O ex-presidente Lula enfrentou a crise internacional de 2008, provocada pela
desregulamentação do sistema financeiro estadunidense que ocasionou as fatídicas
“bolhas imobiliárias”, aliando-se ao setor produtivo para garantir a expansão do
mercado interno. A presidenta Dilma, ao dar prosseguimento às medidas
preventivas contra a crise que se espraiou pelos Estados Unidos e a Europa, de
modo a garantir que o Brasil continue a navegar em águas tranquilas, alia-se à
indústria e à construção civil.
No que toca ao setor industrial, torna claro que o desafio está em: a)
estimular indústrias que invistam em tecnologia de ponta para assegurar-lhes
competitividade no mercado externo e; b) revitalizar as indústrias tradicionais
(calçados, móveis, têxteis). Esse é o sentido das medidas de reforço ao processo
de industrialização recém anunciadas pelo governo federal, bem como da luta que
meu mandato tem travado para a criação, na Unisinos, do primeiro Instituto de
Semicondutores em território nacional. Trata-se de um movimento complementar
àquele que já se organiza em torno da Petrobrás e do Pré-Sal.
No que concerne à construção civil, as iniciativas governamentais visam
ampliar as metas do programa Minha Casa, Minha Vida e potencializar as obras de
infraestrutura logística e mobilidade urbana, aproveitando o ensejo das
Olimpíadas e da Copa do Mundo que, em paralelo, servirão para promover o país e
conferir-lhe o prestígio necessário para assumir, num crescendo, um papel
protagonista nas relações internacionais contemporâneas. O PAC é indispensável,
sob esse aspecto, e sua implementação deve ser eficiente e transparente. A
declaração da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, de que não consegue
ver o Conselho de Segurança da ONU, no futuro, sem a presença do Brasil é uma
prova da projeção alcançada pela nação brasileira no último período.
Essa é a estratégia que colocou o país no caminho certo e palmilhou o
reconhecimento mundial que obtivemos no início do século 21. Graças à orientação
adotada pelo centro do Estado, com o apoio de 64% da população, conforme
instituto de pesquisa, o governo enfim reuniu condições políticas para enfrentar
a ganância do capital financeiro e atacar de frente os juros altíssimos
praticados pelos bancos. Para tanto, foi crucial a decisão para que os bancos
públicos (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) interviessem na ciranda
financeira para forçar a redução do spread bancário. A Federação
Brasileira dos Bancos (Febraban) tentou impor contrapartidas para a adoção de
novas taxas, mas não levou.
Os pretextos para manter os juros na estratosfera com o falso objetivo de
combater a inflação já não convencem. A política econômica atual exige
investimentos e não especulação. O modelo de acumulação financeira, que vingou
no passado, deve ceder lugar hoje a um modelo de acumulação produtiva para que
avancemos ainda mais, com crescimento sustentado e distribuição de renda. Está
de parabéns o governador Tarso Genro e o Banrisul por, imediatamente,
perfilarem-se ao lado da presidenta Dilma nessa cruzada bem-vinda para deletar
os entulhos deixados pelo neoliberalismo.
Ronaldo Zulke é deputado federal (PT)
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