Que legitimidade tem a revista Veja para afirmar,
em sua última edição, que a investigação do crime organizado por parte de uma
CPI constitucionalmente formada possui a finalidade instrumental de encobrir um
escândalo político, no caso o chamado "mensalão"?
Absolutamente nenhuma. Pelo simples fato de que
Veja é alvo das investigações que agora tomam curso para esclarecer o porquê de
Cachoeira e seu bando desfrutarem de tamanha proteção junto a setores da mídia,
em particular junto ao periódico da editora Abril.
E já se sabe que Veja colaborou com o gangster
Carlinhos Cachoeira em crimes de chantagem e extorsão contra autoridades
públicas a fim de atrair para suas páginas anúncios de empresas fornecedoras do
governo federal e remunerar-se, por serviços prestados à oposição, com farta
publicidade e benesses das gestões estaduais comandados pelo
PSDB.
Como o demonstra a compra em São Paulo de milhões de exemplares da revista para a rede estadual de ensino sem concorrência pública e agora a cessão gratuita de espaços para sua editora na grade da emissora estatal Rádio e Televisão Cultura.
Com Carlinhos Cachoeira e seus agentes incrustados
na máquina pública, Veja estimulava e depois divulgava as ações de suborno, que
serviam para conseguir vantagens creditícias em bancos públicos e negócios com
autoridades da esfera estadual, sem falar nos milhões de exemplares vendidos de
suas revistas com o que era apresentado como furo jornalístico.
As fontes de Veja eram homens a serviços do crime
organizado. Gravações autorizadas pela justiça mostram o próprio capo Cachoeira
afirmar que todas as matérias de repercussão do semanário foram patrocinadas por
sua quadrilha.
Compreende-se que Veja se valha agora do último
recurso que tem à disposição para descaracterizar a forte suspeita que paira
sobre a finalidade e a natureza do jornalismo que realiza: afirmar que a própria
ação pública saneadora das instituições possui propósitos escusos e
desviantes.
Para a revista seria admissível que a infiltração
do crime organizado se aprofundasse desde que não fossem tocadas as fontes
ilegítimas de suas manchetes pré-fabricadas. Isso porque era ela própria a arma
mais eficaz de que dispunham os corruptores para atemorizar funcionários
corrompidos e amolecer parlamentares e o judiciário para que dessem forma a uma
normatividade que favorecesse as ilicitudes da organização.
Não bastou `a Veja bajular Dilma para impedir que
as ações da polícia federal viessem a público. Como não terá efeito a versão que
agora busca dar circulação entre aliados na mídia que Dilma é contrária à
radicalização da CPI. Entenda-se como radical a convocação do chantagista
Roberto Civitta para depôr coercetivamente sobre os meios de que se valia para
manter viável seu negócio.
Agora o pasquim da imprensa marrom, que levantava a
bola para que outros de cara mais limpa na mídia pudessem forjar consensos
condenatórios em torno de pessoas e autoridades, naquilo que passará à história
como indústria da difamação, sentará onde deveria ter chegado há muito mais
tempo: o banco dos réus.
Fonte: Brasil que Vai
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