Messias Pontes *
Nunca dantes na história do Brasil um ex-presidente foi tão cara-de-pau e menosprezou tanto a inteligência alheia como o Coisa Ruim (FHC). Esse poço de vaidade não admite que alguém lhe supere, seja lá no que for, principalmente se esse alguém for um retirante nordestino e ainda sem formação acadêmica.
O que mais incomoda esse ex-sociólogo é que ele deixou a Presidência da República pessimamente avaliado, o pior desde Deodoro da Fonseca, e foi substituído por um ex-operário que deixou o comando da Nação como o melhor avaliado de toda a história republicana e ainda por cima elegeu uma mulher sua sucessora.
O capachismo, a subserviência, a hipocrisia e a sua traição nacional são marcas que o seguirão para sempre, até o túmulo. Contudo, o cinismo é o que mais tem marcado a sua trajetória depois que deixou o Poder. Depois de ser escondido sucessivas vezes por seus correligionários José Serra (o Zé Bolinha de Papel) e por Geraldo Alckmin quando disputaram a Presidência da República, agora forçou a barra e subiu no palanque de Serra que concorre mais uma vez a prefeitura paulistana.
Na maior cara-de-pau, o Coisa Ruim deu destaque na sua estreia na propaganda eleitoral do candidato tucano na TV ao “mensalão”. Num surto vertiginoso de amnésia, disse que “São Paulo não aceita quem é tolerante com desvios de dinheiro público e vai votar em um administrador honesto, com história limpa, José Serra”, e num artigo publicado nos jornalões O Globo e Estado de São Paulo ele enfatizou que a presidenta Dilma havia recebido uma herança maldita. Ele foi mexer em vespeiro, pois ato contínuo o candidato petista Fernando Haddad contra-atacou mencionando o chamado “mensalão mineiro” que teve início com o tucano Eduardo Azeredo em 1998, quando disputou a reeleição ao governo das Alterosas. O próprio Azeredo já havia declarado que o valerioduto tucano irrigou a campanha do Coisa Ruim em 1998.
A exemplo do lanceiro que bate a carteira de alguém e, para confundir a Polícia, corre gritando “pega o ladrão”, o Coisa Ruim tenta esconder que foi no seu desgoverno (1995-2002) que ocorreram as maiores falcatruas que se tem notícia e que motivaram a publicação de vários livros, destacando-se, dentre outros, O Mapa da corrupção no governo FHC, dos jornalistas Larissa Bortone e Ronaldo de Moura; O Brasil privatizado, dois volumes do jornalista Aloysio Biondi; e a Privataria tucana, do também jornalista Amauri Ribeiro Júnior – best seller escondido pela velha mídia conservadora, venal e golpista.
O que o Coisa Ruim não esperava era a resposta à altura dada pela presidenta Dilma Rousseff, que tão logo leu o deselegante artigo do ex-presidente soltou uma nota oficial afirmando que “recebi uma herança bendita. Não recebi um País sob intervenção do FMI ou sob ameaça de apagão”. Diz ainda a Presidenta Dilma que “Recebi numa economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos consistentes em infraestrutura e reservas cambiais recordes”.
Mas não para por aí. Diz mais que recebeu um País mais justo e menos desigual, com 40 milhões de pessoas ascendendo à classe média, pleno em,prego e oportunidade de acesso à universidade a centenas de milhares de estudantes. Ao contrário do que deixou o Coisa Ruim, o presidente Luis Inácio Lula da Silva deixou um Brasil mais respeitado lá fora graças às suas posições firmes no cenário internacional. “Um democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse. O ex-presidente Lula é um exemplo de estadista”, enfatizou a Presidenta.
Dilma Rousseff acertou ainda um direto no fígado do ex-presidente tucano quando frisou que “não reconhecer os avanços que o País obteve nos últimos anos é uma tentativa menor de reescrever a história. O passado deve nos servir de contraponto, de lição, de visão crítica, não de ressentimento. Aprendi com os erros e, principalmente, com os acertos de todas as administrações que me antecederam. Mas governo com os olhos no futuro”.
Faltou a presidenta Dilma dizer que nos oito anos do desgoverno do Coisa Ruim o Estado brasileiro foi praticamente desmontado, que a saúde, a educação e a infraestrutura foram totalmente sucateadas, que a alto estima do brasileiro foi pro chão naquele período, que a política neoliberal a serviço do imperialismo norte-americano levou milhões de pais de famílias ao desemprego, sendo nos oito anos 800 mil empregos contra 14 milhões no governo Lula.
Agora, para desespero do tucanato, o ex-prefeito de Anápolis (GO), Ernani de Paula denunciou ao Ministério Público a concessão de bolsas-fantasma a instituições de ensino que repassariam o dinheiro para campanhas tucanas. Desde 2006, com a chegada de José Serra ao governo de São Paulo, foram R$ 800 milhões que já teriam sido repassados a instituições de ensino que fariam parte do esquema de arrecadação ilegal de fundos para o PSDB, e o principal braço do esquema seria a concessão de bolsas- fantasma para o ensino superior, iniciada no desgoverno FHC sob a batuta do ex-ministro da Educação e ex-secretário de Educação paulista Paulo Renato de Souza, já falecido.
A situação de José Serra, que está em queda livre, só não é pior porque o próprio Partido dos Trabalhadores impediu a instalação da CPI da Privataria tucana requerida pelo deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) com mais de 200 assinaturas. Se tivesse sido instalada aquela CPI, talvez Serra não tivesse sequer sido candidato.
Por tudo isso e muito mais, não é exagero afirmar que todo óleo de peroba no mundo é pouco para tanta cara-de-pau!
* Diretor de comunicação da Associação de Amizade Brasil-Cuba do Ceará, e
membro do Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado
do Ceará e do Comitê Estadual do PCdoB.
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