quinta-feira, 13 de maio de 2010

Mercadante comemora alianças - Parte I




Em entrevista à CartaCapital, o pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PT fala das alianças, das chances de vitória e das eleições presidenciais

O senador Aloizio Mercadante, pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PT, deu uma longa entrevista à CartaCapital dia 10 de maio último. Criticou duramente a gestão tucana no Estado, avaliou a conjuntura nacional, as chances de Dilma Rousseff e as realizações do governo Lula. Comemorou as articulações para ampliar a frente partidária que lhe dará suporte e falou sobre os principais pontos de seu futuro plano de governo. CartaCapital publica aqui a primeira parte da entrevista. A segunda, de uma série de três, estará no ar nesta sexta-feira 14.

CartaCapital: Senador, como está a construção da frente partidária para as eleições para o governo de São Paulo?


Senador Aloizio Mercadante (AM): Estamos já com dez partidos em processo de consolidação. O PDT fez um encontro estadual sábado passado e aprovou por unanimidade o apoio à nossa candidatura. O PR já anunciou formalmente o apoio e o PRB também, o PC do B fará seu encontro no dia 20. Hoje tivemos a oficialização do apoio do PSDC. Além deles, o PT do B, o PPL, o PRP e o PSL. E o PTC deve anunciar, podemos chegar a 12 partidos.

CC: O PTB como é que fica?


AM: O PTB tem setores que já se manifestaram publicamente favoráveis à minha candidatura. Deputados federais, prefeitos, ex-prefeitos, tem um movimento interno forte e uma profunda insatisfação com o tratamento que o partido deu ao senador Romeu Tuma. Essa insatisfação, não sei se levará a algum outro desdobramento, mas nós nunca tivemos alianças com eles em São Paulo e o mais provável é que não estarão conosco, mas uma parte significativa estará.

CC: Esse bloco de alianças satisfaz o PT?


AM: É a maior aliança que a oposição já fez no estado de São Paulo. Há quatro anos só tivemos dois partidos. Isso vai me dar pelo menos o dobro do tempo de televisão que eu tive em 2006, que deve ser de mais de sete minutos de tevê. No PMDB também há um forte movimento interno liderado pelo Michel Temer, pelo ministro Vagner Rossi, de apoio à candidatura da Dilma e à minha. Prefeitos, vereadores, lideranças do partido trabalham nessa perspectiva, o que também é um outro fator importante de ampliação. O PSB caminha para ter uma candidatura própria na nossa avaliação.

CC: E Paulo Skaf sairá mesmo como governador?


AM: Acho que é o mais provável, mas estamos mantendo uma porta aberta para a aliança, pois Skaf estava no início desse processo, especialmente em relação ao Gabriel Chalita, que rompeu com o PSDB e se filiou ao PSB na perspectiva de nos apoiar. Há um problema interno que eu não sei como será equacionado. Nós mantivemos a segunda vaga do senado e a vice na expectativa de uma possibilidade de aliança. O PC do B indica o Netinho, para a segunda vaga no Senado, que está muito bem nas pesquisas.

CC: É mais provável que saia Netinho ou Chalita?


AM: É mais provável que seja o Netinho, mas está aberta a possibilidade. Mas a medida que o PSB saia com uma candidatura própria não tem como fazer aliança para o Senado, nem para vice.

CC. O senhor apostaria então que o PSB saia sozinho?


AM: Estão fazendo reunião hoje, mas no sábado Márcio França deu uma entrevista no Correio Brasiliense dizendo que lançariam o Paulo Skaf dia 23 de maio, tanto que o PC do B marcou o encontro deles para 22 de maio. O Netinho já tem andado comigo e tem sido muito receptivo. Será a primeira vez que teremos um mano senador, além dos nove senadores, um mano senador. E traz uma juventude, traz a periferia, traz a história dele, uma coisa que eu acho que amplia, contribui.

CC: E acha possível que se elejam os dois senadores, a Marta Suplicy e Netinho?


AM: Eu acho que a Marta tem todas as chances de se eleger, não só porque está bem nas pesquisas, mas pela história dela como parlamentar, sempre ao lado dos excluídos, dos discriminados. Eu acho que isso é uma força muito grande no perfil dela, foi uma prefeita com grande sensibilidade social, com uma política pela inclusão social e hoje a administração do Kassab não vai bem, isso fortalece a candidatura da Marta como contraponto. Eu acho que ela está muito bem posicionada. E o Netinho, pelas pesquisas, mostra que tem um potencial, que sai em um patamar bastante importante e eu sinto na rua uma simpatia muito grande da população com ele, muito forte. Quando saímos na rua é uma coisa muito forte, principalmente entre os jovens da periferia, tem um carinho, um atenção muito grande pra ele. Eu acho que isso pode “dar pagode”.

CC: Quem será o candidato à vice-governador?


AM: Para vice nós temos nomes do PDT, do PR, mas não definimos ainda, veremos quem tem o melhor perfil, que mais agregue à chapa.Não há reivindicação de ninguém. Há indicações, mas nós vamos aguardar mais um tempo ainda para escolher o vice. Assim que o quadro partidário se definir realmente a gente pode caminhar nessa direção. Ainda tem muito coisa indefinida. Eu acho que o quadro partidário deve caminhar para fechar com as candidaturas do Celso Russomanno, do Paulo Skaf, do Fabio Feldmann, do Geraldo Alckimin e a minha. O PSOL não sei como virá, deve ser o Paulo Búfalo, de Campinas. .

CC: Vamos falar um pouco de programa de governo. Na convenção do PSDB que lançou o Alckimin, o discurso dele e do Fernando Henrique em particular, foram destoantes da linha que o Serra ameaça desenvolver na eleição presidencial, digamos, menos beligerante. Serra tinha falado até em governar todo mundo junto, chamar o PT e o PV para governar...


AM: Eu acho que na convenção eles falaram de improviso. Não foi o marketing que escreveu o discurso. E de improviso eles falaram o que sempre foram. Na verdade, o PSDB sempre foi contra o Lula, fez de tudo para não existir o governo Lula, e ainda repete uma parte do discurso do Fernando Henrique, novamente tentando dizer que se a Dilma ganhar a eleição pode ser um desastre, disse “que Deus nos socorra”, algo como tentando retomar uma retórica do medo, que eu achei que já estava totalmente ultrapassada, porque eles foram derrotados com essa retórica, a esperança venceu o medo.

E também porque o governo Lula teve um êxito inquestionável. É o presidente mais popular da história do Brasil, talvez a personalidade com mais prestígio internacional da história do país internacionalmente. Recebeu prêmio do El País, da Espanha, do Le Monde Diplomatique, da revista Time dos EUA, do Fórum Econômico Global, agora da ONU como campeão mundial de combate à fome, um prestígio, uma liderança, que é impressionante. O País hoje tem inflação menor que a do governo do Fernando Henrique Cardoso, a economia cresce duas vezes mais do que crescia nos 25 anos anteriores a ele. No IBGE, que tem sessenta anos de história, foi a maior redução da pobreza, 23 milhões de pessoas deixaram à linha da pobreza, com a ampliação da classe média, mais de 32 milhões de pessoas. Da história documentada do IBGE, o índice Coeficiente de Gini que é um índice inquestionável, é o melhor evolução que nos tivemos. Os mais pobres tiveram um ritmo de crescimento, no governo Lula um ritmo chinês em torno de 9% ao ano, isso em 7 anos.

O salário mínimo cresceu 74%, o Bolsa Família atinge dois milhões de famílias, o crédito consignado massificou o consumo popular. O Minha Casa Minha Vida já tem 410 mil casas sendo construídas e contratadas. O Prouni atinge 726 mil famílias que estão sendo beneficiadas.

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