quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Por que Mariel é “um golaço” na Cuba sem embargo comercial?

17 de dezembro de 2014 | 19:43 Autor: Fernando Brito
mariel
A jornalista Patrícia Campos Melo, especialista em assuntos internacionais, escreve na Folha um artigo sobre o “golaço” marcado pelo Brasil ao financiar a construção do Porto de Mariel em Cuba, sobretudo agora que os Estados Unidos reataram relações diplomáticas com a ilha e, ao que tudo indica, o embargo comercial de 52 anos está por cair.
Foi o que bastou para uma legião de comentaristas “coxinhas” começarem a xingar e ofender a colunista.
De fato, parecem ser tão pouco inteligentes que não conseguem enxergar o óbvio.
Então, com a paciência que devemos ter com este pessoal, vamos explicar.
A primeira vantagem – além de termos gerado encomendas ao Brasil maiores que o valor financiado –  é que, com o provável fim do embargo, fica mais sólida a estrutura de financiamento, organizada na base do “project finance”, onde a receita do empreendimento é que paga o dinheiro nele invertido. Isso dá mais liquidez aos recebimentos e torna, na prática, o financiador um “sócio” das receitas operacionais.
Mas este é o “de menos”.
Mariel é uma zona econômica especial em Cuba, onde se permite até 100% de capital estrangeiro nas empresas. Com a normalização das relações comerciais, será uma “plataforma de exportação” de manufaturados e de semi-manufaturados para os EUA.
Mariel fica a menos de 200 km da costa da Flórida.
É preciso falar das ventagens que terá sobre outras zonas de processamento de exportação hoje usadas pelos EUA, como a de Colón, no Panamá, que fica a 1.800 quilômetros de Miami? Outra plataforma logística, a Península de Yucatán, no México, fica a 900 quilômetros…E Barranquilla, zona especial da Colômbia, com as curvas necessárias para contornar a própria Cuba, a uns 2.500 km.
Dá para entender também que o Brasil tem seu porto mais próximo da costa oeste em Itaqui?  Bagatela de 5 mil quilômetros…
É possível entender que Mariel tem tudo para funcionar tanto  como umhub para conexões com portos do Golfo do México e da costa oeste americana, tanto para grãos e minérios quanto para peças e partes para montagem local?
Não é, claro, a vantagem de carregar/descarregar/carregar ou montar por lá. É reduzir custo e aumentar vendas, por ganhos de competitividade.
Será que agora eles vão entender que o diretor internacional da Fiesp, Thomaz Zanotto, no video que posto abaixo,  não defende o financiamento brasileiro ao porto por ser comunista ou “bolivariano”.
Mas talvez seja demais para os “lobetes”.



Tijolaço

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