quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Ambição provocou o rompimento de Márcio Lacerda e Aécio Neves

 
 
 
Virou pó projeto iniciado em 2006. Sem histórico e vivência política, ambos construíram suas carreiras através de jogos de interesses econômicos
 
 
O que era esperado acabou ocorrendo no início de janeiro na capital mineira. Fruto do entendimento de fortes grupos econômicos, a aliança Aécio Neves e Márcio Lacerda não resistiu aos primeiros embates ocorridos em função da sucessão da mesa diretora da Câmara Municipal e da divisão de espaço na administração do Município de Belo Horizonte.
 
 
Integrante do grupo de Aécio Neves, sem qualquer ligação e origem política em BH, vem comandando desde 2008 a forte área econômica de transporte e trânsito, através da BHTrans. Com a saída do PT da aliança, tentou agora, em 2013, abocanhar também a poderosa área de obras na Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) e a Secretaria de Obras. Lacerda não entregou, nomeou um ex-funcionário de sua empresa.
 
 
O embate ocorrido na eleição da mesa diretora da Câmara Municipal de Belo Horizonte, quando o candidato de Aécio e Lacerda à presidência saiu derrotado, sinalizou que não tinham qualquer liderança sobre a classe político da cidade representa no legislativo. Prefeito e Senador transformaram-se em coadjuvantes e expectadores.

Embora Aécio tenha governado por dois mandatos sucessivos Minas Gerais, devido sua inaptidão e inapetência, nunca se relacionou com a Assembleia Legislativa, atribuição delegada a Danilo de Castro. Assessores próximos de Aécio são unânimes em admitir que ele ficava desesperado para chegar sexta-feira para ir para o Rio de Janeiro.
 
 
Para Aécio ficar em Belo Horizonte representou o mesmo que Brasília representa atualmente para ele como senado, vai porque é lá que exerce sua função. Em relação à Brasília, o próprio Aécio já admitiu este fato. A verdade é que Aécio não gosta de política e sim do glamour e das regalias que os cargos que exerce proporcionam.
 
 
Igualmente, Aécio admite publicamente que não sacrifica sua vida social por nada, assim como Lacerda não sacrifica sua vida empresarial. Até mesmo o “grande jornal dos mineiros” já publicou que ele transformara a Prefeitura em sua empresa particular, onde as chefias foram entregues a funcionários de confiança de suas empresas.
 
 
A morte inesperada e trágica de Tancredo Neves em 1985 deixou inacabado o projeto político iniciado logo após o golpe de 1964 por Juscelino Kubitschek. Tratava-se de uma parceria equilibrada e respeitosa entre grupos econômicos, políticos e setores militares na tentativa de restabelecer a ordem institucional rompida.
 
 
Dono de uma carreira construída em décadas de vivência política, Tancredo, ao contrário do que se propaga, não deixou sucessor e sim um herdeiro de seu sobrenome que permitiu a utilização do mesmo como “grife” para encobrir projeto desassociado da probidade, da ética e do interesse público.
Minas e suas lideranças apostaram tudo em Tancredo. Seu herdeiro, Aécio, afastado de Minas Gerais ainda na infância para não sofrer os desgastes provocados pela luta política de seu avô, retornara apenas quando Tancredo, vitorioso, assumiu o Palácio da Liberdade em 1983.
 
 
O Governo de Minas, em 2003, quando Aécio assumiu, tinha uma dívida pública de R$35 bilhões, saltando para mais de R$100 bilhões em 2012. Em Belo Horizonte, nos últimos quatro anos, tudo que foi construído é fruto de recursos federais e empréstimos. Atualmente 99% das obras encontram-se paradas. Trata-se da clássica briga entre herdeiros para dividir o recurso proveniente da venda, como sucata, da chaminé da fábrica que herdou funcionando.
 
Fonte:Novo Jornal

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