Será que valeu a pena o Lula e a Dilma se
sacrificarem pelo povo brasileiro em sua luta contra a ditadura? Será
que valeu a pena o tempo que passaram na prisão? Onde estavam os que
hoje os crucificam graças à liberdade que desfrutam? Será que valeu a
pena retirar os militares do poder e restaurar a democracia no Brasil?
Muita gente se faz hoje essas perguntas diante do panorama atual do
país, onde expressiva parcela da população, idiotizada pela mídia que
abusa da liberdade de expressão, manifesta um inexplicável ódio justo
aos brasileiros que arriscaram suas vidas para que tivessem um país
livre. São verdadeiros autômatos, que abdicaram do direito de pensar
para repetir as manchetes dos jornais, cujos donos se encarregam de
pensar por eles.
Será que num governo militar o advogado Matheus Garcia ameaçaria
publicamente matar o Presidente? Será que num regime militar o Ministro
da Justiça seria hostilizado na rua? É claro que a situação seria bem
diferente, com a imediata punição dos que ousassem desrespeitar uma
autoridade. Os hoje valentes líderes oposicionistas, que abusam da
liberdade criando obstáculos à governabilidade e insultando os
governantes, estariam com o rabo entre as pernas e engolindo em seco. Os
"paneleiros" que pedem a volta dos militares, certamente porque não
sabem exatamente o valor da liberdade, estariam amedrontados, olhando
para a rua pelas frestas das janelas dos seus apartamentos de luxo.
Talvez apenas os donos da mídia estivessem numa boa, porque conseguem
adaptar-se a qualquer situação.
A democracia sem dúvida ainda é o melhor regime de governo que o
homem já inventou mas, infelizmente, parece que parte da população do
nosso país, aí incluída a grande maioria dos políticos, não está
preparada para vivenciá-la. Basta observar-se as postagens nas redes
sociais, carregadas de ódio, onde o insulto chulo substitui os
argumentos, e os pronunciamentos das lideranças oposicionistas, prenhes
de críticas ao governo e sem nenhuma contribuição positiva para
solucionar os problemas nacionais. O Congresso Nacional, que deveria ser
o principal baluarte da democracia, é o primeiro a trabalhar pela
destruição dessa conquista do povo brasileiro ao empenhar-se na
desestabilização do governo, inclusive com ameaça de impeachment. Os
supostos "representantes" do povo, em sua maioria, estão mais
preocupados em defender os seus próprios interesses, em detrimento dos
interesses maiores do país.
A culpa maior por esse despreparo cabe à mídia que, abdicando do
direito de fazer jornalismo – já vai longe o tempo em que a disputa era
pelo "furo" – tornou-se um partido político, interessado única e
exclusivamente em defender os interesses dos seus proprietários, pouco
se lixando com o que possa acontecer ao país. Aplicando com sucesso o
velho ditado popular segundo o qual "água mole em pedra dura tanto bate
até que fura", bate todo santo dia no governo, torcendo e manipulando
informações, transformando seus integrantes em inimigos a serem
eliminados e criando um clima de ódio que ameaça a qualquer momento
fazer uma vítima fatal. E nesse processo massacrante, que envergonha os
verdadeiros profissionais de imprensa, reputações são destruídas
impunemente.
Imbecilizadas por essa mídia descomprometida com a democracia e com o
país, que faz uma lavagem cerebral diária na população, algumas
pessoas, como o advogado Matheus Garcia, se tornaram perigosos
terroristas, capazes de qualquer ato insano, convencidos talvez de que
estão prestando um grande serviço ao Brasil. É o mesmo o que acontece
com os terroristas do Estado Islâmico: eles acham que decapitando
pessoas e destruindo monumentos históricos estão prestando um grande
serviço à sua causa. O fato é que, lamentavelmente, estamos nos tornando
um país de anencéfalos, robotizados pelos donos da mídia, que dizem o
que devemos pensar e fazer, de acordo com os seus interesses políticos e
econômicos. E acabaram transformando a liberdade de imprensa, uma das
conquistas fundamentais da democracia, na maior inimiga da própria
democracia.
Esses homens, porém, tanto os donos dos veículos de comunicação como
os que exercem mandatos parlamentares ou ocupam cargos no Executivo e no
Judiciário, deveriam começar a pensar que a vida não se limita a esta
que estamos vivendo, onde muitos conseguem driblar as leis humanas e
garantir sua impunidade. Na vida do outro lado, acreditem ou não, vão
ter de prestar contas dos seus atos pois ninguém fica impune diante das
leis de Deus. O tamanho da responsabilidade de cada um está na razão
direta da extensão dos males praticados e do número de pessoas
prejudicadas. Jesus disse que "a semeadura é livre mas a colheita
obrigatória", o que significa que todos terão obrigatoriamente de colher
o que plantaram, seja nesta ou em outra vida. É bom que comecem a
pensar nisso, pois ninguém sabe o dia em que serão chamados a prestar
contas de suas ações.
Ribamar Fonseca
Jornalista e escritor
Nenhum comentário:
Postar um comentário