quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O BRASIL SEGUE FORTE COMO NUNCA


Investimentos da União chegam a R$ 21,3 bilhões; maior valor desde 2001




A crise financeira mundial ainda não afetou os investimentos (execução de obras e compra de equipamentos) do governo brasileiro. Com o encerramento de novembro, os órgãos públicos federais investiram R$ 21,3 bilhões este ano, o maior valor para o período desde pelo menos 2001 (veja tabela). O montante aplicado em novembro, quase R$ 2,7 bilhões, foi o maior registrado em 2008, atrás apenas do mês de julho, quando a União desembolsou pouco mais de R$ 2,7 bilhões. Os dados incluem os chamados restos a pagar – compromissos orçamentários (empenhos) de anos anteriores rolados para exercícios seguintes.
O Ministério dos Transportes continua liderando o primeiro lugar no ranking dos órgãos que mais investem. Entre janeiro e novembro, a pasta aplicou R$ 5 bilhões dos R$ 9,8 bilhões previstos em orçamento para este ano. O segundo colocado na corrida de investimentos é o Ministério das Cidades, que segue um pouco abaixo. O órgão desembolsou quase R$ 4,2 bilhões no mesmo período. A terceira melhor colocação na Esplanada em termos de maiores investimentos é do Ministério da Defesa, que aplicou R$ 2,8 bilhões do orçamento previsto para o ano, que é de R$ 3,7 bilhões.Os investimentos da administração pública federal (excluindo as estatais) vêm aumentando desde 2001. Entre janeiro e novembro daquele ano, foram aplicados R$ 13,6 bilhões, enquanto no ano seguinte foram R$ 15,9 bilhões (em valores atualizados). Desde então, o investimento médio anual para os primeiros onze meses é de R$ 11,8 bilhões.
Além do mau momento econômico, as greves dos funcionários da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) em outubro, que prejudicaram os investimentos globais da União, não foram suficientes para diminuir o ritmo do governo no acumulado do ano. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, já havia anunciado que a diminuição das aplicações em outubro foram decorrentes das greves, pois sem o pleno funcionamento dos dois órgãos, empenhos e pagamentos para obras e projetos estavam impedidos de serem realizados. Diante do problema, a ministra prometeu que os investimentos da administração pública iriam aumentar até o fim do ano.
O presidente Lula, durante reunião ministerial no fim de novembro, também ordenou a seus ministros que pisassem no acelerador e empenhassem o máximo de recursos para investimentos até o final do ano. A idéia é conter a desaceleração da economia, que deve sentir os reflexos da crise financeira mundial no próximo ano. “Vamos fazer o que for possível para que o crescimento de 2009 fique em torno de 4%”, argumentou o presidente. “Temos que gastar o que está previsto, portanto, agilizem o processo de empenhos e de liberação de recursos”, determinou.
Mesmo assim, Lula já afirmou também que poderá fazer cortes no orçamento 2009 devido à crise financeira mundial, que obrigou o governo brasileiro a rever os cálculos. No entanto, segundo ele, as obras do Programa de Aceleração do Crescimento, que fazem parte dos investimentos da União, deverão ser preservadas. Desde o começo de 2008, o governo federal vem batendo recordes de investimentos a cada mês.Apesar do crescimento no montante de investimento este ano, para o economista Evilásio Salvador, especialista em gastos públicos, dizer que o país não sentiu os reflexos da crise econômica é fazer uma análise prematura dos fatos. “O investimento em boa parte das obras já estava comprometido antes dos efeitos da crise. Então é muito cedo dizer se já há um reflexo.
Isto só vamos saber daqui a algum tempo”, explica.Segundo o economista, nos últimos anos tem ocorrido à ascensão dos investimentos, mas que ainda são insuficientes para dizer que o país está entrando na rota do desenvolvimento sustentável. “Tem que aumentar os investimentos para permitir que o país enfrente a crise financeira mundial e para permitir que o país continue crescendo”, adverte.Execução ainda não é idealApesar do montante recorde, a execução orçamentária dos investimentos da União não alcança sequer 50% dos recursos que estão autorizados para 2008. Dos R$ 44,6 bilhões previstos, apenas R$ 21,3 bilhões foram desembolsados entre janeiro e novembro deste ano, o que representa 48% da quantia total (veja tabela). Se o ritmo mensal for mantido até o fim de dezembro, a execução anual vai fechar na casa dos 52%.
Leandro Kleber
Do Contas Abertas

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