31/08/2011
Sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

Será preciso tempo para que as feições definitivas do governo Dilma fiquem claras. Por enquanto, apenas alguns traços estão nítidos, mas não formam, ainda, um retrato consolidado


Em seu cotidiano, o jornalismo político é forçado a lidar com problemas complicados, dos quais não consegue escapar. Enfrenta, no entanto, dificuldades desnecessárias, que poderia perfeitamente evitar. Nada o obriga, por exemplo, a apresentar a seus consumidores algo que eles, a bem dizer, não esperam.

Salvo as exceções de praxe, leitores, espectadores e ouvintes não pedem conceitos acabados e opiniões definitivas sobre o que acontece no mundo político, seus personagens e instituições. Mas muitos jornalistas, especialmente comentaristas e colunistas, acham que devem tê-las todo dia.


Pode-se ver isso no tratamento que Dilma e seu governo recebem. Mesmo os veículos e os profissionais que levam a sério seu trabalho costumam padecer desse mal, da "conclusão apressada". O que dizer daqueles que sequer têm compromisso com a realidade.


No início do ano, a necessidade era menor. O governo estava começando e havia uma abundância de notícias a dar sobre a composição do ministério e as medidas que tomava. Predominava um tom informativo.


Nem bem haviam transcorrido os primeiros meses, no entanto, e, em algumas redações, se generalizou a sensação de que era hora das "interpretações". Dos 100 dias em diante, a mídia se sentiu no dever de ter um conceito pronto a respeito de Dilma.


Muitos foram propostos. De "grata surpresa" a "decepção", de "gerente competente" a "teleguiada de Lula", de "rápida na decisão" a "titubeante", de "crescentemente autônoma" a "progressivamente mais dependente". E por aí vai.


Hoje, todos querem proferir sua sentença sobre "o que é o governo". A cada dia, é publicado um novo julgamento, uma nova definição. É como na música moderna: basta piscar os olhos que aparece o maior grupo de todos os tempos da última semana.


As pessoas não precisam desses pronunciamentos. Conforme mostram as pesquisas, os consumidores do jornalismo político não são desinformados e incapazes de elaborar suas próprias avaliações. Ao contrário. Quem procura nas velhas ou nas novas mídias o comentário e a análise, não deseja que alguém dê a conclusão. Quer concluir sozinho.


Quando um governo "mal começou", mais ainda. Embora, para os profissionais da imprensa, o governo Dilma possa já estar durando uma infinidade de tempo, está nos primórdios para a opinião pública. O que uns acham que é tempo mais que suficiente para julgar, outros consideram que é prazo demasiadamente pequeno.


Essa não é uma característica inusitada do atual governo, fruto de alguma idiossincrasia proveniente de sua história e natureza. Todos costumam ser percebidos dessa maneira quando sequer chegaram ao fim do primeiro ano.


Já vimos fenômenos semelhantes em governadores e prefeitos que não tinham, antes de chegar ao cargo, maior notoriedade. Sem trajetória e biografia conhecidas, sua imagem não estava formada.



Tipicamente, são os que se elegeram em função do endosso de alguém querido e respeitado.


A novidade, com Dilma, é que isso está acontecendo, agora, com uma presidente da República. O que não muda o fundamental: para a opinião pública, não está na hora de julgá-la (seja positivamente, para onde parece convergir a vasta maioria da sociedade, ou negativamente).


Será preciso tempo para que as feições definitivas do governo Dilma fiquem claras. Por enquanto, apenas alguns traços estão nítidos, mas não formam, ainda, um retrato consolidado.


Isso não incomoda o país, que sabe esperar, entre outras razões porque sabia que assim seria com ela.


Com seu proverbial bom-senso, o povo não se sente premido a chegar a qualquer conclusão antes da hora.


Quem não se aguenta e fica pulando de conceito em conceito são os que mais serenidade deveriam ter. O problema é que, de tanto se precipitar, acabam queimando a língua.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Jornalismo político volta à Era da Pedra Lascada


Por Alberto Dines em 30/08/2011 na edição 657


“Caso o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) fique insustentável, a presidente Dilma tem seu preferido: Franklin Martins”. (“Panorama Político”, O Globo, domingo, 28/8, pg. 2). Três linhas apenas, no pé da coluna. O suficiente, a mídia entenderá o recado.
 
 
Há hoje uma metamensagem ou criptojornalismo, cifrado, exclusivo de um seleto grupo de iluminados. O governo manda suas mensagens, a mídia é obrigada a entender. Mesmo não gostando. A réplica pode vir com a mesma sutileza. Profissionais não brincam em serviço. Faz parte do jogo democrático.
 
 
O que conspira contra o jogo democrático são as ameaças de rupturas. O presidente Lula não entendeu, não quis ou não teve paciência para entender o tricô das raposas. Subia no palanque e “mandava ver” – ou mandava brasa, como se dizia na Era Jango. Criou impasses, cavou confrontos perigosos.
 
 
É o que fez Veja com a sua última matéria de capa sobre o ex-ministro José Dirceu (“O poderoso chefão”, edição nº 2232, data de capa 31/8/2011). Sutil como uma carga de cavalaria – e tão eficaz quanto esta –, produziu um curto-circuito, reintroduziu a imprudência no diálogo governo-imprensa. Repercutiu no exterior. E daí?
 
 
Frágil, inconsistente
 
 
A verdade é que a matéria recoloca o jornalismo político brasileiro na Era da Pedra Lascada. Traz de volta os vídeos clandestinos, os arapongas, os dossiês secretos jogados no colo de jornalistas ditos “investigativos”.
 
 
José Dirceu, mesmo sem cargo ou mandato parlamentar, suspeito de integrar um grupo que está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal, é um dirigente nacional do partido que ganhou as eleições para a Presidência da República, é também um consultor/lobista. Pode alugar um andar inteiro num hotel dez estrelas em Brasília ou Luanda e nele receber legiões de correligionários, clientes e amigos.





Não há nada de ilícito ou malfeito (para usar o dernier-cri dos substantivos).
 
 
O texto inteiro de Veja, da primeira à última linha, é customizado, adaptado para servir à tese de que o ex-chefe da Casa Civil está conspirando contra a sua sucessora, atual presidente da República. Não há evidências, apenas insinuações, ambigüidades, gatilhos.
 
 
Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, é amigo pessoal de Dilma Roussef, não poderia conspirar contra ela. José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras cujo maior acionista é o governo, não enfrentaria o seu maior eleitor quando reiniciar sua carreira política. Delcídio Amaral é um petista light, quase-tucano.

A lista dos “conspiradores” é frágil e as possíveis motivações, inconsistentes. O conjunto é disparatado, não faz sentido, carece de lógica. Mesmo enquanto ficção.
 
 
 
Um desserviço
 
 
Os encontros gravados duraram em média 30 minutos, tempo insuficiente até para acertar uma empreitada de pequeno porte. Devidamente investigados, os fatos poderiam vincular-se e ganhar alguma dimensão. No estado bruto em que foram apresentados pelo semanário de maior tiragem do país representam um atentado à inteligência do leitor, não renderiam sequer uma nota numa coluna de fofocas políticas.
 
 
Este é um jornalismo que não se sustenta, é retrocesso. Não favorece a imagem da imprensa, não ajuda a presidente Dilma, prejudica a oposição. Faz esquecer a faxina moralizadora e degrada o processo político.



Fonte:Observatório da Imprensa

É assim que os tucanos mineiros tratam a educação

Com professores em greve há quase três meses, governo de MG vai dar aulas de reforço pela TV
     

O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), anunciou nesta segunda-feira (29) a veiculação de aulas de reforço pela "Rede Minas" (canal de televisão do governo estadual) a estudantes que irão fazer o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) neste ano e estão sendo afetados pela greve de professores da rede pública estadual, iniciada em 8 de junho deste ano.


Segundo a programação, a partir do dia 12 de setembro serão feitas inserções de 2 minutos de duração cada uma, durante a semana, em um total de 36, que irão abordar temas relacionados ao Enem e dicas sobre disciplinas do ensino médio.


Aos sábados, a partir do dia 17 de setembro, haverá transmissão ao vivo, com duração de uma hora. Os alunos poderão enviar suas dúvidas, por telefone e pela internet. Segundo o governo, os questionamentos selecionados serão respondidos por especialistas. Ainda conforme o governo estadual, os programas serão exibidos até a véspera das provas, que serão feitas no dias 22 e 23 de outubro deste ano.
 
 
A programação será transmitida para 700 municípios mineiros, por meio de retransmissoras da Rede Minas, e em mil pontos do “Canal Saúde”, instalados em escolas e superintendências regionais de ensino. O conteúdo ainda poderá ser acessado no site da Secretaria Estadual de Educação, informou a assessoria do governo estadual.


Durante discurso no qual anunciou a iniciativa, o tucano disse que o governo está “permanentemente aberto para negociação com o sindicato (que representa os professores)". Ainda conforme o tucano, uma solicitação será enviada ao Ministério Público para que o sindicato seja convidado a voltar à mesa de negociação.

Paralisação


De acordo com o governo, 1,5% das escolas estão totalmente paralisadas. Ao todo, 19% das unidades de ensino estão sendo afetadas parcialmente pela greve. No entanto, de acordo com o Sind-UTE/MG (Sindicato único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais), 50% das escolas estão sem aulas.


O presidente da Fapaemg (Federação das Associações, Pais e alunos das Escolas Públicas de Minas Gerais), Mário de Assis, afirmou que a iniciativa do governo mineiro é apenas um paliativo.


“Isso (aulas de reforço pela televisão) pode ser uma atividade complementar, mas, em hipótese nenhuma, supre a carga horária do aluno em sala de aula e com os trabalhos (ministrados pelos professores)”, salientou.


Outra deficiência apontada pelo dirigente sobre o anúncio governamental seria uma suposta predileção dos estudantes pelo computador em detrimento à televisão, o que poderia causar uma “falta de interesse” dos alunos.


“Dificilmente o menino faz uso do computador que não seja para olhar um Facebook (rede social) e para ver os e-mails. E ele não tem tempo para ver televisão”, resumiu.

Aplicação da lei


Os professores e o governo não se entendem e a greve de parte do corpo docente ainda não tem previsão para ser encerrada. O imbróglio está no entendimento que os envolvidos (professores e governo estadual) têm da aplicação da lei sobre os salários da categoria.


 O Sind-UTE/MG (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) reivindica pagamento de piso salarial de R$1.597,87 para jornada de 24 horas semanais. O valor se baseia em cálculo defendido pela CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores de Educação).


Já o MEC (Ministério da Educação) fixou em R$ 1.187,97 o piso salarial nacional que deverá ser pago para uma jornada de 40 horas semanais. O valor é visto como "defasado" pelo sindicato que representa a categoria.


A administração do governador tucano Antonio Anastasia, por meio da Secretaria de Estado de Educação, afirma remunerar os professores acima do piso nacional estabelecido pelo MEC. De acordo com o órgão, para a jornada de 24 horas semanais, o governo paga R$ 1.122 aos profissionais com nível médio de escolaridade, desde janeiro deste ano. O governo estadual criou o denominado “subsídio”, que incorporou as gratificações, abonos e vantagens do profissional em uma parcela única.
Para tentar resolver o impasse, o governo mineiro anunciou no dia 23 de agosto reformulação da tabela de pagamentos dos subsídios, com graduações de vencimentos estabelecidos conforme a especialização do professor e tempo de carreira. O governo disse também que enviará à Assembleia Legislativa de Minas Gerais projeto de lei contendo as alterações, que valeriam a partir de 2012. No entanto, professores decidiram pela manutenção do movimento grevista, alegando que o novo modelo ainda não atende às reivindicações da categoria.


Por sua vez, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que Estados deverão pagar o piso salarial de R$ 1.187. A decisão foi publicada, no dia 24, no Diário da Justiça. Com isso, o governo mineiro teria de acabar com a remuneração na modalidade de subsídio. A secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena, disse que o governo estadual vai aguardar a decisão final (transitado em julgado), quando não cabem mais recursos, para se posicionar a respeito do assunto.Uol.

O Brasil perto do pleno emprego



Em sequência ao ciclo de entrevistas realizadas pelo Blog Além de Economia em conjunto com o site da revista CartaCapital, convidamos os professores Anselmo Luis dos Santos e José Dari Krein do Instituto de Economia da Unicamp e diretores do CESIT (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho).


Santos é economista, doutor em teoria econômica pela Unicamp e diretor-adjunto do CESIT. Krein é filósofo, doutor em economia social e do trabalho pela mesma universidade e, atualmente, exerce a diretoria executiva do CESIT.


Para ambos, não existe uma relação causal entre educação e geração de empregos; esses dependem das políticas macroeconômicas e de desenvolvimento. Além do que, compreendem que a economia brasileira não sofrerá grandes impactos negativos dos recentes desdobramentos da crise de 2008.
Confira abaixo a entrevista:

Blog Além de Economia/CartaCapital: No Brasil, no último período, gerou-se mais de 10 milhões de empregos qual a qualidade e a remuneração média dos empregos gerados?


Anselmo L. dos Santos e José D. Krein: A partir de 2004, com a maior taxa média de crescimento do PIB, observa-se um ritmo bem mais expressivo de geração de ocupações, suficiente para provocar uma progressiva redução das elevadíssimas taxas de desemprego. Mais importante ainda é o fato de que essa expansão da ocupação ocorreu num mesmo processo de melhoria da estrutura ocupacional – que havia passado por um forte processo de desestruturação no período 1990-2003. Num contexto de progressivo aumento do emprego formal – que vinha ocorrendo já desde 2000, com os impactos da desvalorização cambial de 1999 -, a partir de 2004 as melhores ocupações (emprego assalariado com carteira, de nível técnico, superior, dirigentes, profissionais das ciências e das artes etc) cresceram num ritmo maior do que as ocupações mais precárias (assalariamento sem carteira; trabalho por conta própria; atividades agrícolas e manuais, trabalhado não remunerado etc). E o universo de ocupações mais precárias melhorou significativamente com os impactos do aumento da formalização e do salário mínimo.


AE/CC: Qual interpretação podemos dar a esse processo recente de melhorias do mercado de trabalho brasileiro? Podemos, por exemplo, afirmar que estamos no pleno emprego?

ALS/JDK: Estamos vivenciando a reversão do processo de desestruturação do mercado de trabalho brasileiro. Após apresentar uma redução real muito expressiva, algo entre 17% no período 1997-2003, a remuneração do trabalho vem se recuperando com os fortes impactos do salário mínimo, da redução do desemprego, das negociações coletivas, dos reajustes para os servidores públicos, e também com os impactos do crescimento econômico sobre a renda dos autônomos, do trabalho doméstico e dos profissionais qualificados em atividades que apresentam escassez de força de trabalho. Significa que, em parte, o sentido desse processo é a recuperação do que foi perdido no período 1980-2003, em termos de taxa de assalariamento, de formalização, de redução do trabalho por conta própria e não remunerado – precários e informais -, de remuneração média do trabalho. Em alguns casos são evidentes os avanços, cujo significado foi maior do que uma recuperação, como é o caso do salário mínimo e da redução do desemprego. Mas uma taxa de desemprego aberto metropolitana acima de 6%, com regiões e segmentos sociais apresentando taxas acima de 10%, e taxas de desemprego para o conjunto do país mais próximas de 7%, além de taxas de desemprego mais amplas (aberto e oculto) próximas de 10%, indicam que, apesar de baixo, não podemos caracterizar ainda uma situação de pleno emprego. Entretanto, se mantida a trajetória de crescimento do PIB de cerca de 4%, em média, até o final do Governo Dilma poderemos alcançar uma situação típica de pleno emprego de uma economia em desenvolvimento e de renda per capita média, isto é, reduzido desemprego aberto, mas elevada precariedade e informalidade do mercado de trabalho.

AE/CC: Da mesma maneira que há geração de emprego também há milhares de demissões isso pode ser entendido como rotatividade da mão-de-obra? Por que isso ocorre?
ALS/JDK: Esse foi um dos aspectos que não melhorou nesse ciclo recente. A rotatividade no emprego no Brasil é imensa; uma das maiores do mundo. E os nossos indicadores somente consideram os demitidos que tinham carteira assinada. Como é muito grande a parcela de assalariados sem carteira - e nesses a instabilidade no emprego é ainda maior – a rotatividade no emprego é ainda maior do que as reveladas pelas nossas estatísticas disponíveis. O mercado de trabalho brasileiro é muito flexível. Diferentemente de outros países, no Brasil não existem mecanismos contra a despedida imotivada, pois o empregador tem a liberdade de romper o vínculo sem precisar justificar. A demissão é uma questão monetária, de indenização. Como os empregados demitidos tendem a ser aqueles com menor grau de instrução e qualificação, os que conformam o mercado geral de trabalho, que são facilmente substituíveis e que ganham menos. O custo de demitir é relativamente baixo. As facilidades de despedir, faz com que muitos setores utilizem a estratégia de ajustar o volume da força de trabalho a sazonalidade da atividade econômica. Mas também sabemos que para uma parte dos trabalhadores – daqueles sem carteira assinada, com baixa remuneração, sem perspectiva de carreira, especialmente na micro e pequena empresa – também há uma lógica que contribui para essa elevada rotatividade. Os dados da PNAD de 2009 mostram que há mais trabalhadores ocupados procurando emprego, do que trabalhadores desocupados; até 2006, eram os desocupados que constituíam a maioria dos que procuravam emprego. Ou seja, com a forte expansão do emprego e abertura de novas e melhores oportunidades, são aqueles que já estão incorporados ao mercado de trabalho – e não os jovens e os desempregados – que mais buscam conquistar as melhores vagas abertas. Isso é uma das expressões da rotatividade no emprego num período de crescimento econômico. A rotatividade é fenômeno vinculado com a própria disponibilidade de força de trabalho. Existem pessoas necessitando ter renda, submetendo-se as condições mais precárias de trabalho. Além disso, a rotatividade tem relação com a estrutura econômica do país, que tende progressivamente gerar posto de trabalho em setores mais inseguros e instáveis.Leia mais

Pinheiro:"O que Veja fez não é jornalismo sério, é bandalheira



por Conceição Lemes

A "denúncia" da Veja desse final de semana continua dando o que falar.

Entre os vários personagens citados estão Walter Pinheiro, Delcídio Amaral e Lindbergh Farias, senadores do PT, respectivamente, por Bahia, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro.

Os três tiveram "direito" a uma das fotos tiradas de algum ponto próximo ao apartamento em que o ex-ministro José Dirceu se hospeda no Hotel Naoum, em Brasília.

Eu conversei com Walter Pinheiro sobre as sacações e acusações que lhe foram feitas por Veja.

Viomundo – Senador, o senhor se submete a ordens de José Dirceu?

Walter Pinheiro – (risos) Sinceramente, recebi essa matéria com uma dose de humor.

Viomundo – Por quê?

Walter Pinheiro — Primeiro, porque é hilária. Historicamente dentro do PT eu e Zé Dirceu sempre estivemos em campos opostos. Ele é do chamado Campo Majoritário, eu sou da tendência Democracia Socialista.

Converso com o Zé Dirceu como um companheiro de partido. Eu o respeito, ele me respeita. Quando ele estava no governo, eu tinha uma ótima relação com ele, uma relação em campo oposto inclusive. Minha vida inteira foi disputando no partido contra Zé Dirceu.

Segundo, Veja diz que logo após o encontro com Dirceu, nós teríamos nos recusado a assinar uma nota em defesa de Palocci. Eu não fui nem ao almoço com o Lula onde se discutiu a situação do Palocci. A denúncia contra ele foi publicada no domingo, na segunda-feira, eu explicitei a minha posição. Pedi explicações a ele. Então, não tem essa conversa mole de assinar ou não a favor de Palocci.

Diferentemente de muitos covardes que estavam falando mal de Palocci em off, eu estava falando em on. Eu falo em on, não falo em off, eu pedi explicações em on.

Terceiro, a Veja diz que depois que conversamos com o Zé Dirceu, em seguida, naquele mesmo dia se não me engano, o Palocci caiu. Do jeito que a Veja coloca me faz lembrar o The Flash (risos). Parece que só faltava a nossa conversa para o Zé Dirceu bater o martelo e o Palocci ser demitido. É piada, gozação.

Viomundo – O que o levou a esse encontro com José Dirceu?

Walter Pinheiro — Quem me convidou foi o Lindbergh [Farias]. O Zé Dirceu já tinha me pedido material sobre o audiovisual brasileiro, pois fui relator dessa matéria no Senado. Ele queria escrever alguma coisa, se eu não me engano, no blog dele sobre o assunto. Aí, aproveitei o convite do Lindbergh, para levar para Zé Dirceu a transparência que tinha feito sobre a questão do audiovisual no Brasil.

Viomundo – A Veja diz que o senhor estava insatisfeito com Palocci porque um petista havia sido demitido da Polícia Rodoviária Federal na Bahia. É verdade?

Walter Pinheiro – Muito esquisito isso. Só me leva a crer que alguém ligado a Palocci deve ter passado para a Veja que as pessoas foram conversar com Zé Dirceu, porque tinham interesses contrariados.

Eu nem sabia que era Palocci que tocava as indicações para a Polícia Rodoviária Federal da Bahia. Pensei que fosse o ministro da Justiça. Aliás, se eu tivesse que reclamar algo em relação à Polícia Rodoviária Federal não seria com Palocci, seria com o José Eduardo Cardoso [ministro da Justiça] que, por sinal, é da mesma tendência que eu dentro do PT.

Mas eu não procurei nem um nem outro. Até porque não estava na ordem do dia a discussão de nenhum cargo lá. Eu poderia brigar por outra coisa, mas por cargo eu não brigo, muito menos por um cargo, com todo o respeito, na Polícia Rodoviária Federal da Bahia. Por isso eu estou levando na mais alta gozação essa matéria.

Ah, tem mais outra coisa. Nessa altura do campeonato, tentar estabelecer que Zé Dirceu tem uma rede, que de fora pilota, comanda, é um negócio completamente absurdo.

É natural que o Zé Dirceu queira conversar. Zé Dirceu tem buscado conversar até para se sintonizar mais, para saber das coisas do que para mandar, influenciar. Eles estão dando até mais poder do que Zé Dirceu tem realmente hoje. Estão tentando transformar Zé Dirceu em algo que ele não é. Dando a Zé Dirceu uma força que ele não tem mais.

Essa reportagem tenta criar algo como existe uma figura rondando Brasília que vai tramar contra a República. É uma viagem que não tem mais tamanho.

Viomundo – O que tem por trás dessa matéria?

Walter Pinheiro – É óbvio que tem uma coisa por trás. É alguém tentando usar isso para promover uma rede de intrigas. Essa talvez seja a intenção central dessa matéria. Dizer que tem gente no PT conspirando. Como não acharam absolutamente nada mais contundente, decidiram: vamos disseminar a rede de intrigas. Algo como: três senadores do PT foram conversar com Zé Dirceu para criar a República a partir do Senado (risos). Pelo amor de Deus, é muita imaginação para meu gosto.

Enfim, uma viagem, para a qual utilizaram instrumentos completamente absurdos, a começar pelas fotos. Como as conseguiram?

Eu sou um árduo defensor da liberdade de imprensa. Sou relator de matérias na área, inclusive do projeto de lei de acesso à informação. Defendo plenamente a liberdade de imprensa. Acho que a imprensa investigativa contribui decisivamente para a consolidação da nossa democracia, para a defesa dos interesses da sociedade. Mas a espionagem e a malandragem, não!

Viomundo – O senhor tocou num ponto crucial. Estamos observando no Brasil um jornalismo cada vez mais vil, porco, descompromissado com a verdade factual, abundante em informações mentirosas, deturpadas, distorcidas. Ao mesmo tempo, noto vários parlamentares, inclusive progressistas, ficarem na encolha, com medo de perder seus espaçozinhos na mídia corporativa…

Walter Pinheiro – Não tem encolha!

Viomundo – Discordo, senador. O senhor pode não agir assim, mas tem colegas seus que são vítimas do mau jornalismo e não tecem qualquer crítica aos grandes veículos da mídia brasileira para não se incompatibilizar…

Walter Pinheiro – Uma coisa é defender o papel da liberdade da imprensa. Outra coisa é a bandalheira. O que a Veja fez, por exemplo, para obter as imagens da matéria da Veja não é jornalismo sério, é bandalheira. Mentir, sacar coisas contra outros, fazer ilações, também não é jornalismo sério.
Agora, não é uma coisa solta. É uma tentativa de, através da informação distorcida, tentar estabelecer intrigas, determinados níveis de fissura na estrutura de governo.

Esses veículos da grande imprensa passaram a vida inteira no comando do país, deitaram e rolaram, fizeram a ordem do dia, pautaram a agenda. E agora eles perderam a agenda do dia. Então, eles tentam fazer, através inclusive da deformação da informação, a desqualificação de atores, para ver se retomam o poder que tinham, se voltam ao comando.

Viomundo — Senador, não está na hora de o Congresso fazer uma discussão séria, para valer, sobre o papel da mídia no Brasil?

Walter Pinheiro — A discussão que tem de ser travada não é, como alguns pensam, de punir o jornalista, porque no final o veículo vai abandonar o jornalista à própria sorte, vai jogá-lo na boca das feras.

Na verdade, o que temos de discutir é como exercer no Brasil a plenitude da liberdade de imprensa mas também com responsabilização. Esse é debate que nós temos de travar no Senado e na Câmara. Eu quero a liberdade total de imprensa, mas também com responsabilização.

PS do Viomundo: The Flash é uma série de televisão baseada no personagem dos quadrinhos Flash. Barry Allen, funcionário da polícia científica, sofre um acidente químico, sendo banhado por produtos químicos após seu laboratório ser atingido por um raio. Esse acidente fez com que ele desenvolvesse poderes de super velocidade.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Liderança do PT no Senado

O princípio de Goebbels

 
Eduardo Bomfim *


A grande maioria do planeta vive atualmente sob o guarda-chuva do chamado pensamento único que determina o que nós devemos comer, beber e como devemos consumir os produtos em geral. Dita as regras determinadas pelas necessidades e interesses do mercado global, o que é politicamente correto e aquilo considerado incorreto ou condenável em uma gradação quase matemática.

Essa bula sobre o comportamento, hábitos e opiniões dos cidadãos, substitui na prática os códigos legais das nações e as leis internacionais, quando não os levam a adequações errôneas e ao constrangimento jurídico.

Com a profunda crise econômica, social e política em que vive o neoliberalismo em decorrência da débâcle sistêmica do capital financeiro internacional, a promoção dessa cultura do pensamento único, substrato da nova ordem mundial, intensificou-se de maneira bem mais hostil.

Com as consequências e desmoralização das políticas neoliberais, recrudesceram as agressões militares do império norte-americano e seus atuais aliados Inglaterra, Itália, França e outras nações menos importantes.

Essas incursões armadas de posse e pilhagem dos territórios sempre são precedidas de bombardeio de um outro tipo, mas não menos violento, através da grande mídia hegemônica mundial que promove uma espécie de lavagem cerebral de desinformação sobre a realidade do País agredido e as verdadeiras intenções imperiais.

Qualquer cidadão medianamente esclarecido já sabe perfeitamente que a ação militar estrangeira contra a Líbia deveu-se às suas imensas reservas petrolíferas e do gás que abastece grande parte da Europa. Além do escandaloso sequestro dos bilionários ativos financeiros do Estado líbio.

O que caracteriza a atual intervenção a esse País como o maior assalto à mão armada da História da humanidade, independente de qualquer consideração que se faça sobre o governo Kadhafi.

Mas a campanha de desinformação promovida pela grande mídia hegemônica global, que poderia ser acusada de cúmplice pelo crime de violação ao Direito Internacional de Autodeterminação das Nações, superou o princípio de Goebbels, ministro da propaganda de Hitler.

Goebbels dizia que era preciso repetir uma mentira tantas vezes, e até à exaustão, até que ela se transformasse em realidade. Essa tem sido a estratégia dos EUA, das nações europeias que participam das agressões militares através da OTAN e da grande mídia hegemônica internacional que se transformou no braço midiático do capital financeiro global.

* Advogado, membro do Comitê Central do PCdoB

Fonte:Portal Vermelho.

Antes tarde do que nunca

José Dirceu x Veja


Tudo bem que CartaCapital noticiou o fato, agora, convenhamos, o jornalista que escreveu a matéria mandou o jornalismo subjetivo, tão defendido por Mino Carta, às favas.


 
Uma conspiração contra o governo Dilma estaria sendo empreendida em um quarto de hotel em Brasília pelo ex-ministro José Dirceu, segundo a reportagem de capa da última edição da revista Veja. Fotos em preto e branco mostram o ex-chefe da Casa Civil e algumas figuras do cenário político do Governo Federal nos corredores de hotel onde o ex-ministro se hospeda. Encontros teriam sido feitos com o ex-ministro ao longo do último semestre, acompanhando a crise e sucessão de escândalos que se instaurou no Planalto desde as primeiras denúncias sobre o ex-ministro Antonio Palocci.


 
Mas a apuração acabou tornando-se caso de polícia. Um Boletim de Ocorrência foi aberto na Polícia Civil do Distrito Federal para apurar a denúncia de tentativa de invasão do quarto do ex-ministro pelo repórter Gustavo Nogueira Ribeiro, da revista Veja. Na quarta-feira 24, o jornalista, afirma Dirceu, tentou convencer uma camareira que estava hospedado na suíte do ex-ministro e que havia esquecido as chaves. A camareira não acreditou na história e comunicou a direção do hotel.


 
No mesmo dia, o ex-ministro foi informado do evento. Em nome do segurança Gilmar Lima de Souza, o episódio foi comunicado à Polícia Civil e está sendo investigado. A direção do estabelecimento afirmou, em entrevista ao blog Viomundo, que que as imagens veiculadas pela revista provavelmente não vêm do circuito interno do hotel. Se comprovado, indicaria que a revista utilizou câmeras escondidas para conseguir as imagens.

A reportagem afirma que personalidades políticas como José Sérgio Gabrielli, Fernando Pimentel, Lindbergh Farias, Devanir Ribeiro, Cândido Vaccarezza teriam procurado o petista para aconselhar-se. O conteúdo das conversas não é divulgado pela matéria; José Sérgio Gabrielli, por exemplo, apenas diz que é amigo do ex-ministro e que não iria comentar o encontro.

 
“Sou cidadão brasileiro, militante político e dirigente partidário. Essas atribuições me concedem o dever e a legitimidade de receber companheiros e amigos, ocupem ou não cargos públicos, onde quer que seja, sem precisar dar satisfações à Veja acerca de minhas atividades”, explica Dirceu em seu blog. O ex-ministro será julgado, junto com outros réus do caso do Mensalão de 2005, possivelmente no início de 2012. Reinaldo Azevedo, blogueiro e espécie de leão de chácara da publicação, afirma que o episódio mostrado pela Veja mostra que o ex-ministro continua com as mesmas práticas que foram denunciadas no escândalo do Mensalão.

 
Parceiro de Dirceu acusa jornalista de tentar entrevistá-lo usando outra identidade


 
Por tabela, o advogado Hélio Madalena acabou se envolvendo na história. Isso porque seu escritório Tessele e Madalena é quem paga e registra o quarto no hotel de luxo, utilizado por Dirceu quando este vem a Brasília. Em entrevista a CartaCapital, Madalena explica que tem um acordo de cooperação técnica com Dirceu. Quando este vai a Brasília, utiliza recursos pagos por Madalena. O mesmo ocorre quando Madalena vai à São Paulo. “Esse acordo prevê a cessão de instalações, logística, infra-estrutura e material humano quando o advogado está em trânsito, ou eu em São Paulo ou ele aqui em Brasília. Isso se chama associação de escritórios, que é um procedimento previsto pela lei e no estatuto da ordem”, diz ele. “Existe um registro disso no hotel, eu que pago. Eu uso a estrutura do escritório dele”. O funcionário Alexandre Simas de Oliveira, tido como cicerone na matéria, também é cedido por Madalena como parte deste acordo.

 
Segundo Madalena, o jornalista Gustavo Nogueira Ribeiro teria infringido novamente a lei ao tentar entrevistá-lo, utilizando outra identidade. “O jornalista ligou e se apresentou como assessor do prefeito de Varginha. Entrou aqui e começou a fazer perguntas sobre a gestão financeira da empresa”, conta ele, que acionou a Polícia Civil para investigar o caso. Dirceu afirma que o mesmo recurso teria sido usado em uma segunda tentativa de entrar no quarto onde estava hospedado, como um assessor do prefeito de Varginha que pretendia deixar uns documentos para o ex-ministro.

 
Madalena também consta como vítima no Boletim de Ocorrência que registrou a primeira tentativa de invasão. Sobre os encontros, o advogado afirma que, apesar de parceiros, cada um tem a responsabilidade sobre a atividade exercida quando atendido pela infra-estrutura alheia. “O ministro é um homem público, uma liderança partidária, tem toda uma vida pública, tem seus amigos, deve recebê-los quando achar por bem recebê-los”, diz.

 
“Ela vem numa linha Murdoch há muito tempo, agora agiu como polícia política, polícia de exceção. Elege seus alvos. Elege aquele que ela tem como inimigo para destruir”, diz ele sobre a apuração da Veja. Ele acredita que a Veja colocou a câmera aleatoriamente, não descobriu nada e quando a imagem corria o risco de se perder no tempo, virou um “factóide”.

 
Madalena afirmou que não entrará com um processo contra a revista por causa da tentativa de invasão. No entanto, pensa em processar a revista devido ao conteúdo da matéria. Na reportagem, a semanal afirma que Madalena fazia lobby político no Brasil ao magnata russo Boris Berezovski, um dos réus de ação penal brasileira, na qual há acusações de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro por transações na parceria com o Corinthians.

 
“Eu não vou entrar em processo, a não ser no caso do russo, que ele levanta uma suspeição, uma injúria, dizendo que eu fazia lobby, quando eu era assessor. No foro adequado, que é justiça, vamos questionar isso”, diz. “To examinando aqui com meu sócios a necessidade de nós, para clientes, amigos, associados, recompor a verdade dos fatos. Eu não tenho nada a ver com o russo. O único lugar que já encontrei com ele foi nas paginas da Veja”, afirma.

 
Para ele, a invasão ao quarto de Dirceu só não deu certo porque o jornalista estava mal treinado. “A tentativa frustrou-se pelo excesso de trapalhadas. É um aloprado”, diz. Apesar dos problemas, o advogado afirma que continuará alugando a suíte para uso do escritório.

 
Se comprovadas as denúncias em relação aos jornalistas da Veja, o caso será uma versão brasileira dos escândalos no tablóide News of the World, do conglomerado de Rupert Murdoch. Denúncias de escutas ilegais e práticas anti-éticas de apuração fizeram com que o jornal fosse fechado, repórteres e editores presos, sem contar as possíveis vítimas que as práticas ilegais deixaram no caminho. E seu blog, Dirceu faz a relação: “Os procedimentos da Veja se assemelham a escândalo recentemente denunciado na Inglaterra. O tablóide News of the World tinha como prática para apuração de notícias fazer escutas telefônicas ilegais (…)”.CartaCapital


Na Bolívia, Lula exalta crescimento da América Latina



Em visita à Bolívia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o crescimento econômico da América Latina é consequência da implantação de "governos progressistas" na região. Segundo ele, "nunca, em 500 anos", houve "tantos governos progressistas" na América Latina capazes de construir uma nova economia.



Lula atribuiu isto ao processo de mudança vivido na região desde os anos 2000. Ele destacou que, antes de assumir a Presidência do Brasil, em 2003, o único governo progressista era o de Hugo Chávez, na Venezuela. O brasileiro recordou que estas mudanças, inclusive no Paraguai, Argentina, Uruguai, Bolívia, Chile e Equador, permitiram abrir novos horizontes no modelo econômico local.

Segundo ele, o Brasil começou a dar preferência para as relações comerciais com os países da região e, como consequência, o intercâmbio com a América do Sul em 2010 foi de US$12 bilhões. Atualmente, as trocas chegam a US$ 83 bilhões, de acordo com Lula.

O ex-presidente chegou ontem à Bolívia para uma visita de dois dias. Ele discursou para milhares de jovens em um complexo esportivo de Santa Cruz. Lula também se reuniu com o presidente boliviano, Evo Morales, por cerca de uma hora. O presidente da nação vizinha considerou o brasileiro um mentor e um conselheiro político.

Na ocasião, Morales ainda destacou a "liderança do Brasil" na América Latina e a necessidade de fortalecer a integração e as políticas sociais regionais. "O Brasil é um irmão mais velho. Reconhecemos sua liderança na região", disse o presidente boliviano.

Lula deve participar nesta terça-feira (30) de um fórum econômico patrocinado pela construtora OAS, responsável pela obra de uma estrada que vem recebendo críticas da comunidade indígena boliviana. A rodovia cruzará de norte a sul o Parque Nacional Isiboro Sécure, a maior reserva florestal do país, cujos rios são uma importante fonte de água doce da América do Sul.

Fonte: Ansa

Ley de Medios já!

Líder do PT critica 'Veja' e defende discutir limites à imprensa

Humberto Costa, líder do PT no Senado

Humberto tem autoridade moral para cobrar limites ao PiG.Ele já sofreu covardemente com o PiG e com a Polícia Federal aliada à Serra(sim, tem uma parte da PF que é aliada à Serra) no episódio dos Vampiros.Humberto perdeu uma eleição ganha no ano de 2006 só por causa da exploração  do PiG sobre o caso.Ao final do processo, Humberto foi absolvido à unanimidade pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

"Em discurso na tribuna do Senado, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), classificou de "espionagem ilegal" reportagem da revista "Veja" do último fim de semana e diz que passou a ser necessário discutir "limites" para os órgãos de imprensa.


 
"Desde o último final de semana, nosso país, forçosamente, passou a ter a necessidade de discutir os limites de iniciativas de órgãos de imprensa danosos à imagem de pessoas públicas, a partir de acusações vazias, falaciosas, lançadas a partir de dados que nada expressam", discursou Costa.

Reportagem da revista afirmou que o ex-ministro José Dirceu, acusado de comandar o esquema do mensalão, atuou junto a políticos do PT pela queda do ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci.

A revista mostra imagens de políticos chegando para conversar com Dirceu em um hotel de Brasília entre 6 e 8 de junho, período que coincide com o período da queda de Palocci.


Em seu blog, Dirceu apresentou um boletim de ocorrência, registrado em uma delegacia de Brasília, em que acusa um repórter da revista de ter tentado invadir seu apartamento no hotel. Segundo ele, o boletim foi registrado pelo próprio hotel. Procurada, a revista não se manifestou.Folha.

Tucanos só sabem roubar

Veja bem.O PiG noticia a roubalheira da famíglia Alckmin hoje e amanhã esquece tudo que escreveu hoje.É sempre assim.



Empresa de parentes de Alckmin é suspeita de roubar R$ 4 millhões da prefeitura tucana de São Paulo



Uma empresa que tem como sócios parentes de Lu Alckmin, mulher do governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), é investigada sob suspeita de ter se beneficiado de uma fraude de R$ 4 milhões contra a Prefeitura de São Paulo, informa reportagem de Evandro Spinelli e Giba Bergamim Jr., publicada na Folha desta terça-feira.


O esquema, que também envolve outras empresas, foi alvo de operação em conjunto da Corregedoria Geral do Município, Polícia Civil e Ministério Público e resultou na prisão de quatro pessoas na última sexta-feira (26).
Lu Alckmin, primeira-dama de São Paulo
Lu Alckmin, primeira-dama de São Paulo


rentes de Lu Alckmin --Wall Street Empreendimentos e Participações-- falsificou documentos para pagar um valor menor de taxas cobradas para autorizar a construção de prédios. A taxa em questão é a outorga onerosa, dispositivo que permite a construção de imóveis acima do limite previsto, mediante pagamento à prefeitura.


Por conta das fraudes, a Prefeitura de São Paulo promete interditar a partir desta terça-feira (30) as obras de 21 prédios, alguns deles de alto luxo, nas zonas leste e oeste da cidade.


Os responsáveis pela Wall Street não responderam aos oito recados deixados pela Folha na empresa ontem.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

o jeito tucano de governar:Plano de Alckmin reduz promessas de campanha




Alckmin diz que cumprirá promessas de campanha (Foto: André Lessa/AE)


O Plano Plurianual (PPA) do Estado de 2012 a 2015, que deve pautar quase toda a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) no governo paulista revê – e em muitos casos reduz – promessas que o tucano fez durante a campanha ao Palácio dos Bandeirantes em 2010. A assessoria de Alckmin nega a redução e diz que as metas serão cumpridas (leia abaixo).


O Jornal da Tarde confrontou os 184 compromissos assumidos por Alckmin – destacados no site da campanha do tucano e publicados pelo JT após a eleição, em 4 de outubro – com os projetos previstos no Orçamento deste ano e no PPA, enviado este mês à Assembleia Legislativa (veja no quadro ao lado).


O levantamento mostra que as promessas revistas se concentram na área de transportes. Na campanha, Alckmin disse, por exemplo, que faria 30 km de metrô em quatro anos, mas algumas linhas podem não ficar prontas até 2015, segundo o PPA.


Metrô



É o caso do trecho da Linha 4-Amarela entre a Vila Sônia e a estação da Luz. “Nós vamos terminar a Linha 4 do Metrô”, prometeu Alckmin no programa do horário eleitoral exibido na TV no dia 25 de agosto de 2010. No PPA, contudo, a previsão é que 87% do trajeto esteja concluído até 2015. O governo diz que acabará a obra no prazo.


Já a Linha 6-Laranja, que vai ligar a Brasilândia à estação São Joaquim, da Linha 1-Azul, prometida na campanha no mesmo programa do tucano, terá 31% do trajeto implantado, segundo previsão do PPA. O governo afirma que o projeto está em andamento e que Alckmin disse que iniciaria a obra.


Corredor, VLT e trem



Em agenda na cidade de Hortolândia, em setembro do ano passado, o então candidato prometeu concluir o Corredor Metropolitano Noroeste, que interliga cidades da região de Campinas, com a expansão até Santa Bárbara d’Oeste. A promessa foi reproduzida na conta de Twitter da campanha, Geraldo45, no mesmo dia. Mas, no PPA, Alckmin prevê que apenas 20% da expansão estarão implantados nos próximos quatro anos. O governo diz que a meta do PPA é “conservadora” e deve ser readequada.


Para a Baixada Santista, Alckmin se comprometeu a levar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que ligará Santos, São Vicente e Praia Grande. “Melhoria do transporte público na Baixada Santista com o metrô de superfície, compromisso de @geraldoalckmin”, prometeu no Twitter. No PPA, porém, o governador indica que, até 2015, a previsão é ter feito 30% do trecho projetado. A assessoria do tucano afirma que a primeira etapa do projeto será concluída até 2014, e os demais trechos serão implantados nos anos seguintes.


Já o trem regional ligando São Paulo a Sorocaba, que o tucano estabeleceu como meta na campanha no programa de TV do dia 6 de setembro, tem previsão no PPA de 3,1% do trecho implantado. O governo nega a promessa de conclusão no mandato.


Outras diferenças ocorrem na compra de trens para a CPTM, no total de quilômetros de estradas vicinais asfaltadas, no número de piscinões construídos e na inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho (leia mais ao lado).


Bases distintas



O acompanhamento em alguns casos é mais difícil de ser feito pois o PPA faz previsões em bases distintas do que foi dito em campanha. É o caso da construção de oito hospitais e 20 Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs) – o PPA prevê 713.607 m² de obras realizadas em prédios hospitalares – e de 30 Centros de Detenção Provisória (CDPs) – o PPA prevê 30.096 novas vagas para detentos. Segundo afirmou o governo, os números nesses casos indicam entrega de obras acima do que foi prometido em campanha.


Outro lado



O governo do Estado informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o Plano Plurianual (PPA) não pode ser confundido com a peça orçamentária anual. “O primeiro estabelece as diretrizes, objetivos e metas da administração pública estadual para um período de quatro anos. O segundo define em detalhe, anualmente, o gasto e as ações do governo em cada programa.” Segundo o governo, é preciso esperar pelo final do mandato para mostrar o que foi feito e o que deixou de ser feito.


A assessoria do Palácio dos Bandeirantes cita como exemplo a promessa de construção de 30 Centros de Detenção Provisória (CDPs). “O PPA menciona a criação de vagas em presídios e CDPs (30.096, aliás), mais do que suficientes para cumprir o prometido na campanha.” O mesmo, afirma o governo, ocorre com as unidades de Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs). “A meta está expressa em metros quadrados de obras e reformas concluídas, e o valor expresso no PPA é, também, mais do que suficiente para o cumprimento da promessa eleitoral.”


‘Futurologia’



Segundo o governo, o Jornal da Tarde faz “exercício de futurologia sobre as realizações da gestão Alckmin, que nem completou seu primeiro ano”. A assessoria de imprensa questiona ainda que a reportagem compara o governo Alckmin, que vai de 2011 a 2014, com o PPA, que engloba 2012 a 2015. “Desconsidera, por exemplo, as variações da arrecadação tributária e seu impacto nas ações do governo, que são anualmente dimensionadas quando da elaboração da lei orçamentária”, afirma.


A assessoria de Alckmin informa ainda que há promessas de campanha do tucano que foram concluídas no primeiro ano de governo, como a Via Rápida para o Emprego, programa de capacitação de mão de obra, o reajuste do salários de policiais, as fábricas de cultura, a criação da Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano e uma unidade da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) na Baixada Santista, entre outras.Jornal da Tarde