Antes de mais nada, quero agradecer ao poeta Lula Miranda por ter citado meu blog neste seu artigo.Fico lisongeado por estar no meio de tantos blogueiros valorosos, tais como Nassif, Paulo Henrique Amorim, Saraiva, Eduardo Guimarães, Marco Aurélio, Miro e tantos outros.
Cá entre nós, a melhor homenagem e reverência que se pode fazer a esse grande observador e comentarista da nossa cena política é deixá-lo assim mesmo, no anonimato
Leitor de esquerda que se preza já leu algum texto de Saul Leblon – seja na Carta Maior ou em qualquer outro espaço da mídia alternativa: Viomundo, Escrevinhador, Conversa Afiada, Brasil 247, Luis Nassif Online, Blog da Cidadania, Blog do Miro, RS Urgente, Barão de Itararé, Olhos do Sertão, O Terror do Nordeste, Blog do Saraiva e tantos outros. É o homem do já famoso Blog das Frases – um recordista em acessos. É o cara que está em todos os sítios do chamado “lado de cá”, e em todos os lugares que acolhem os ideais mais progressistas e humanistas; sim, ele é “o cara”.
A verve e argúcia deste “personagem” da blogosfera é admirável e digna de louvor. Percebe-se que ele é um dos mestres, um dos raros “virtuoses” da palavra (e das ideias) entre nós, os “escribas” do campo das esquerdas. A logopéia [“a dança do intelecto entre as palavras” – by Ezra Pound] que caracteriza seus textos é quase tão cadenciada e admirável quanto aquela coreografia dançada por Jorge Dom, feita para o bolero de Ravel [“Forçou a amizade” – vc deve estar pensando]. Ler um texto seu é uma experiência tão prazerosa como escutar uma boa música ou comer um bom prato de feijão com arroz. Exagero meu?
Certamente, na condição de leitor e frequentador assíduo de algumas dessas verdadeiras Ágoras do mundo virtual citadas acima, você já conhece esse “personagem” – quero dizer, conhece seus textos e estilo. Não conhece? Se não, precisa conhecer.
Mas aqui cabe a pergunta fundamental: você realmente conhece Saul Leblon? Sabe quem ele é? Já leu algum livro ou assistiu a alguma palestra dele? SB tem CPF? Já viu a sua face ou biografia estampada em algum de seus textos? Já encontrou com ele nas ruas da cidade; na padaria; no supermercado ou na farmácia? Provavelmente não.
Repito então a questão: quem é Saul Leblon?
Já fiz até uma consulta aos editores dos principais blogs. Sim, eles publicam seus textos e até elogiam seu trabalho, mas... Não, não conhecem a figura. Não sabe quem é (?!). Sacou o lance? Todos repercutem Leblon, mas ninguém sabe quem ele é!
Por muito tempo desconfiei ser uma espécie de alterego ou pseudônimo de algum dos nossos. Seu nome seria um simulacro um tanto jocoso, uma pilhéria? O “Saul”, segundo essa minha tese ou suposição, sinalizaria sua ascendência judaica. Saul, o primeiro rei de Israel, belo, corpulento e vaidoso, que foi tomado pela insânia dos poderosos e deserdado por Deus. E o “Leblon” seria pelo fato de ser morador ou uma espécie de “garoto-propaganda” do aprazível e “descolado” bairro carioca. Ou eu teria caído em sua esparrela semântica? Ou seria ele em verdade apenas um paulista que curte o Rio de Janeiro ou um “carioca-paulista”? Bom, “carioca-paulista” já temos, para o nosso gáudio (rs), o impagável Paulo Henrique Amorim. Mas PHA, com seu estilo inconfundível, estou seguro, não é Saul Leblon. Ou, melhor dizendo, Saul Leblon não é Paulo Henrique.
Então quem seria esse tal de Saul Leblon? Seria irmão do Professor Hariovaldo [Almeida Prado]? Do Stanley Burburinho? Ah, esses outros dois mereciam uma crônica à parte.
Esses personagens da blogosfera...
Quem é Saul Leblon? A princípio pensei que era um pseudônimo utilizado pelo professor Flávio Aguiar – também este um virtuoso dessa nossa vã logopéia. Já desconfiei até que fosse o Marco Aurélio Weissheimer, o gaúcho editor-chefe da “Carta Maior” – o cara que “carrega o piano” para os artistas tocarem, mas que quando resolve tocar... sai de baixo.
Já pensei também ser um, digamos, “disfarce autoral” utilizado pelo velho e discreto “Palha” [Joaquim Palhares, um dos fundadores e “sócio-majoritário” da “Carta”]. Será que estava errado em todas essas minhas suposições? Quem é Saulo Leblon, afinal?!
Será ele um velho quadro do “partidão”, professor da ECA, disfarçado, camuflado por detrás de um nome assim “esquisito”, que soasse assim um tanto “cafona” ou “retrô”; escondendo-se, não sem uma leve e indispensável pitada de sarcasmo, da patrulha do “neomacartismo” à brasileira? Pouco importa.
Cá entre nós, a melhor homenagem e reverência que se pode fazer a esse grande observador e comentarista da nossa cena política é deixá-lo assim mesmo, no anonimato; envolto nessa dúvida, nessa penumbra e charmoso “mistério”. Já nos ensinava um dos senhores da guerra: a vaidade enfraquece o combatente.
De sorte que, após ler seus textos, reste-nos sempre essa pergunta: quem diabos afinal é esse tal de Saul Leblon que sempre aparece, no momento certo, com seus comentários precisos, luminosos, nesses dias de espetacular banalidade e anomia. À maneira de um exímio esgrimista, com seu golpe final, ele nos alegra e redime: touché!
Você sabe, caro leitor? Quem é Saul Leblon, esse célebre desconhecido? Eu, confesso, só descobri muito recentemente. Foi aí que resolvi, já com um certo atraso, diga-se, escrever esse texto em sua homenagem.
Quer saber? Vou lhes revelar agora. Saul Leblon é, de fato, Saul Leblon. Simples assim. Mais não conto. Ou você arriscaria algum outro palpite?
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