O Procurador Júlio Marcelo de Oliveira, do Ministério Público do
Tribunal de Contas, é militante político. Comparece a passeatas a favor
do impeachment e, em sua página do Facebook, ele é a esposa conclamam as
pessoas a aderirem à movimentos como ˆVai pra rua".
É direito do cidadão, é imprudência do procurador. Do servidor
público exige-se isenção política. O servidor que se vale de
preferências políticas no exercício das funções de Estado desrespeita a
cidadania, o serviço público e compromete sua própria corporação.
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Quando levantou as "pedaladas", Júlio comportou-se tecnicamente,
inclusive quando apontou as diferenças de dimensão entre 2014 e anos
passados. Quando passou a superdimensionar seus efeitos, a botar fogo no
TCU por uma punição radical, exagerou. Mas, ainda assim, se poderia
atribuir ao excesso de zelo com a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Não ficou nisso. Passou a torpedear, uma a uma, as tentativas de
amenizar os efeitos da Lava Jato na economia. Não se limitava apenas a
torpedear as parcas iniciativas do governo, mas a proferir juízo de
valor sobre temas como a lei de leniência.
Quando crítica o fato de haver muitas instâncias de leniência e o
acusado poder fazer um leilão com a mais leniente, é uma opinião
técnica. Quando investe contra qualquer acordo, e defende que a única
punição correta é aquela que líquida com as empresas, age politicamente -
e irresponsavelmente.
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Como também age politicamente quando recorre a esse execrável
expediente de barganhar reportagens e de alimentar blogs e publicações
empenhadas na campanha do impeachment. E tira de vez a máscara quando
avança decididamente para além das chinelas e, em entrevista à BBC
Brasil defende claramente o impeachment como punição para as pedaladas.
Ontem, mais uma vez exerceu a militância, ao entrar em juízo de
valores sobre a motivação do vice-presidente Michel Temer em assinar
medidas que podem ser caracterizadas como pedaladas, como se o jurista e
parlamentar ladino fosse um insuficiente necessitando de apoio da
autoridade pública.
O fato de aparecer em passeatas pró-impeachment e de todos -
literalmente todos - seus pareceres serem contra o governo compromete
não apenas a ele. Ele é o responsável por sua biografia. Mas afeta a
imagem de todos os procuradores que trabalham seriamente e respeitam o
princípio da impessoalidade no serviço público.
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A crise política e a Lava Jato – somada à inação do governo – já
derrubaram o PIB em 2 pontos percentuais adicionais. Não dá mais para
usar a crise como holofote para exibicionismos irresponsáveis,
valendo-se do poder que foi conferido pelo Estado.
Seja a favor ou contra o governo de plantão, é um ativismo irresponsável para com o país.
Por Luís Nassif, do jornal GGN
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