Governador de Goiás, que, em 2005 declarou que Lula sabia da existência do mensalão, agora afirma desconhecer que Carlinhos Cachoeira fosse um contraventor; tal qual o senador Demóstenes Torres, ele passou a acreditar na versão de que o mesmo havia abandonado o crime
247 – Em 2005, no auge do escândalo do Mensalão, o governador de Goiás, Marconi Perillo, quase incendiou o País ao declarar que teria conversado com o presidente Lula sobre a existência de um esquema de pagamento de mesada a parlamentares. Até então, Roberto Jefferson, que havia denunciado o esquema, poupava o ex-presidente Lula e apontava seus canhões contra o ex-ministro José Dirceu. Perillo usava ainda uma testemunha, a ex-deputada Raquel Teixeira, que teria sido assediada pelo PT para também receber a mesada. Desde então, Lula alimenta por Marconi um ódio visceral – o que servirá para alimentar a tese de que a Operação Monte Carlo tem também ingredientes de conspiração, com um forte viés político.
Esta operação, que já abateu o senador Demóstenes Torres, se aproxima cada vez mais do governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB. E o alerta vermelho já foi disparado em Goiânia. Numa tentativa de sair da defensiva, Marconi Perillo concedeu duas entrevistas ontem: uma à TV Anhanguera, em que disse que políticos de todos os partidos tinham relações com Carlos Cachoeira, e outra à Folha de S. Paulo. Nesta Perillo, usou um argumento semelhante ao do senador Demóstenes para justificar o fato de ter recebido o contraventor no palácio. Disse que acreditou que ele havia abandonado o crime. “O importante é que eu não sabia. Inclusive um dia, na casa do senador Demóstenes, ele pediu ao empresário que dissesse a mim que tinha saído da contravenção. Ele disse: ´Queria dizer ao senhor que estou trabalhando na legalidade´. Na boa fé, eu acreditei”, declarou o governador Perillo ao repórter Leandro Colon, da Folha.
O argumento é questionável porque Cachoeira, àquele momento, já era um contraventor nacionalmente conhecido. Primeiro, por ter feito as fitas de Valdomiro Diniz. Segundo, por ter sido o personagem principal de uma CPI sobre o jogo clandestino no Rio de Janeiro.
Ao que tudo indica, as relações entre o grupo de Cachoeira e o governo de Goiás eram bem mais próximas. O sargento Idalberto Martins, o Dadá, que está preso, participou da campanha de Perillo, em 2010, assim como o jornalista Alexandre Oltramari, ex-revista Veja. Ambos teriam trabalhado num sítio pertencente a Cachoeira, nos arredores de Brasília. Além disso, há indícios cada vez maiores de que Cachoeira seria uma espécie de sócio ou, ao menos, franqueado da construtora Delta Engenharia em Goiás – e a empresa, que inexistia no Cerrado, fechou contratos de cerca de R$ 250 milhões com o governo de Perillo. No mais, Perillo não poderia mesmo ser alertado por sua polícia civil e militar sobre as atividades clandestinas do bicheiro, uma vez que a Operação Monte Carlo revelou que vários delegados também estavam no bolso do contraventor.
Ontem, a crise derrubou Eliane Pedrosa, chefe de gabinete do governador Perillo, que também fazia parte do chamado “clube Nextel” de Cachoeira – dos 15 celulares trazidos dos EUA e que, supostamente, eram imunes a grampos. Com essa demissão, o governador espera estancar a crise, mas é grande a apreensão em Goiânia.
Um comentário:
Coitado do Perillo! Nessa história, são todos inocentes. O pior de tudo é que esses bandidos, depois de descobertas as roubalheiras deles, o máximo que pode acontecer é perderem o cargo. Nunca vi um bandido desses na cadeia. Tudo isso vai terminar numa Grande Pizza.
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