segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A incrível história do PM João Dias: o alvo é outro (*)

Capa Retrato do Brasil JoãoDias
O Retrato do Brasil (dez/2011) conta toda a história da farsa contra Orlando e o PCdo B

 
Com a repetição de denúncias contra ministros e a criação incessante de pequenos fatos jornalísticos em geral mal investigados, a grande mídia conservadora visa transformar o governo Dilma num grande escândalo político.

A substituição do ex-ministro do Esporte Orlando Silva, numa cerimônia na qual a presidente Dilma Rousseff fez grandes elogios a ele, a seu sucessor, Aldo Rebelo, e à legenda de ambos, o PCdoB, foi considerada, pelos maiores meios de comunicação do País, um escárnio, um desprezo à opinião pública. Jornais e revistas como O Estado de S. Paulo, O Globo, Veja, Época e IstoÉ promoveram uma agressiva e eficiente campanha de denúncias contra Silva e seu partido e acham que falam de um Olimpo, acima do bem e do mal, em nome de todos, “da sociedade”, como se fatos extraordinários tivessem se arremessado sobre eles por imposição divina, para que denunciassem a gestão do ex-ministro e de seu partido no Ministério do Esporte.

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Mesmo os mais ingênuos sabem, no entanto, que não é assim. Os fatos não se impõem aos jornais por conta própria nem são selecionados por uma divindade superior, imune aos interesses dos mortais comuns. O jornalismo é parte da luta política. Os fatos são empurrados para a mídia por pessoas, que representam interesses – próprios, de grupos, de classes sociais. A campanha contra Silva foi deflagrada pelo PM João Dias Ferreira, que chegou a ser candidato a deputado distrital pelo PCdoB em 2006 e de quem o Ministério do Esporte cobrava cerca de 4 milhões de reais.

Ferreira estava ameaçado de perder todos os bens, em função de ação iniciada pelo ministério e levada adiante pela Justiça federal, que o acusava de ter desviado aquele montante para benefício próprio, pela manipulação, com notas “frias”, das contas de um convênio com o ministério. O ataque a Silva foi combinado também com uma ofensiva contra o governador do Distrito Federal (DF), o ex-ministro do Esporte e também ex-militante do PCdoB Agnelo Queiroz. Nessa parte da campanha foram usadas pessoas que compunham o grupo do PM, mas se voltaram contra ele depois de terem sido cooptadas pela Polícia Civil do governo do DF em 2010. E até as crianças menos ingênuas da capital federal sabem que as forças derrotadas por Queiroz na campanha do ano passado estão vivas na política do DF e interessadas em desestabilizá-lo.

Tanto o PM Ferreira quanto seus dissidentes acharam na grande mídia conservadora aliados essenciais. A história de Ferreira foi divulgada pelo semanário Veja e pelo diário O Estado de S. Paulo. Veja divulgou o depoimento do PM na sua edição que começa a circular nacionalmente no sábado sem investigar praticamente nada da história e sem efetivamente dar ao ministro acusado o direito de defesa – pois o conteúdo mais preciso da acusação, como disse a Retrado do Brasil o secretário-executivo do ministério, Waldemar de Souza, só foi recebido no final da tarde da sexta-feira anterior. Mesmo assim a revista apoiou a acusação com vastas considerações editoriais.

O jornal paulista, em editorial, já na segunda-feira seguinte, 17 de outubro, após Veja estar em todo o País com a entrevista do PM afirmando ter Silva recebido na garagem do ministério 1 milhão de reais de dinheiro ilícito, disse claramente que a presidente Dilma deveria demitir o ministro do Esporte, mesmo sem essas acusações estarem minimamente documentadas. Como fizera uma campanha de denúncias contra o ministério no início do ano, também sem provar nada, talvez o grande diário conservador se julgasse no direito de exigir a demissão de um ministro apenas porque o denunciava.

A campanha contra Queiroz foi liderada pela IstoÉ, com um artigo de capa no qual a semanal pretendeu revelar “com detalhes como o atual governador de Brasília teria montado um propinoduto para desviar dinheiro público no Ministério do Esporte”. O material básico com o qual IstoÉ trabalhou é, no fundo, o mesmo de Veja. Foi produzido pela Polícia Civil do Distrito Federal (PC-DF) no final do primeiro semestre de 2010, num inquérito estranho que investigava desvio de verbas federais – que é da competência da Polícia Federal (PF) e não da Polícia Civil. Já se vivia, então, a plena campanha eleitoral, a qual disputaram, de um lado, Queiroz, e, de outro, Weslian Roriz, a mulher de Joaquim Roriz, o grande político do DF, cuja candidatura fora vetada pela Justiça. Ferreira e mais cinco pessoas ligadas a ele foram presas em abril daquele ano. Duas pessoas que aparentemente participavam do esquema de manipulação de verbas de convênios com notas “frias”, Geraldo Andrade e Michael Silva, foram cooptadas pela PC-DF e depuseram a favor de Weslian, no programa eleitoral de TV, algum tempo depois. Esses mesmos depoimentos foram usados agora contra o governador Queiroz, e gravações de conversas de Ferreira daquela época, apreendidas em sua casa pela PC-DF, foram usadas, agora, por IstoÉ e Veja, contra Queiroz e Silva.

Não se deve acreditar que a grande mídia conservadora aja assim por acaso e, tampouco, que faça isso por participar de uma grande conspiração, inventando fatos do nada para infernizar um governo de serafins e querubins. A grande mídia tem um método, é o denuncismo. Fez com Silva exatamente o que fez em 2005, logo após as denúncias do então deputado do PTB Roberto Jefferson, que apontou o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, como o chefe da operação conduzida pelo tesoureiro do PT à época, Delúbio Soares, e pelo publicitário mineiro Marcos Valério. O esperto presidente da sigla trabalhista tinha criado, para usar o jargão do jornalismo, a “retranca” do “mensalão”. O Estadão, por exemplo, foi, também o primeiro a dizer, em editorial, que Dirceu era o chefe do mensalão. Foi ainda peça destacada da grande mídia na campanha de denúncias que levou tanto à demissão, a pedido, quanto à cassação, pelo Congresso, do deputado Dirceu, sem que, até agora, tenham sido apresentadas outras provas concretas – além da palavra de Jefferson – de que ele comandava o tal esquema. No caso da demissão do ministro do Esporte, o jornal criou uma retranca chamada de “esporteduto” sob a qual, além de trabalhar pela demissão de Silva, procurou desmoralizar os comunistas do PCdoB.

A grande mídia não constrói seu ponto de vista do nada a partir de um amontoado de mentiras. Jornais e revistas são editados com propósito, segundo regras, por um corpo de grandes editores nomeados pelos patrões. E todos têm dezenas de jornalistas e profissionais que todo dia acrescentam ao tema no qual estão focados miríades de informações. Dito de outra forma: a avalanche de informações que divulgam, de modo geral, não é falsa por ser um conjunto de pequenas mentiras; ela induz o leitor ao erro contando pequenas verdades, indo em busca apenas de coisas que são do interesse dos patronos dos editores. Fazendo uma avaliação muito ampla, pode-se dizer que há verdades parciais, “malfeitos” para usar a expressão da presidente Dilma, em todas as matérias de denúncias publicadas pelos grandes veículos citados.

Ter posição também não é um mal em si. Todos os jornais são assim, sejam de direita, de esquerda ou de centro: de um modo ou de outro têm um “partido”, uma posição. O exemplo do Estadão ajuda a entender o problema político de pretender, como se diz, regular a mídia. O diário paulista é um dos melhores jornais da grande mídia brasileira. Tem um grande número de repórteres e correspondentes e outros recursos para acompanhamento razoável dos fatos mais relevantes do Brasil e do mundo. Tem opiniões claras, bem escritas, o que permite saber com relativa precisão as posições de seus donos em relação a esses assuntos. Além do mais, é um jornal corajoso, militante. É, e sempre foi, um jornal liberal, no sentido de ser amplamente favorável à abertura das fronteiras econômicas do Brasil ao capital estrangeiro.

Do ponto de vista político, fundado em 1875, apoiou a República e, logo depois, a candidatura de Getúlio Vargas pela Aliança Liberal, o movimento liderado pelos “tenentes” que representavam a vanguarda do movimento antioligárquico no País nos anos 1920. Posteriormente, colocou-se na vanguarda do movimento conservador que, em 1932, organizou a rebelião armada contra Vargas em São Paulo e, em, 1964, apoiou o golpe que depôs o presidente João Goulart, herdeiro de Vargas, e instalou no País a ditadura militar que governou o Brasil por duas décadas, até 1984. Mesmo assim, a partir de 1968, quando o regime assumiu posições claramente fascistas, o Estadão divergiu do rumo tomado pelos militares – e viveu, orgulhosamente, sob censura prévia até o começo de 1975.

O Estadão, agora, é um dos campeões na defesa da “faxina” que a presidente Dilma estaria fazendo no governo. A suposta faxina, no entanto, decorre desse rol de pequenas denúncias em geral mal investigadas. O significado político delas parece claro. Tenta-se criar um fosso entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e o de Dilma, a sucessora que Lula escolheu. Tenta-se mostrar que o dela é sério e que o de Lula não o foi, com um propósito aparente de exorcizar o passado. Algo nos termos do que disse, na página de editoriais do Estadão, o ex-deputado e ex-secretário de Estado João Mellão Neto, em artigo intitulado, sugestivamente, “Vade retro, Luiz!”.

Mellão diz que Lula “logrou eleger a sua sucessora, mas deixou para ela uma pesada herança. De modo interesseiro, para criar um contraponto com Lula, o grande jornal conservador está sugerindo que Dilma deveria ser, por exemplo, como o ex-presidente Jânio Quadros, um herói de campanhas de “faxina” no poder, que os conservadores – como o Estadão – apoiaram nas vésperas do golpe militar de 1964 e que imaginavam ser a salvação da pátria. Estadão, Veja, O Globo etc. querem criar um fosso entre Lula e Dilma para enfraquecê-la, obviamente, e não para apoiá-la numa reeleição em 2014. E querem, desde já, minar uma candidatura Lula em 2014, coisa que não é improvável.


Quem é o cacique. Ela? Ele? Ou o jornal?

O diário da família Marinho, O Globo, foi participante ativo da campanha de denúncias contra o ex-ministro Orlando Silva. Um exemplo das técnicas dessa campanha é o tratamento dado pelo diário a uma intervenção do ex-presidente Lula na história. No sábado, 22 de outubro, a manchete do jornal foi “Lula manda PCdoB resistir e Dilma mantém ministro”, apoiada em declarações de líderes do PCdoB que narraram ao jornal o apoio que o ex-presidente estaria dando à resistência do ministro e do partido à demissão. Na terça, no entanto, nas matérias que fez da viagem da presidente para inaugurar a ponte Rio Negro, um empreendimento iniciado no governo Lula, O Globo procurou dizer que Dilma teria convencido o ex-presidente de que era preciso demitir Silva. O contexto era o seguinte: Lula iria ao México para receber uma premiação; Gilberto Carvalho, seu ex-chefe de gabinete e ministro de Dilma, convidou Lula para ir de Brasília a Manaus com ela, para tratar da situação. De lá, Lula seguiu sua viagem. No trecho Brasília–Manaus, a presidente e o ex trataram do caso PCdoB–Silva. E Lula teria mudado de opinião. De onde vieram as informações sobre o que Dilma teria dito? Não vieram nem de Dilma nem de Lula. Saíram, segundo texto de O Globo publicado no dia 26, de “interlocutores que estavam em Manaus”, do “relato de presentes”, de “um integrante da comitiva presidencial”, de “relatos”. O jornal não cita as fontes por conta própria ou porque elas pediram para não ser citadas. Essas fontes não existem? O jornal mente nesse detalhe? Quase certamente, não. Possivelmente, estava acobertando fontes que eram contra o ministro e o PCdoB e não queriam aparecer. O jornal não deu destaque aos que tinham interesse contrário e que usaram declarações de Lula e Dilma em Manaus em defesa de Silva, também possivelmente verdadeiras. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), por exemplo, afirmou a O Globo que a presidente lhe disse em Manaus que “gostou muito da conversa com Orlando”, que tivera pouco tempo antes, e que o ministro “lhe pareceu muito firme”. Mas a manchete de O Globo foi outra, de sentido contrário. Resumo: o jornal usa as informações que obtém, possivelmente verdadeiras, para construir um contexto do qual omite ou minimiza aquilo que não lhe interessa. Ou ainda: que cacique queria demitir Silva? Dilma? Lula? Ou O Globo?


Fonte: Retrato do Brasil, nº 53, dezembro de 2011 (foram feitas pequenas alterações na apresentação desta extensa reportagem, para adequá-la à internet, sem contudo nenhuma mudança no texto original).

4 comentários:

Anônimo disse...

A incrível história do PM João Dias só existe porque os petralhas e seus comparsas do PC do B existem e não desistem de atacar os indefesos cofres públicos!

E isso é incrível!

Falsários! Vigaristas!

Anônimo disse...

A incrível história do PM João Dias só existe porque os petralhas e seus comparsas do PC do B existem e não desistem de atacar os indefesos cofres públicos.

Vigaristas!

Veralula disse...

É puro DESESPERO desse anônimo ASSALTANTE do País, vir aqui xingar o PT e o PCdoB, quando todo mundo que leu A PRIVATARIA TUNGANA já viu as PROVAS do ROUBO de quase 50 BILHÕES DE DÓLARES praticados por seus COMPARSAS do PSDBOSTAS!!!

Vá ler o livro, TUCANOTÁRIO, pra parar de vir aqui escrever idiotices!!!

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Maria Amelia Martins Branco disse...

Esse Anônimo ainda respira, pensei que depois do Livro escancarando os roubos dos ladrões TUCANOS, esse Anônimo metesse o rabo entre as pernas e sumisse, vamos apostar que ele herdou uns trocados dos roubos da PRIVATARIA deve ser
porisso que ainda tem fôlego para vomitar a sua inveja, o seu despeito, vai grunir no chiqueiro dos LADRÕES TUCANOS.