sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O documentário “Helicoca” volta ao YouTube — e estamos mais perto de descobrir quem pediu a censura

Assista antes que os tucanos corruptos tirem do ar.

scalvini

A censura ao nosso documentário “Helicoca – O Helicóptero de 50 milhões de reais”, retirado arbitrariamente do YouTube, repercutiu no site americano Global Voices Advocacy, mantido por organizações dedicadas a proteger a liberdade de expressão e o “acesso à informação online”.

A matéria cita também o caso da jornalista Ana Paula Freitas, que teve um vídeo removido por causa de uma reclamação de direitos autorais por um certo George Scalvini. As imagens mostravam uma cena do reality show “A Fazenda” em que uma mulher bêbada tenta convencer a amiga a sair da piscina, onde nada pelada. O título é “Quando eu descubro que meus amigos vão votar no Aécio Neves”.

A suspeita de envolvimento de Aécio nos dois episódios se deve, segundo a reportagem, “às várias tentativas de calar as críticas” pelas quais ele é conhecido.

O George Scalvini de Ana Paula é primo do nosso Jorge Scalvini. Em comum, o fato de que nenhum deles existe. São perfis fakes. Alguém entra com um nome falso, o Google acata a denúncia (chama-se “notice and takedown”) e cabe à vítima provar sua inocência.

A intenção das pessoas que estão por trás dessas manobras é não deixar rastros. Só que deixam e nós estamos chegando perto delas.

O YouTube acatou nossa defesa e liberou o “Helicoca” depois de duas semanas. Um email assinado pelo departamento jurídico avisa o seguinte: “Nós determinamos que o pedido de retirada de direitos autorais que recebemos para essas URLs era inválido.”

Ali está a profissão alegada de Scalvini: “cinegrafista”. A violação de copyright: “meus trabalhos de arte”. Trecho violado do conteúdo: “vídeo inteiro”.

O farsante teve de garantir: “Eu atesto em boa fé que: eu sou o dono, ou um agente autorizado em nome do proprietário de um direito exclusivo que supostamente está sendo infringido. Eu tenho crença de boa fé que o uso do material da forma reclamada não está autorizado pelo proprietário dos direitos autorais, seu agente ou pela lei. Esta notificação é exata.

Reconheço que pode haver consequências legais adversas para fazer alegações falsas ou de má-fé de violação de direitos autorais usando este processo. Eu entendo que o abuso deste instrumento resultará no cancelamento de minha conta do YouTube.

Assinatura Autorizada: Jorge Scalvini”,

O endereço que deu é Av. Pres. Vargas, 132, em Belém. O telefone é 91 4009-2501. O número não atende. O local indicado é o de um hotel. Ligamos para lá e, claro, ninguém nunca ouviu falar de Jorge Scalvini.

O escritório de advocacia que nos representa está pedindo ao Google o IP de onde partiu a reivindicação mentirosa de direitos autorais. Esse estelionato teve o mérito de tornar conhecidos os meios pelos quais o pessoal opera. Acabou também fazendo com que várias cópias do “Helicoca” fossem produzidas e inundassem a rede.

E agora o original voltou a voar por aí. Está com 159 mil visualizações. Assista comigo no replay:



Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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