Todo mundo sabe, até mesmo os recém-nascidos, os mortos, os acordados de um coma profundo e os extraterrestres que o sistema de mídias privado e de direita, controlado por meia dúzia de famílias chefiadas por magnatas bilionários de imprensa se transformou em um partido político não oficial e de caráter conservador, entreguista e golpista.
Todo mundo sabe, menos os coxinhas de classe média de direita, além de certas celebridades, como o ex-roqueiro Lobão, e gente intelectualmente pouco honesta, a exemplo de Olavo de Carvalho, Demétrio Magnoli e Marco Antônio Villa, “ases” do reacionarismo tupiniquim aboletados no Instituto Millenium, parecem não saber que este movimento dos grandes trustes internacionais de petróleo contra a Petrobras, a ter como porta-vozes a imprensa de negócios privados, que atuam e agem no Brasil é na verdade uma estratégia organizada e engendrada para desmoralizar a histórica estatal brasileira e desconstruir a imagem do Governo Trabalhista, a ter como seus líderes a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, ambos petistas.
Se qualquer pessoa quiser saber onde começa o golpe de estado de caráter jurídico e midiático no Brasil, basta levantar seus olhos para o Instituto Millenium, além de clubes e associações empresariais urbanas e rurais, que, inconformados com a derrota eleitoral para o PT, ainda não desceram dos palanques e fazem uma oposição feroz, seletiva, histérica, manipulada e, evidentemente, de essência golpista, porque apostam em impeachment de uma presidente recentemente eleita, bem como em golpe militar, que, de forma cínica e hipócrita, chamam de “intervenção” militar.
Trata-se do Instituto Millenium, um misto de Escola Superior de Guerra (ESG) com o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes) e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad), entidades que no passado conspiraram e fomentaram o golpe militar de 1964, com o apoio financeiro e ideológico da CIA norte-americana, a ter à frente golpistas poderosos e influentes como o presidente Castelo Branco, o general Golbery do Couto e Silva, o banqueiro Magalhães Pinto e os empresários Ivan Hasslocher, Glycon de Paiva, Gilbert Huber Júnior e Paulo Ayres Filho, dentre muitos outros, a exemplo das famílias midiáticas dos Marinho, dos Frias, dos Mesquita e dos Civita.
Neste momento, a política brasileira passa por um processo de achincalhe, linchamento moral e propaganda sistemática e perniciosa contra o Governo Trabalhista se repete, porque volta aos tempos do pré-golpe de 1964, com o envolvimento de certa banda da Polícia Federal, que se mostra insubordinada, porque à direita do espectro ideológico, bem como resolveu fazer política, ao ponto de delegados da PF do Paraná fazerem política contra o Governo do PT nas eleições presidenciais, além de atacá-lo frontalmente, inclusive a ofender o ex-presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff.
Paralelamente às ações de delegados partidários e pró-tucanos, o Governo petista se vê obrigado a lidar com outra frente oposicionista e que controla o Judiciário e o Ministério Público Federal. Juízes de altas cortes e promotores passaram a vazar investigações da PF para a imprensa de mercado, sendo que as informações geralmente tratavam quase sempre de pessoas ligadas ao Governo ou ao PT, de forma que se percebeu que tais vazamentos o são, sobretudo, seletivos, e, com efeito, tem a intenção de fazer com que o público pense que o PT é o inventor da corrupção no Brasil, e que o PSDB e seus áulicos são, na verdade, um monte de chapeuzinhos vermelhos ou rapunzeis, de olhares meigos e inocentes à espera de escaparem ilesas da bruxa e do lobo mau.
Porém, a Casa Grande governou o Brasil durante séculos, e, evidentemente, a corrupção nunca foi combatida, porque a direita é patrimonialista, elitista, violenta e, obviamente, sectária, pois partidária de um País que sirva a poucos e que os muitos somente tenham o papel de serem explorados por intermédio da força de trabalho, se possível, mal pagos e sem oportunidade de qualificação e ascensão social. Ponto.
Chega a ser surreal as realidades distorcidas pela imprensa alienígena e meramente comercial. Quanto mais o Governo investiga a corrupção perpetrada por quadrilhas de criminosos, por intermédio da Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça, mais a imprensa corporativa dá conotações mequetrefes e malfazejas, de forma que os consumidores desse segmento da economia, incrivelmente desregulamentado neste País, acreditem em matérias porcamente apuradas e sabidamente manipuladas e distorcidas, a fim de propiciarem um efeito negativo às ações do Governo petista, mesmo quando se torna evidente que o combate à corrupção no Brasil nunca foi tão levado a sério, tal qual como apregoou a candidata Dilma Rousseff quando disse que não deixaria pedra sobre pedra, nos debates contra o tucano derrotado, Aécio Neves, bem como no discurso da vitória.
Contudo, percebe-se claramente que o golpismo tucano-midiático não se restringe ao inconformismo e ao ódio por causa das quatro vitórias eleitorais do PT, em campanhas presidenciais. Não. Enganam-se os inocentes úteis e os replicadores do golpe, que não aceitam a distribuição de renda e riqueza, a ascensão social dos pobres, além da diminuição das diferenças regionais. O que está em jogo, mesmo e para valer, não é mais o terceiro turno, como queria o PSDB na voz irada de Aécio Neves, a ser repercutida no Senado e na imprensa empresarial e familiar subordinada aos interesses dos capitalistas dos Estados Unidos, União Europeia e Japão.
Não mesmo. A aprovação das contas da campanha eleitoral de Dilma e do PT se tornou a pá de cal que cobriu os interesses golpistas da Casa Grande, herdeira legítima da escravidão. A resumir: é o Pré-Sal, a Dilma e o Lula, estúpido! O Instituto Millenium também. O Globo, o Millenium e as alcateias que os acompanham já disseminaram editoriais entreguistas que apregoam o fim do modelo de partilha para o Pré-Sal ao defenderem a implementação do modelo de concessão, tão prejudicial aos interesses do povo brasileiro, como ficou comprovado por meio da venda de ações da Petrobras, em Nova Iorque, pelo Governo de FHC — o Neoliberal I —, o grão-tucano, o maior lesa-pátria da história, que foi ao FMI três vezes, de joelhos, humilhado, com o pires nas mãos, porque quebrou o Brasil três vezes.
É exatamente que a Casa Grande quer: entregar as nossas riquezas e continuar a reboque dos colonialistas e imperialistas como sempre fizeram, sem o mínimo de vergonha na cara, durante séculos. A burguesia e seu apêndice — a pequena burguesia (coxinhas de classe média) — querem determinar a agenda política e econômica do Governo Trabalhista, que foi eleito quatro vezes para dar continuidade aos seus programas de governo e projeto de País.
A Petrobras está a sangrar, mas não vai falir, até porque está a bater recordes de lucros em todas suas áreas, apesar da depredação dos ladrões, que estão a roubá-la desde o fim dos anos 1970, quando esses diretores ingressaram, por meio de concurso, na empresa brasileira mais emblemática, simbólica e que representa o orgulho brasileiro, bem como sua luta por sua independência e emancipação. A Petrobras foi recuperada pelo Governo do PT, e vai ficar muito mais forte com o combate à corrupção que ora está a acontecer, com determinação e coragem.
Além disso, sabemos também que a direita brasileira, uma das mais poderosas e cruéis do mundo, luta contra a política internacional dos governantes petistas, que abriram novas portas para efetivar relações comerciais, a realizar novas parcerias, assinar acordos e contratos e concretizar a criação de blocos poderosos, a exemplo do Brics, do Mercosul, da Unasul, bem como fortalecer as relações Sul-Sul, em termos hemisféricos. O Pré-Sal é nosso, estúpido!
Não adianta O Globo e seus congêneres tentar derrubar a mandatária reeleita pelo povo brasileiro. Seu editorial apenas serve para satisfazer os egos e desejos das aves de rapina, a exemplo de BP, Chevron, Shell e Exxon. As irmãs siamesas, que há mais de um século exploram as reservas dos países petrolíferos, a custo de miséria, violência, guerras, mortes e golpes de estado, com a aquiescência e a cumplicidade de elites escravocratas, como as brasileiras. O Pré-Sal é que está em jogo, estúpido, e não a corrupção na Petrobras, que está a ser severamente combatida pelo Governo Dilma Rousseff, além da desconstrução da imagem de Lula, que pode concorrer às eleições presidenciais de 2018. É isso aí.
Davis Sena Filho
Davis Sena Filho é editor do blog Palavra Livre
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