LULA MIRANDA
O candidato derrotado à prefeitura de São Paulo José Serra será, novamente, por mais absurdo que isso possa soar, candidato a presidente da República em 2014
O candidato derrotado à prefeitura de São Paulo, José Serra, será, novamente, por mais incômodo ou absurdo que isso possa soar para alguns, candidato a presidente da República em 2014. Recomendo aos mais distraídos e esquecidos: tomem nota desta minha afirmação aí na sua agenda. Digo mais: poderá sair candidato tanto pelo PSDB quanto pelo PSD, partido recém-criado pelo seu "pupilo" e cacique novo, Gilberto Kassab – como, aliás, alguns analistas políticos já chegaram a especular por aí. E sairá, mais uma vez, "imbatível" e "determinado". Por que afirmo isso?
Creio ser ocioso lembrar aqui que ocupar a presidência da República sempre foi uma espécie de obsessão cega para o eterno candidato tucano. Isso, dizem os puídos papiros da mitologia do jornalismo, um pouco por culpa do velho Frias, que teria dito certa feita em uma suposta reunião "intramuros", no vetusto prédio da Rua Barão de Limeira, que ali, diante dele, estava um homem público predestinado a essa "missão". Não à toa, maldizem alguns, a Folha é atavicamente "serrista" até hoje. Mas isso seria mera "fofoca" – não é mesmo? Malogrou a predição.
Seria precipitado interpretar suas palavras em seu canto de derrotado na última eleição? "Minha mensagem de despedida nesse momento não é um adeus, mas é um até logo". O que viria a ser esse "até logo": uma candidatura à Presidência ou ao Senado? Quem se importa?! Ele já fizera discurso semelhante em sua derrota em 2010. Alguém já disse que o tucano seria capaz de pisar no pescoço de qualquer um de seus adversários, mas também dos seus próprios correligionários, para alcançar o mais alto cargo da República. Em 2010, contra Dilma Rousseff, já deixara evidente essa sua peculiar característica, reiterada nesse último pleito: pisou em muita gente, inclusive na própria biografia. Vamos a ela.
Sejamos honestos, ironia e cinismo à parte José Serra, independente de avaliações mais "subjetivas" de seu caráter e ideologia, tem currículo para tanto. Seguramente tem pelo menos 30 anos de vida pública. Já foi secretário de Estado, deputado, senador da República, ministro, prefeito, governador... Qual o cargo que ainda lhe falta no currículo? O de vereador? Enganam-se, portanto, aqueles que acham, pela mera expressão do desejo, ou mero palpite, que sua carreira política estaria enfim encerrada – como, aliás, poderia recomendar seu alto grau de rejeição apurado em pesquisas recentes e o desejo de muitos brasileiros.
E por que o candidato seria ele, Serra, e não outro nome do seu partido? Explico: Geraldo Alckmin será obrigado a defender a sua reeleição no estado de São Paulo, pois a última cidadela tucana está cercada por todos os lados pelo chamado "perigo vermelho" – algumas das principais cidades da grande São Paulo serão administradas pelo PT (ou aliados) a partir de 2013. E a gestão tucana em São Paulo, cumpre lembrar, já padece do natural desgaste [a tal fadiga de material] após várias gestões seguidas – e mais de 20 anos de governo. Até mesmo alguns "formuladores" do próprio partido já clamam por alternância de poder, em desalentadores artigos publicados nos jornais amigos. Aécio Neves, está se provando a cada dia que passa, seja em sua atuação como senador em Brasília ou em seus passeios hedonistas pela cidade maravilhosa, ainda não está lá muito "maduro", digamos assim, para concorrer à Presidência. Alguém discorda disso – senão o próprio? Que atire a primeira pedra.
Ou seja, os tucanos estão ao que parece sem discurso e sem quadros partidários a altura para fazer frente à avassaladora supremacia da "santíssima trindade" que hoje detém o protagonismo da política brasileira: PT, PSB e PMDB – não necessariamente nessa ordem. É só checar o número de prefeitos que esses partidos conseguiram eleger nessas eleições de 2012. A menos que planejem "ressuscitar" FHC – pois este, tal qual Lázaro da parábola bíblica, apenas dorme o sono dos justos e despertará para a glória dos bem nascidos. Por que não?
O imberbe Aécio deverá desde já despertar para a verdade e colocar as barbas de molho, pois o imprensa serrista de São Paulo, bem como seus arapongas com dossiês a preços de ocasião, estarão sempre a postos para abalroar e, se necessário, fazer afundar qualquer candidatura que venha lá das Minas Gerais – ou de qualquer outro rincão desse imenso Brasil para além da Barão de Limeira e de Higienópolis [alguém ainda se lembra do caso Lunus?]. Isto, claro, se o jovem senador da República não for antes engolfado pelas suas próprias deficiências e tropeços. O neto de Tancredo vai ter que enfrentar, sim, também ele, a ROTA [Rondas Ostensivas Tobias Aguiar] da política brasileira. Já com relação ao neto do velho Arraes esse dificilmente se meterá nessa esparrela. Sabe que a política tem fila e que a fila anda, sem solavancos ou fura-filas.
É preciso que aprendamos como dormitam os mortos – e os perdedores.
Um comentário:
Oba! Tomara que ele candidate pelo PSDB e o Eduardo Campos Candidate pelo PSB com o Aécio de vice. Vai ser sopa nomel.Prá nóis fritar eles!
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