Nos últimos dias, Aécio Neves vestiu o figurino que Marina Silva adotou no primeiro turno das eleições presidenciais. Ao mesmo tempo em que desrespeita e insulta a presidenta Dilma e os petistas, dá entrevistas se vitimizando, dizendo que sofre ataques e campanha do PT está abordando questões pessoais da família dele. Questões pessoais para o candidato é o nepotismo descarado que ele praticou quando governou Minas Gerais, contratando vários parentes, entre eles a irmã Andrea Neves da Cunha, que foi diretora-presidente do Serviço de Assistência Social de MG (Servas), genro do padrasto, tios, primos e primas.
Quando Dilma questionou Aécio sobre essa imoralidade na gestão da coisa pública - no debate da TV Bandeirantes -, o tucano se descontrolou e ofendeu a presidenta. Disse que ela era leviana. Mais respeito, candidato! Leviandade é impedir que o Brasil inteiro saiba o que o senhor fez em Minas Gerais e impediu que a mídia local divulgasse.
A tática tucana é a da hipocrisia, a de fingir indignação para desviar a atenção do povo das práticas antidemocráticas, imperialistas e imorais que adotam quando estão no governo. A corrupção tucana é um dos temas que eles tratam exaustivamente, mas sempre do jeito deles. Fazem parecer que corrupção é uma invenção do PT e não um problema institucional que existe há mais de 500 anos e nunca foi combatido antes de Lula e Dilma. O combate à corrupção nos governos Lula e Dilma é tratado por eles e pela mídia amiga como corrupção de petistas e não como uma ação eficiente do governo contra corruptos e corruptores, independentemente da filiação.
O fato incontestável é que os casos de corrupção no Brasil só começaram a aparecer e ser divulgados a partir de 2003, quando Lula determinou investigação e punição exemplar, ao contrário do que ocorria no governo FHC, de toda e qualquer denúncia, inclusive por meio de CPIs no Congresso. Lula enfrentou várias CPIs e eles nunca conseguiram comprovar um malfeito sequer. Já os tucanos, não deixam que nenhuma CPI seja aberta, não permitem que o Ministério Público investigue e só nomeiam procuradores que engavetam as denúncias contra eles e sua turma. Nos governos Aécio (MG) e Alckmin (SP) nenhuma CPI foi aberta em mais de 20 anos.
Para enfrentar a corrupção, Lula e Dilma criaram a Controladoria Geral da União (CGU), o Cadastro de Empresas Inidôneas (CEIS) e o Portal da Transparência; regulamentaram o pregão eletrônico, e aprovaram a Lei de Acesso à Informação. Além disso, Dilma sancionou a lei que define a figura do corruptor e responsabiliza e pune pessoas jurídicas por atos contra a administração pública. Mais importante ainda foi a liberdade dada aos órgãos de fiscalização e controle. Segundo a CGU, essa liberdade foi fundamental para punir 4.421 servidores corruptos com demissão, destituição ou cassação de aposentadorias. Mais de 3.700 empresas privadas foram punidas por desvios.
Agora, vamos falar de corrupção em Minas Gerais. Ouvindo o discurso do candidato mineiro, quem não o conhece pensa que ele é um dos políticos que mais combatem os desvios de conduta e de recursos do País. Lamento informar, isso é só jogo de cena. Como disse a presidenta Dilma, em nenhum caso de corrupção do Brasil, nem mesmo nos comprovados como a compra de votos para aprovar a reeleição de FHC, nenhuma pessoa foi punida nem exposta à execração pública.
Quando algum deles é denunciado e exposto timidamente pela mídia, os brasileiros ficam surpresos. Os aeroportos construídos nas fazendas de familiares de Aécio, quando ele era governador de Minas Gerais, é um dos exemplos. Ele mandou construir com dinheiro público um aeroporto na fazenda de um tio-avô na cidade de Cláudio, a seis quilômetros de sua própria fazenda. Quem ficava com a chave do aeroporto era o tio, pelo menos até a mídia nacional denunciar o malfeito. Ele também construiu um aeroporto em Montezuma, onde também tem fazenda. Assim como o de Cláudio o aeroporto é ocioso e fica trancado. Ambos são usados exclusivamente por Aécio e seus familiares.
Detalhe: não há justificativa técnica para a construção de nenhum dos aeroportos. Cláudio tem 25.636 habitantes, segundo o IBGE de 2010 e fica a 55 quilômetros de Divinópolis, que atende a região e tem aeroporto. Montezuma tem 7.472 habitantes.
Em Minas Gerais, malfeitos de Aécio e aliados não são denunciados, nem tampouco investigados e, se forem, são arquivados. O ex-deputado Eduardo Azeredo (PSDB) renunciou ao mandato para evitar o julgamento do mensalão tucano e abafar o escândalo. A ação penal, que voltou para Minas, investiga denúncias de desvio de dinheiro público durante a campanha de Azeredo, então governador de Minas, que disputava a reeleição, em 1998. Azeredo teria desviado cerca de R$ 9 milhões do Bemge (Banco do Estado de Minas Gerais), extinto, e das estatais mineiras Copasa e Cemig. Quando Azeredo renunciou, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já havia pedido sua condenação a 22 anos de prisão e o STF estava pronto para iniciar o julgamento. A revista IstoÉ disse na ocasião que Aécio estava envolvido, mas a denúncia morreu nas montanhas de Minas.
O ex-senador Clésio Andrade (PMDB), amigo e vice-governador de Aécio de 2003 a 2006, também renunciou ao mandato quando o STF ia marcar seu julgamento pelo mesmo escândalo. Há cerca de um mês Clésio voltou ao noticiário policial. Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal ele está envolvido em um esquema de desvio de recursos da União ao Serviço Social do Transporte (Sest) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), em Brasília e em Minas Gerais. Clésio e sua turma desviaram, segundo a polícia, mais de R$ 20 milhões.
Outro caso envolvendo aliados e amigos de Aécio foi a apreensão de um helicóptero com mais de 500 quilos de cocaína. O dono da aeronave é o filho do senador Zezé Perrella – pai e filho são amigos íntimos do tucano. As investigações, vejam só, não encontraram envolvimento do senador e de sua família no crime de tráfico de drogas.
Então, fica o convite: vamos conversar sobre corrupção, Aécio?
Vagner Freitas
Presidente nacional da CUT
Um comentário:
Por estas e outras o Nordeste Brasileiro tem que mostrar sua importância. Chega de votar em ladrão.
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