A passagem do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff por Pernambuco, nesta sexta-feira (13), mostrou que o PT não vai deixar por menos os ataques do ex-aliado e pré-candidato a presidente Eduardo Campos (PSB). A paternidade de obras feitas no estado foram cobradas em público e sobraram questionamentos diretos e indiretos à prometida "nova política", presente nos discursos socialistas. "A nossa vitória será a nossa vingança", proferiu Lula ao encerrar um discurso inflamado durante a plenária petista.
O evento foi único público do qual ele participou na visita que fez ao estado, três anos após sua última passagem por Pernambuco. Na época, havia sido recebido por Eduardo Campos, que ainda era aliado. Desta vez, pediu que a militância tomasse para si os ataques contra a presidente Dilma Rousseff, alvo recorrente das críticas do socialista. "Se ofenderem a Dilma estão ofendendo a cada um de nós", disse.
O deputado federal João Paulo, pré-candidato ao Senado, que também discursou, chegou a alfinetar afirmando que, apesar de saber que Lula gostava de Campos, desconfiava que o socialista "não gosta da gente, nem gosta do senhor, nem gosta do PT". Em seguida acrescentou: "É inadmissível que depois de três meses que o PSB saiu do governo ela (Dilma) era a deusa do céu e virou uma peça que destruiu o Brasil". Nesse momento a militância brandou contra Campos chamando-o de "traidor".
Dilma Rousseff foi mais contida no discurso da plenária do PT. Ainda assim atacou os adversários e afirmou que "esta é a nova política". Eles agora mudaram um pouco o discurso, dizem que vão fazer tudo o que nós fizemos", afirmou. Durante o dia a presidente fez outros dois discursos, estes em agendas administrativas. No primeiro deles, na inauguração da Via Mangue, afirmou que a obra só foi possível devido a investimentos do governo federal, a quem chamou de "atacante maior". "Ele (a União) colocou muito dinheiro. Não foi pouco, não."
A frase foi dita em frente ao prefeito Geraldo Julio (PSB) que minutos antes havia provocado a presidente ao dizer que "a obra era paga pelo povo". A inauguração da via expressa estava prevista para ocorrer no final do mês passado, mas foi adiada após a presidente divulgar agenda no estado, na qual participaria do evento. A Prefeitura do Recife procurou desmentir versões que davam conta que o cacelamento seria para evitar palanques para a petista.
Dilma Rousseff participou ainda de outras duas agendas administrativas durante esta sexta-feira. Ela visitou o Terminal Cosme e Damião, que começa a funcionar neste sábado (14), e participou de uma formatura de 1.300 alunos Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), quando falou dos investimentos do governo federal na educação profissionalizante. O programa é um dos principais pontos da propaganda petista para a campanha eleitoral.
O senador Armando Monteiro Neto (PTB) acompanhou a presidente durante todo o dia e esteve no Encontro Estadual do PT ao lado do ex-presidente Lula, que o apresentou como o candidato do partido para o governo de Pernambuco. Tanto Lula quanto Dilma procuraram desconstruir o discurso socialista, associando o senador ao "patronado". "Quando eu fui presidente, é preciso fazer justiça, esse homem era presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e ele, que alguns estão querendo dizer que é patrão, sempre prezou pela população", declarou Lula na plenária.
No fim da noite, os petistas participaram de um jantar na casa do senador. Estiveram presentes, além de Dilma e Lula, deputados da base de Armando Monteiro, lideranças partidárias da coligação em Pernambuco e os pais do petebista. A presidente passou cerca de meia-hora na residência do senador, em Boa Viagem, e foi para o aeroporto, de onde seguiu para Brasília. Lula permaneceu pelo resto da noite.
Diário de Pernambuco
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