quinta-feira, 7 de julho de 2011

A omissão de Marina Silva


 
 
Nesta quinta, (7), Marina Silva anuncia sua desfiliação do Partido Verde. Leva consigo outros nomes do PV, como o deputado Alê Youssef. É um divórcio no qual ambos saem perdendo, mas o prejuízo maior é da legenda, sem dúvida. Vários especialistas afirmam que Marina carregará consigo os votos amealhados na última eleição. É uma hipótese bem provável.
 
Marina sai – e talvez forme nova legenda, tirando políticos de partidos como o PSOL. Já o PV volta a ser time pequeno. Os oligarcas verdes ficam sem uma grande estrela e viram presa fácil para serem cooptados para a bancada oposicionista. Para ser mais preciso, sob a influência de Gilberto Kassab.
 
Entretanto, a senadora não sai ilesa da separação. No dia 3 de outubro de 2010, Dilma Rousseff e José Serra confirmavam a ida ao segundo turno da eleição presidencial. No entanto, Marina era a grande vencedora. Os 20 milhões de votos (20% dos votos válidos), tiraram de Dilma a possibilidade de vencer já na primeira rodada.

A senadora apareceu como a terceira via de quem não queria fazer da eleição de 2010 um tira-teima entre PT x PSDB. Ela atendia aos anseios de uma jovem classe média urbana, preocupada com o meio ambiente e desiludida com a política partidária. De uma só tacada, era uma opção para quem discordava das políticas neoliberais e privatizantes do PSDB e também para os críticos da união do PT com o fisiologismo de plantão.
 
O primeiro erro de Marina foi permanecer neutra no segundo turno. Não escolher lado foi deixar de pautar o eleitor dela na decisão mais importante do país, a escolha do mandatário da República. Deixado à deriva, o eleitor optou por não mexer “no time que está ganhando”. A omissão é o pior pecado de quem ambiciona ser líder.
 
Quando aconteceu o desastre nuclear de Fukushima, Marina veio a público para chamar um plebiscito sobre as usinas nucleares. Sua dificuldade em transformar os 20 milhões de votos recebidos em apoio concreto tem a ver com a sua omissão no segundo turno. Assim como foi pequena a sua influência na votação do novo Código Florestal.
 
Ironicamente, a maior virtude de Marina é seu maior defeito. A despeito de ser uma política com taxa de rejeição zero, Marina terá dificuldades para alçar voos maiores pela limitação do seu eleitorado. A pauta ambiental tem mais audiência nos meios urbanos. Sua capacidade de roubar votos da esquerda (PT) ou da direita (PSDB/DEM) fica reduzida.
 
Sua segunda falha está em não apresentar um projeto de país para além do discurso ambientalista. Meio ambiente é um tema e não plataforma. Durante a campanha presidencial, muitos compararam Marina com Barack Obama pelas semelhanças de perfil: congressistas jovens com uso inteligente das redes sociais. Marina não é Obama.
 
Quem votou em lideranças jovens como Marina são classes médias emergentes, justamente quem mais tem demandas do poder público. Os protestos contra esses líderes são diferentes dos protestos europeus ou do Oriente Médio. São demandas que surgiram com o crescimento econômico pós Plano Real.

Marina e outros políticos que receberam votação expressiva em 2010 não conseguiram institucionalizar em apoio político os votos recebidos nas urnas. As redes sociais são também um ótimo instrumento de mobilização e discussão. Mas é um erro achar que a Política já pode prescindir das estruturas partidárias.

Um comentário:

VERA disse...

O PIOR pecado dessa SONSA não foi a "omissão", mas a TRAIÇÃO!!!