O PSDB se prestou ao papel ridículo de colocar em dúvida a urna eletrônica e a lisura do processo eleitoral brasileiro.
A razão? Boatos. De onde? Das redes sociais.
Com a coerência que lhe é peculiar, o Partido tomou essa iniciativa só depois de ser informado de sua derrota. Para o PDSB, lisura é quando eles ganham as eleições.
A petição feita pelo PSDB merece moldura. É a confissão de um partido que se reivindica a reencarnação da UDN, com o mesmo golpismo e o mesmo gosto por questionar resultados das urnas com ameaças jurídicas que, em qualquer tribunal, deveriam ser consideradas litigância de má fé.
Se é assim que o PSDB prefere, que sobre ele recaia a maldição que acompanhou a UDN do início ao fim: a maldição de sempre perder eleições presidenciais.
Mas todos esperamos que o Judiciário realmente tome providências sobre algumas questões que abalaram o processo eleitoral brasileiro da maneira mais abjeta.
A primeira delas foram os ataques de ódio perpetrado contra pobres, nordestinos e nortistas. Muitos deles são crimes explícitos e inafiançáveis.
O PSDB, mais uma vez fingindo que não sabe o que acontece neste país - enquanto acusa a maioria dos brasileiros de ser desinformada -, protocolou ação para que fosse investigada a origem de quem postava tais comentários.
Esperamos que a Justiça informe ao PSDB o óbvio: de que foram alguns de seus mais fiéis eleitores que fizeram isso, devidamente paramentados de adesivos e avatares de seu candidato, Aécio Neves.
Um vereador do PSDB da capital paulista, Paulo Telhada, esbravejou contra o resultado da eleição e propôs a separação do Sul e de parte do Sudeste.
Parece que Minas e Rio não seriam mais aceitos nesse cordão sanitário tucano. Aécio, que mora no Rio e pousa de vez em quando em Minas, doravante %u20Bprecisaria de passaporte e visto de turista - nada mais justo%u20B
O PSDB, que é tão atento às redes sociais, ainda não se manifestou sobre a mensagem que tornou-se viral (nome bem adequado) de uma de suas eleitoras que, ao anunciar estar trocando o Brasil pela Disney, acusou a maioria dos brasileiros de ser formada por "miseráveis, imbecis e burros".
A quem, nas redes sociais, o PSDB anda dando ouvidos?
Realmente, é preciso reconhecer, houve uma grande fraude eleitoral nesta eleição e que alterou significativamente o resultado: foi a insidiosa matéria da revista da Marginal Pinheiros, que produziu uma capa notoriamente mentirosa para ser usada por seu candidato e distribuída como panfleto no meio da rua.
Algo que serviu para ser usado por Aécio em seu último debate e também em seu último programa eleitoral de rádio e tevê.
A fraude foi também replicada em manchetes de jornais, telejornais e programas de rádio - como se fosse notícia, como se fosse jornalismo, como se fosse sério.
Serviu, como foi amplamente documentado, para o PSDB imprimir e distribuir no meio da rua por seus cabos eleitorais, em sua campanha de boca de urna.
O panfleto com a capa de Veja foi o mar de lama que correu a céu aberto no sábado e no domingo.
O PSDB e sua coligação deveriam ser investigados pelo descumprimento da decisão do TSE que impediu a divulgação da revista, considerada, com razão, propaganda paga do candidato.
Os recursos utilizados para esse fim deveriam ser devolvidos ao fundo partidário, com juros e correção.
Se alguma dúvida existe sobre esta eleição é a de quantos votos Aécio realmente recebeu de forma limpa, sem a manipulação gerada por uma fraude que entra para a História como uma das piores já montadas para se tentar eleger um presidente.
Antonio Lassance
Antonio Lassance é doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB
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