Da Redação Sul 21
Outrora o detentor de uma das maiores dívidas externas do planeta, o Brasil vive hoje situação oposta: pode ser uma das principais vítimas em caso de calote dos Estados Unidos. No momento, a economia brasileira tem quase US$ 207 bilhões em papéis de dívida a receber – está abaixo apenas de China, Japão e Reino Unido. Em junho do ano passado, os Estados Unidos deviam 164 bilhões de dólares ao Brasil – um percentual de dívida 26,3% inferior ao atual.
O principal credor dos Estados Unidos é a China, com US$ 1.152 bilhões. Os japoneses detêm 907 bilhões em papéis de dívida norte-americanos, enquanto os ingleses compraram US$ 333 bilhões. Somados, os países exportadores de petróleo têm mais dinheiro a receber dos EUA do que o Brasil – US$ 222 bilhões, em dados de abril deste ano. Porém, o crédito cresceu apenas 5,4% em relação ao mesmo período em 2010, percentual bem inferior ao do Brasil. O maior crescimento foi o do Reino Unido: hoje, os EUA devem aos ingleses 252,4% a mais do que deviam em junho do ano passado.
Principais detentores de papéis de dívidas dos EUA (em bilhões de dólares):
PAÍS | Abril 2011 | Janeiro 2011 | Junho 2010 | Variação em um ano, em % |
China | 1.152 | 1.155 | 1.112 | + 3,6 |
Japão | 907 | 886 | 800 | + 13,4 |
Reino Unido | 333 | 278 | 94 | + 252,4 |
Países exportadores de petróleo | 222 | 216 | 210 | + 5,4 |
BRASIL | 207 | 198 | 164 | + 26,3 |
Centros bancários no Caribe | 138 | 166 | 179 | - 22,8 |
TOTAL | 4.489 | 4.453 | 4.070 | + 10,3 |
Fonte: The Guardian
Na medida em que continuam as divergências entre republicanos e democratas sobre o pacote do presidente Barack Obama, aumenta a possibilidade da economia norte-americana viver uma situação de bancarrota, com graves efeitos sobre todo o mundo. Obama pede ao Congresso que autorize a ampliação do limite da dívida, como forma de manter em suspenso os pagamentos e evitar um endividamento de dimensão incontrolável. Em maio, a dívida dos EUA teria alcançado os 14,3 mil milhões de dólares, valor considerado como teto para que os juros ainda sejam pagáveis. Se não houver acordo até o dia 2 de agosto, os EUA serão incapazes de quitar suas dívidas pela primeira vez na história.
A possibilidade de que não haja acordo, em princípio, é baixa. No entanto, o mercado financeiro internacional começa a dar sinais de que o altamente improvável já não é visto como tão improvável assim. Um comunicado sobre estratégias de investimento divulgado pela Standard & Poors afirma: “Apesar da maioria das pessoas em Wall Street não considerar que possa acontecer o impensável, ou seja, que o Congresso não se ponha de acordo para aumentar o teto da dívida, a cada dia que passa ficamos mais preocupados com o que possa suceder”.
Segundo informações do Departamento de Tesouro dos EUA, de cada US$ 1 gasto pelo governo, US$ 0,40 são emprestados. O déficit público dos EUA representou, em 2011, 11% do PIB do país. Para diminuir esse déficit, Barack Obama propõe cortar 4 mil milhões de dólares em 12 anos, reformulando programas sociais como o Medicare, reduzindo o orçamento da Defesa e restringindo vantagens fiscais para as pessoas físicas e jurídicas de maior renda. Ideias que batem de frente com os republicanos – que querem privatizar o Medicare e manter o orçamento bélico intacto, cortando verbas da educação e das políticas ambientais.
Com informações de The Guardian, Euronews e Wall Street Journal
Nenhum comentário:
Postar um comentário