domingo, 15 de abril de 2012

Veja: a revista bandida

 
Que legitimidade tem a revista Veja para afirmar, em sua última edição, que a investigação do crime organizado por parte de uma CPI constitucionalmente formada possui a finalidade instrumental de encobrir um escândalo político, no caso o chamado "mensalão"?

Absolutamente nenhuma. Pelo simples fato de que Veja é alvo das investigações que agora tomam curso para esclarecer o porquê de Cachoeira e seu bando desfrutarem de tamanha proteção junto a setores da mídia, em particular junto ao periódico da editora Abril.

E já se sabe que Veja colaborou com o gangster Carlinhos Cachoeira em crimes de chantagem e extorsão contra autoridades públicas a fim de atrair para suas páginas anúncios de empresas fornecedoras do governo federal e remunerar-se, por serviços prestados à oposição, com farta publicidade e benesses das gestões estaduais comandados pelo PSDB.

Como o demonstra a compra em São Paulo de milhões de exemplares da revista para a rede estadual de ensino sem concorrência pública e agora a cessão gratuita de espaços para sua editora na grade da emissora estatal Rádio e Televisão Cultura.

Com Carlinhos Cachoeira e seus agentes incrustados na máquina pública, Veja estimulava e depois divulgava as ações de suborno, que serviam para conseguir vantagens creditícias em bancos públicos e negócios com autoridades da esfera estadual, sem falar nos milhões de exemplares vendidos de suas revistas com o que era apresentado como furo jornalístico.

As fontes de Veja eram homens a serviços do crime organizado. Gravações autorizadas pela justiça mostram o próprio capo Cachoeira afirmar que todas as matérias de repercussão do semanário foram patrocinadas por sua quadrilha.

Compreende-se que Veja se valha agora do último recurso que tem à disposição para descaracterizar a forte suspeita que paira sobre a finalidade e a natureza do jornalismo que realiza: afirmar que a própria ação pública saneadora das instituições possui propósitos escusos e desviantes.

Para a revista seria admissível que a infiltração do crime organizado se aprofundasse desde que não fossem tocadas as fontes ilegítimas de suas manchetes pré-fabricadas. Isso porque era ela própria a arma mais eficaz de que dispunham os corruptores para atemorizar funcionários corrompidos e amolecer parlamentares e o judiciário para que dessem forma a uma normatividade que favorecesse as ilicitudes da organização.

Não bastou `a Veja bajular Dilma para impedir que as ações da polícia federal viessem a público. Como não terá efeito a versão que agora busca dar circulação entre aliados na mídia que Dilma é contrária à radicalização da CPI. Entenda-se como radical a convocação do chantagista Roberto Civitta para depôr coercetivamente sobre os meios de que se valia para manter viável seu negócio.

Agora o pasquim da imprensa marrom, que levantava a bola para que outros de cara mais limpa na mídia pudessem forjar consensos condenatórios em torno de pessoas e autoridades, naquilo que passará à história como indústria da difamação, sentará onde deveria ter chegado há muito mais tempo: o banco dos réus. 
 

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