Quem lê uma pesquisa foi avisado de que ela pode errar e é alertado sobre quanto. É como fumar conhecendo o que está escrito no maço
Se as diferenças entre as pesquisas surpreendem até quem as faz, imagine as pessoas que não estão familiarizadas com elas. Desde o jornalista especializado ao cidadão comum, a surpresa pode se tornar perplexidade.
Estamos vivendo uma fase de pesquisas discrepantes, após meses de convergência das que foram publicadas a respeito das próximas eleições presidenciais. O que parecia um consenso entre institutos e levantamentos tornou-se uma polêmica.
É curioso notar que quem é hoje demonizado era, até ontem, tratado com consideração. Os institutos, seus responsáveis e métodos de trabalho não eram questionados por ninguém, nem no meio político, pelos partidários de Dilma ou de Serra, nem pela imprensa, que informava os resultados de cada um com a imparcialidade possível. Agora, parece que todo mundo virou culpado de alguma coisa.
De fato, para quem tem o hábito de acompanhar as pesquisas brasileiras, as diferenças recentes podem soar estranhas. Estamos acostumados, depois de muitas eleições, a não ver maiores variações entre elas. Os institutos tendem a acertar (quase sempre) e a errar (de vez em quando) juntos.
Nos Estados Unidos, por exemplo, variações como as dos últimos dias, de até 10 pontos percentuais entre um e outro instituto, são consideradas normais. Seria até ridículo o Partido Republicano entrar na Justiça contra alguém que fez uma pesquisa mostrando Obama na frente. Já na Argentina, todos diriam que são modestas, pois a regra, por lá, é de as pesquisas apresentarem diferenças abissais. Em poucos países do mundo se daria atenção às que estamos vendo por aqui e, certamente, não se especularia sobre se provêm de algo escuso.
Todos sabem que há diferenças de metodologia entre os institutos brasileiros, que decorrem de suas opções técnicas e operacionais. Nenhuma é melhor que a outra, pois todas apresentam prós e contras. Não existe, em nenhum lugar do mundo, o manual da pesquisa perfeita, a ser obedecido por todos. É um sonho autoritário (e inviável) imaginar o dia em que só haverá uma metodologia, aplicada por um só instituto. Se chegasse, nenhum democrata teria o que comemorar.
Uma das melhores coisas das pesquisas é que elas são inteiramente francas sobre algo que as outras informações que o eleitorado recebe costumam não explicitar: que são falíveis. Quem lê uma pesquisa foi avisado de que ela pode errar e é alertado sobre quanto. É como fumar conhecendo o que está escrito no maço.
Ao avaliar as pesquisas, as margens de erro não são coisas para registrar e esquecer, mas para lembrar. Não é o mais provável, mas é perfeitamente possível que 10 pontos de diferença entre Serra e Dilma (consideradas as margens) sejam cinco pontos, o mesmo que diz uma pesquisa cujo resultado é uma diferença de um ponto entre os dois. Politicamente, 10 pontos ou um fazem uma enorme diferença, mas podem não ser nada (ou quase nada) em termos estatísticos.
Quem analisar com mais cuidado as pesquisas de agora vai perceber que são unânimes na caracterização das intenções espontâneas de voto. Na mais recente do Ibope, Dilma tem 15% e Serra 14%. Na Vox, Dilma soma 15% e Serra 12%. No Datafolha, Dilma tem 13% e Serra 12%. Na Sensus, Dilma apresentava 16%, Serra 14%. Em qualquer lugar do mundo, quem olhasse esses números diria que os institutos brasileiros estão inteiramente de acordo sobre o que pensam os eleitores mais definidos, os que tendem a ser mais politizados e interessados nas eleições.
Mas o mesmo consenso não acontece na caracterização das intenções de voto dos que só respondem em quem votariam depois de estimulados. As diferenças de metodologia explicam parte da discrepância (mesmo que, do ponto de vista estatístico, sequer se possa afirmar que ela existe).
O mais provável, contudo, é que elas variem apenas por não haver, ainda, suficiente cristalização das intenções de voto no universo do eleitorado. É o fenômeno que se quer retratar que é volátil, não que alguma pesquisa esteja certa e as outras erradas.
Aliás, pesquisa certa ninguém sabe qual é. Só em 3 de outubro teremos certeza sobre o que os eleitores, de fato, querem. Até lá, o máximo que podemos fazer são pesquisas bem feitas, e isso todos tentam. Tolo é quem acha que só ele consegue.
Se as diferenças entre as pesquisas surpreendem até quem as faz, imagine as pessoas que não estão familiarizadas com elas. Desde o jornalista especializado ao cidadão comum, a surpresa pode se tornar perplexidade.
Estamos vivendo uma fase de pesquisas discrepantes, após meses de convergência das que foram publicadas a respeito das próximas eleições presidenciais. O que parecia um consenso entre institutos e levantamentos tornou-se uma polêmica.
É curioso notar que quem é hoje demonizado era, até ontem, tratado com consideração. Os institutos, seus responsáveis e métodos de trabalho não eram questionados por ninguém, nem no meio político, pelos partidários de Dilma ou de Serra, nem pela imprensa, que informava os resultados de cada um com a imparcialidade possível. Agora, parece que todo mundo virou culpado de alguma coisa.
De fato, para quem tem o hábito de acompanhar as pesquisas brasileiras, as diferenças recentes podem soar estranhas. Estamos acostumados, depois de muitas eleições, a não ver maiores variações entre elas. Os institutos tendem a acertar (quase sempre) e a errar (de vez em quando) juntos.
Nos Estados Unidos, por exemplo, variações como as dos últimos dias, de até 10 pontos percentuais entre um e outro instituto, são consideradas normais. Seria até ridículo o Partido Republicano entrar na Justiça contra alguém que fez uma pesquisa mostrando Obama na frente. Já na Argentina, todos diriam que são modestas, pois a regra, por lá, é de as pesquisas apresentarem diferenças abissais. Em poucos países do mundo se daria atenção às que estamos vendo por aqui e, certamente, não se especularia sobre se provêm de algo escuso.
Todos sabem que há diferenças de metodologia entre os institutos brasileiros, que decorrem de suas opções técnicas e operacionais. Nenhuma é melhor que a outra, pois todas apresentam prós e contras. Não existe, em nenhum lugar do mundo, o manual da pesquisa perfeita, a ser obedecido por todos. É um sonho autoritário (e inviável) imaginar o dia em que só haverá uma metodologia, aplicada por um só instituto. Se chegasse, nenhum democrata teria o que comemorar.
Uma das melhores coisas das pesquisas é que elas são inteiramente francas sobre algo que as outras informações que o eleitorado recebe costumam não explicitar: que são falíveis. Quem lê uma pesquisa foi avisado de que ela pode errar e é alertado sobre quanto. É como fumar conhecendo o que está escrito no maço.
Ao avaliar as pesquisas, as margens de erro não são coisas para registrar e esquecer, mas para lembrar. Não é o mais provável, mas é perfeitamente possível que 10 pontos de diferença entre Serra e Dilma (consideradas as margens) sejam cinco pontos, o mesmo que diz uma pesquisa cujo resultado é uma diferença de um ponto entre os dois. Politicamente, 10 pontos ou um fazem uma enorme diferença, mas podem não ser nada (ou quase nada) em termos estatísticos.
Quem analisar com mais cuidado as pesquisas de agora vai perceber que são unânimes na caracterização das intenções espontâneas de voto. Na mais recente do Ibope, Dilma tem 15% e Serra 14%. Na Vox, Dilma soma 15% e Serra 12%. No Datafolha, Dilma tem 13% e Serra 12%. Na Sensus, Dilma apresentava 16%, Serra 14%. Em qualquer lugar do mundo, quem olhasse esses números diria que os institutos brasileiros estão inteiramente de acordo sobre o que pensam os eleitores mais definidos, os que tendem a ser mais politizados e interessados nas eleições.
Mas o mesmo consenso não acontece na caracterização das intenções de voto dos que só respondem em quem votariam depois de estimulados. As diferenças de metodologia explicam parte da discrepância (mesmo que, do ponto de vista estatístico, sequer se possa afirmar que ela existe).
O mais provável, contudo, é que elas variem apenas por não haver, ainda, suficiente cristalização das intenções de voto no universo do eleitorado. É o fenômeno que se quer retratar que é volátil, não que alguma pesquisa esteja certa e as outras erradas.
Aliás, pesquisa certa ninguém sabe qual é. Só em 3 de outubro teremos certeza sobre o que os eleitores, de fato, querem. Até lá, o máximo que podemos fazer são pesquisas bem feitas, e isso todos tentam. Tolo é quem acha que só ele consegue.
Marcos Coimbra sociólogo e presidente do instituto vox populi
2 comentários:
Tucanos pagam pelas pesquisas para se enganar e ludibriar o povão.Globope,Ratafolha fazem o que os patrões exigem.A camarilha do FHC é pró-ianque,fazem o jogo dos americanos imperialistas para entregar nossas riquezas de mão beijada.FHC teve algo com a CIA.Demotucanalhas são representantes da elite escravocrata que adora sentar no colo de americanos.
Xiko, é isso aí, pau nesses tucanos malditos.
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