Autor: Fernando Brito
Saiu na Folha, para espanto dos que ainda se recordam da palavra “decoro”.
“Procuradores da República no Paraná manifestaram apoio a delegados da Polícia Federal ligados à operação Lava Jato que declararam apoio ao então candidato Aécio Neves (PSDB) à Presidência. Segundo reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, esses delegados manifestaram apoio ao tucano e atacaram o PT em redes sociais no período de campanha à Presidência da República. A reportagem aponta que eles compartilharam propaganda eleitoral de Aécio e notícias sobre o depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.”
Chegou a este ponto o nível que uma geração de prepotentes levaram as instituições brasileiras.
O Ministério Público saindo em defesa de um comportamento, no mínimo, vergonhoso dos delegados futriqueiros, sob a alegação de que não violaram a lei, embora tenham violado o decoro da função.
Daqui a pouco teremos juízes despindo a toga, indo a manifestação dos “impixistas”, voltando e vestindo seus paramentos de julgador.
Ou Gilmar Mendes discutindo os casos do STF no Twitter, que tal?
Pois, segundo os mui doutos promotores, “”em nosso país, expressar opinião privada, mesmo que em forma de gracejos, sobre assuntos políticos é constitucionalmente permitida, em nada afetando o conteúdo e a lisura dos procedimentos processuais em andamento”.
Ora, rede social não é “opinião privada”. Ninguém está questionando o que o delegado comentou com a mulher, depois do jantar, até porque isso só poderia ser sabido por espionagem imunda.
Um delegado de Polícia, ainda mais da Federal, está obrigado a ter, em assuntos que estejam sob sua atuação profissional, um mínimo de recato e compostura.
O que, como se vê agora, também anda em falta entre os senhores promotores que com eles partilham a instrução dos processos.
O Doutor Rodrigo Janot também foi publicamente desafiado por seus subordinados do Paraná, como o diretor da Polícia Federal e do Ministério da Justiça o foram pelos delegados “feicibuquistas”.
Mas vão ficar quietinhos, fingindo que não viram.
Virou festa tucana o inquérito.
O Congresso, a Presidência, os advogados dos acusados, ninguém tem acesso ao processo, cujo sigilo de Justiça, porém, não existe para a Veja e para os grupos do Facebook.
E o pior, até os corruptos podem sair isentos desta história, por conta da contaminação política de um inquérito que deveria estar sendo conduzido com a maior seriedade e rigor por delegados e procuradores. Se amanhã, depois destas pataquadas, ficar evidente que houve contaminação política do processo e a validade das eventuais provas for atingida, cai tudo por terra.
Tijolaço.
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