Miami (EUA) - No momento em que se estará comemorando o cinqüentenário da revolução cubana, o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, assumirá o comando da maior potência mundial, com a (difícil) missão de reorganizar o país internamente e angariar a simpatia das demais nações após a desastrosa administração de George W. Bush.
Como os eventos são próximos, nada melhor do que aproveitar a ocasião para os EUA suspenderem o embargo comercial contra Cuba, decretado há 46 anos, e que já se revelou inócuo ao não produzir os efeitos esperados. Pelo contrário, os principais punidos são os próprios cubanos – tanto os que vivem na ilha, privados de acesso aos bens produzidos nos Estados Unidos, como os que moram aqui, vítimas da extrema dificuldade para remeter dinheiro, enviar mercadorias ou visitar parentes que lá ficaram.
Certamente a diáspora cubana (ou parte dela) vai vociferar contra Obama pela suspensão do embargo, ao afirmar que este ato somente servirá para fortalecer a ditadura castrista que se perpetuou no poder em Cuba, uma vez que o presidente eleito já afirmou aceitar conversar com os líderes cubanos sem impor pré-condições, como exigem os opositores dos irmãos Castro.
Não há como negar que o regime de governo instaurado em Cuba é obsoleto e ditatorial, punindo sobremaneira os pobres mortais que não podem sequer criticar as más condições de vida no país, sob risco de serem caçados pela patrulha política comandada pela nomenklatura que se instalou no poder há meio século e não faz menção de querer mudar seu governo, totalmente anacrônico e intimidatório.
Entretanto, coloco-me entre aqueles que acreditam ser o fim do embargo o prenúncio da derrocada do regime castrista, até porque muito da ineficiência e incompetência do governo cubano é convenientemente creditada ao “embargo imposto pelos imperialistas ianques”. Traduzindo, conversa para boi dormir.
Todos sabem que Cuba antes não se queixava do embargo porque a extinta União Soviética comprava açúcar, charutos e outros itens produzidos lá bem acima do preço de mercado, a fim de garantir a ilha como um bastião comunista ao sul dos EUA capitalista. Com a derrocada da União Soviética, porém, o embargo fez sentir seus efeitos, porque os governantes cubanos não mais podiam contar com as benesses do parceiro estratégico e tiveram de vender seus produtos no mercado – por aquilo que valia de fato, e não por aquilo que os soviéticos se comprometeram a pagar.
Isso expôs as mazelas do regime, que não mais conseguia cobrir seus déficits com a mão amiga. Aí, surgiu o novo vilão: o embargo comercial americano. Com este novo artifício, ajudaram a cultivar nas novas gerações um ódio atávico a tudo que vem dos Estados Unidos. Muito mais fácil, é claro, do que admitir suas próprias fraquezas.
Portanto, está mais do que na hora de acabar com o tal embargo e permitir a livre circulação de pessoas e mercadorias na ilha. Sem dúvida, ficará difícil para a ditadura castrista segurar a insatisfação popular e o movimento oposicionista poderá enfim ganhar força e apear do poder os irmãos Castro e o nepotismo que tomou conta do país.
A partir daí, Cuba poderá viver novamente um clima democrático com eleições de verdade – e não simulacros – para se escolher novos governantes. Votou errado? Elegeu corrupto? Incompetente? É só trocar usando a arma mais eficiente: o voto. Como, aliás, fizeram os americanos recentemente, descontentes com os oito anos de governo George W. Bush. É mais fácil, e ninguém pode eternizar-se no poder.
Aproveitando a oportunidade, Feliz 2009 para todos os leitores do Direto da Redação. No ano que vem, estaremos de volta, com o site mais opinativo da mídia brasileira.
Até lá!
Antônio Tozzi, Direto da Redação.
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