terça-feira, 11 de novembro de 2014

O ódio que jorrou da carta de demissão de Marta Suplicy

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Deselegante
Deselegante
Só muito ódio pode explicar a carta de demissão de Marta Suplicy.
Cartas de demissão devem ser breves: o de Marta é um tratado em que ela faz um deselegante autoelogio e ainda mais deselegantes críticas à condução da economia pela ex-chefa.
Marta Suplicy não foi o único integrante do ministério de Dilma a falar mais do que devia.
Numa entrevista à BBC, o ministro Gilberto de Carvalho, outro que se vai, disse que Dilma pecou por se manter distante dos movimentos sociais.
Pergunta: o que Gilberto de Carvalho fez para que Dilma ficasse mais próxima dos grupos sociais?
O mau comportamento dos dois ex-ministros contrasta com a discrição exemplar do único integrante da equipe de Dilma a ser publicamente imolado: Guido Mantega.
Terão que passar alguns anos para que se possa avaliar com mais clareza o desempenho de Mantega.
Outros ex-ministros da Economia não resistiram ao teste do tempo.
O legado de Delfim Netto, por exemplo, foi um Brasil ainda mais desigual socialmente do que era quando ele virou czar da Economia.
O país quebrou sob Delfim, e não estou falando em sentido figurado. O país foi obrigado a fazer um pedido espetacular de moratória em Nova York.
Fora isso,  Delfim deixou uma inflação bem maior do que a que herdou.
Se há um mérito em Delfim, é que ele foi o coveiro do Regime de 1964.
O general Figueiredo, o último ditador, substituiu Mario Simonsen por Delfim, confiante em que este faria o Brasil crescer.
Delfim levou a economia à ruína, e isso inviabilizou a ditadura militar. A sociedade estava de tal forma desarranjada que ou os militares preparavam sua saída ou seriam enxotados.
A história fará justiça a Delfim, já que o presente não faz: Lula e Dilma o têm em alta conta, e a mídia sempre quer ouvi-lo.
Mantega manteve o país razoavelmente de pé em meio a uma terrível crise internacional.
O nível de emprego foi preservado, e só quem está desempregado sabe quanto isto é importante.
O Brasil, nos últimos anos, cresceu menos do que seria desejável, mas isso aconteceu virtualmente com todo o planeta.
Até a China perdeu velocidade, e a economia da poderosa Alemanha se arrasta, com índices desoladores.
Uma discussão econômica desonesta quis fazer o eleitor que o Brasil era o patinho feio da economia mundial, mas quem acreditou nisso acredita em tudo.
Mantega foi firme na adversidade que enfrentou na economia mundial.
E na saída foi um lorde. Jamais expôs a chefa, ao contrário de Marta Suplicy e de Gilberto de Carvalho.
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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