sábado, 23 de julho de 2011

Dilma descarta controle da inflação com crescimento zero


Para presidente, BC faz 'pouso suave' para não derrubar economia. Ao afirmar que não pretende sacrificar o crescimento em nome do combate à inflação, a presidente responde às pressões do sistema financeiro, que clama por juros ainda maiores e cortes mais drásticos nos gastos públicos.


A presidente Dilma Rousseff descartou nesta sexta-feira, 22, o controle da inflação que implique crescimento zero. Na semana em que o Comitê de Política Monetária (Copom) definiu a nova taxa de juros do país em 12,5% ao ano, ela defendeu a postura do BC de controlar os preços com um "pouso suave". Ou seja, sem prejudicar o crescimento da economia. "Estamos criando condições econômicas para não derrubar o crescimento", disse.

Na última quarta-feira, o Copom anunciou mais um aumento de 0,25 ponto porcentual na taxa Selic, o que despertou protestos generalizados entre trabalhadores e empresários do setor produtivo. Chamou a atenção dos investidores a mudança no comunicado do BC emitido ao final da reunião. O texto sinaliza que a autoridade monetária poderá interromper a alta de juros para conter os índices de inflação.

Sobre as contas públicas, a presidente afirmou que o Brasil deve arrecadar mais do que irá gastar no fechamento deste ano, sem contar com as despesas com os juros da dívida pública. "Vamos fazer superávit primário, já estamos acima da meta".

Câmbio

Os problemas de sobrevalorização do real preocupam a presidente, mas ela avalia que não pode tomar nenhuma medida precipitada sem olhar com cuidado o cenário internacional. Quando os jornalistas observaram que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nem está dormindo por causa do câmbio, Dilma deu risada. "É bom, às vezes, a gente não dormir. A gente não dorme e fica alerta", disse ela, em tom bem-humorado. Depois, emendou, enigmática: "O Guidinho de olhos abertos..."

Diante da insistência dos jornalistas em relação a possíveis mudanças na política cambial, a presidente respondeu usando o recurso da imagem, método muito adotado por seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. "Você acha que a gente pode fazer alguma coisa no momento em que não sabe se o pessoal está brincando na beira do abismo ou se já conseguiu criar uma rede de proteção?", perguntou, em alusão à crise na Europa e nos Estados Unidos. "Nós nem sabemos se vai ter default nos Estados Unidos".

O ministro Mantega chegou a criticar a China por não adotar o câmbio flutuante, mas setores da base governista acreditam que a política de controle das cotações adotadas pelo governo chinês é uma forma mais sábia de se proteger contra a política monetária dos EUA, que parece perseguir deliberadamente a depreciação do dólar.

Calote organizado

Ao mencionar um quadro de incertezas fora do Brasil, Dilma fez outra comparação, tomando um gole de água. "O mundo está andando um pouco de lado. Deixa ele andar um pouco à frente que a gente decide o que vai fazer", disse.

Na avaliação da presidente, o socorro de 158 bilhões de euros à Grécia, anunciado por chefes de Estado e de governo da União Europeia, representa mesmo um calote organizado. "Mas tem de ser feito, não tem jeito", comentou.

Trem-bala

A presidente falou também sobre o trem-bala, cuja primeira etapa do leilão ocorrerá em fevereiro de 2012, segundo anunciou o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, na última quarta-feira. "Temos a obrigação de fazer o trem bala, só não podemos deixar os competidores formarem o preço".Portal Vermelho

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