sábado, 22 de maio de 2010

O mate muito amargo e indigesto de Serra


Do lado esquerdo, o deputado estadual Gilberto Capoani, do PMDB, um dos coveiros da CPI da Corrupção, do outro, seu colega, o também peemedebista Alceu Moreira, um dos indiciados na Operação Soli dária, da Polícia Federal, que rastreia o paradeiro de R$ 300 milhões sugados dos cofres públicos. Ao centro, o candidato do PSDB, José Serra, sorvendo um mate com a fisionomia de quem estivesse tomando cicuta. Com o valor de mil palavras, a fotografia de Serra reu nido com parte da bancada do PMDB na Assembleia Legislativa gaúcha expõe o candidato mais do que ele gostaria.


É que as companhias são ainda mais amargas do que o chimarrão. Vice-presidente da CPI, Capoani é um dos defensores da governadora Yeda Crusius que usou de todos os expedientes para impedir a comissão até de ouvir depoimentos, algo inédito na história do parlamento gaúcho. Afilhado político de Eliseu Padilha, que foi ministro dos Transportes do Governo Fernando Henrique, Moreira é uma companhia ainda mais indigesta. A exemplo de Padilha – o “número 1” do esquema, segundo a Polícia Federal – o deputado é um dos protagonistas dos84.000 grampos da Operação Soli - dária que investigou fraudes em licitações para construção de barragens, estradas e outras obras públicas. Moreira surge nas escutas indagando a um empresário da construção civil quando “vai chover na minha horta” e pedindo para “matar a minha saudade”, pelo contexto entendidas como cobrança de propina. A foto flagra Serra na ânsia de angariar apoios no partido depois da indicação do presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB/SP) como vice da candidata Dilma Roussef. Embalado por esta ideia, o tucano fez um ráide em Porto Alegre na quinta-feira, dia 20. Buscou produzir fatos políticos à custa do cons - trangimento das direções do PMDB e do seu próprio
partido.


Nem o presidente regional do PSDB, deputado Cláudio Diaz (PSDB/RS) nem sua aliada, a governadora Yeda Crusius, souberam da atropelada incursão serrista à cata de adesões. O senador Pedro Simon (PMDB) estranhou a ma - neira como a viagem do tucano foi agendada, sem informações ao presidente do diretório estadual - o próprio Simon. O encontro atendeu a um pedido de Serra ao deputado Osmar Terra (PMDB/RS). Terra articulou a visita do tucano no Sul embora sem atri buições para tanto, já que sequer pertence à Executiva estadual. Simon acusouTerra, em entrevista ao jornal Valor, de tentar conduzir a sigla “na marra” para o lado de Serra. O deputado federal Mendes Ribeiro Filho (PMDB/RS) observou ontem que o partido ainda terá uma convenção, em junho, para tratar do assunto. Coordenador da campanha do ex-prefeito José Fogaça ao governo estadual, esquivou-se de tocar no assunto. “Estou com esta responsabilidade e prefiro tratar do que pode nos unir e não do que pode nos dividir”.


Porém, não nega sua predileção, na ausência de candidatura própria, por Dilma Roussef. “Eu acho que ela é melhor do que o outro. Entendo que uma gaúcha, que ela é, pois construiu sua carreira política aqui, vai olhar com muito mais carinho pelo Rio Grande do que alguém que não é daqui”, acentuou. Atento a tais movimentos, o PDT considerou a situa - ção criada pelo tucano Serra como “meio constrangedora”. O interesse dos pedetistas no tema vem por conta da aliança da legenda trabalhista com o PMDB nas eleições estaduais. Uma das condições apresentadas pela sigla para apoiar José Fogaça ao governo gaúcho foi a de, em contrapartida, o candidato peeme - debista oferecer seu apoio a Dilma, que possui o respaldo nacional do PDT. “O que aconteceu não é normal, mas não é o fim do mundo”, interpretou o companheiro de chapa de Fogaça e deputado federal pedetista Pompeo de Souza. “Quando houver uma decisão nacional do PMDB, o partido, no estado, não terá como fugir dela”, aposta.

Um comentário:

Remindo disse...

No dia 20 de maio, as 14 e 45 da tarde na numa coletiva aqui em Porto Alegre, eu escutei na Rádio Gaúcha, o candidato trapalhão José Serra querendo comparar as drogas, crack e cocaína com bebidas, acabou dizendo que o crack é o GUARANÁ da cocaína. Palavras textuais do candidato da direita.