terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Dilma tem de governar e não brincar com a imprensa (privada)



O nome do símbolo nacional é faixa presidencial, e quem a usa em nome do povo tem autoridade para fazer apenas uma única coisa: governar.

Derrubaram o ministro Carlos Lupi, um dos responsáveis direitos por mais de dez milhões de carteiras assinadas, pela proteção das leis trabalhistas e pela efetivação de diversos programas de auxilio e proteção ao trabalhador. Mais uma vez a imprensa privada acusa e mais uma vez nada de mal feito foi comprovado. A única comprovação real e concreta é que a imprensa pauta o Governo Dilma Rousseff. Um absurdo. Daqui a pouco a bancada do Jornal Nacional e o senhor Ali Kamel — aquele que diz que não tem racismo no Brasil e talvez um dia ele possa concluir que no Brasil nunca existiu 350 anos de escravidão — vão governar o País, sem terem, porém, um único voto.



É por demais doloroso e inquietante ver o Governo Dilma Rousseff ceder para quem não deveria, ainda mais quando se trata de um sistema midiático comercial e privado, que defende interesses empresariais e não tem nenhum compromisso com o Brasil e seu povo trabalhador, que é, disparado, a melhor coisa deste País sofrido e que não conta, de jeito nenhum, com a cooperação de suas elites econômicas aculturadas, colonizadas, com imenso complexo de vira-lata e que tem Miami como referência e Corte.


Carlos Lupi, antes de tudo, não teve como se defender, e a presidenta Dilma Rousseff sabe disso mais do que ninguém, porque foi e é alvo dessa imprensa, que quase derrubou Lula, conspirou contra Jango e ajudou a derrubá-lo, apoiou, sem titubear, o golpe de estado de 1964 e os governos militares, combateu ferrenhamente Leonel Brizola e compartilhou, insofismavelmente, da queda de Getúlio Vargas, que teve como saída honrosa e política o suicídio em 1954, ato dramático que adiou o golpe por dez anos.


Não se trata de devaneio deste jornalista. Quem conhece um pouquinho da história da República Federativa do Brasil sabe o que eu estou a afirmar. Não é prudente ser pautado pela imprensa historicamente golpista. Não se bebe leite no mesmo pires de gato grande e selvagem. E não se pega serpente, em um primeiro momento, pela cabeça e sim pela fim de seu corpo. Não sei por que a presidenta Dilma não pressiona para que seja aprovada a Ley dos Medios, como o fizera o casal Kirchner, argentinos de boa cepa e quando necessitava (até hoje acertadamente age assim) ocupava horário na televisão aberta para responder a acusações infundadas e às notícias distorcidas e manipuladas, bem como mostrava para o povo argentino os avanços conquistados, porque se depender da velha imprensa burguesa nada, de qualquer governo trabalhista de qualquer país, vai ser mostrado.

Por onde anda o projeto do ex-ministro Franklin Martins? O ministro das Comunicações Paulo Bernardo, aquele que tem medo da Globo, o engavetou? Cadê o republicanismo do governo trabalhista de Dilma Rousseff? Democratizar e regular o setor econômico midiático é constitucional e é o que prevê a nossa Constituição cidadã de 1988. Qual é o problema do Brasil em relação a meia dúzia de famílias que controlam segmento tão importante ao ponto de prejudicar e atrasar o desenvolmento social do povo brasileiro? O País, lar de todos nós, tem 200 milhões de brasileiros, a sexta economia do mundo, influência visível em todos os fóruns internacionais e mesmo assim o Governo eleito pela maioria dos brasileiros teima em acariciar o gato grande e selvagem que depois de beber o leite vai querer comer o seu braço, se não optar pelo pescoço.


Carlos Lupi foi embora. Orlando Silva também. E tudo fica como dantes no quartel de Abrantes. É mais do que visível e perceptível que a imprensa golpista quer engessar o Governo Dilma Rousseff, afinal os números econômicos e sociais são positivos e esta realidade não interessa àqueles que fazem parte da oposição midiática de direita à presidenta trabalhista, que no ano que vem, juntamente com Luiz Inácio Lula da Silva vai participar de mais um embate eleitoral, onde estará em jogo, nada mais e nada menos, que a cadeira de prefeito de São Paulo e cujo candidato da esquerda o ministro da Educação, Fernando Haddad, é o responsável direto pela construção e inauguração de mais de duzentas escolas técnicas e de dezenas de universidades federais e centenas de extensões, além da inclusão de milhares de jovens de escolas públicas e de cidadãos negros no mundo universitário federal, que até o governo do neoliberal FHC era elitizado e somente aberto às classe sociais abastadas e por isso privilegiadas.


A imprensa burguesa vai bater firme e sem trégua, como sempre o fez. As famíglias controladoras de mídias tem a mentalidade mais atrasada e tacanha de todos os segmentos empresariais brasileiros (eles são mais atrasados que os ruralistas da UDR) e não vão querer peder o controle dos recursos publicitários e outros negócios advindos dos tucanos paulistas a cerca de 20 anos. Se o PSDB não eleger o próximo prefeito, a direita brasileira estará em maus lençóis, porque perderá seu bastião, alicerçado na imprensa paulista, que, sabedora da fragilidade da oposição partidária ao Governo Dilma, faz a vez e a voz dela. Fernando Haddad que se prepare para os golpes baixos e denúncias vazias da imprensa corporativa, que usará, preferencialmente, bandidos como acusadores, com o faz, repetidamente, a revista “Veja” — ícone primário do jornalismo de esgoto.

 
Quase sempre o método sujo é este. E dou mais um exemplo: o ministro do Desenvolvimento, da Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, companheiro e amigo de décadas da presidenta Dilma é agora a bola da vez, se assim a presidenta o quiser, porque até agora o Governo não se importa de ser pautado. Pimentel é do PT e a imprensa quer chegar à Presidência. O ministro já está em um processo de imolação e o Governo e a sua bancada no Congresso terão de avaliar e investigar o caso, porque se continuar assim vai ficar difícil governar sem estabilidade política. A imprensa, na verdade, é o Partido da Imprensa, a verdadeira oposição, e quem não sabe disso ainda é porque acordou recentemente de um coma profundo ou deve ser um extra terrestre, amigo íntimo do ET de Steven Spielberg.

 
É lamentável, ao menos para mim, ver o Governo Dilma como refém daqueles que nem voto tem. O PT e o Governo Federal não devem tergiversar com a imprensa, que quer pautá-los e está a conseguir seu intento. O Governo tem de governar sem medo. Tem de efetivar seu programa social e econômico para melhorar a qualidade de vida do nosso povo. Só isso. Nada mais e nada menos do que governar. O PT e seus alidados, que venceram as eleições nas urnas, tem de, repito novamente, governar, porque exatamente para fazê-lo que eleito pelo grande povo brasileiro, que é muito melhor e chique que a nossa elite que gosta de usar casaca e cartola em um país tropical e considera Miami sua adorada Corte.


Não se tira a mão da cumbuca sem antes abri-la. Quero afirmar que o governo trabalhistga tem de abrir a caixa de Pandora e realizar, o mais rápido possível, a regulação de setor midiático, que é um segmento empresarial como os outros, que têm regulação. Favor não confundir com censura, liberdade de imprensa e de expressão. Quem confunde, de forma proposital, são as famíglias e os jornalistas replicadores dos interesses da velha imprensa privada que não tem compromisso nenhum com o Brasil e nunca terão, porque, realmente, a democratização das mídias não está, convenientemente, na pauta do Partido da Imprensa.


Davis Sena Filho

Blog Palavra Livre

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