sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Professores mineiros escrevem carta a Debora Falabella


"Às vezes vale a pena recusar alguns trabalhos apenas para não decepcionar milhares de fãs." Assim começa a carta produzida pelos professores de Minas Gerais a Debora Falabella. A atriz global participou de uma propaganda mentirosa do governo de Minas sobre a educação no estado. A peça comercial, paga com dinheiro público, está sendo veiculada em horário nobre na TV e no rádio.


A peça comercial, paga com dinheiro público, está sendo veiculada em horário nobre na TV e no rádio.


 
Confira a carta:



Prezada Débora Falabella,

 
Às vezes vale a pena recusar alguns trabalhos apenas para não decepcionar milhares de fãs.
Às vezes vale a pena procurar mais informações sobre o personagem que você irá representar.


Milhares de professores, alunos e comunidades foram extremamente prejudicados pelo governo de Minas Gerais em 2011 e o que você afirma através das peças publicitárias não corresponde à realidade.

 
No sentido de informá-la da real situação da educação mineira, apresentamos informações:

 
– O Governo mineiro investe apenas 60% do total dos recursos que deveria investir em educação. O restante vai para fins previdenciários;

 
– Desde 2008, há uma diminuição do investimento do governo estadual em educação;

 
– No que se refere à qualidade da educação, o Estado de Minas Gerais tem resultado abaixo da média da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE);

– Apenas 35% das crianças mineiras até cinco anos frequentam estabelecimentos de ensino em Minas Gerais. Onde está o direito à educação de 65% destas crianças?

 
A realidade do Ensino médio é igualmente vergonhosa:

– nos últimos 6 anos houve uma redução de matrículas no Ensino Médio de 14,18%;

 
– O passivo de atendimento acumulado no ensino médio regular entre 2003 e 2011, seria de 9,2 milhões de atendimentos. Isso quer dizer que nem todos os adolescentes tiveram o direito de estudar garantido;

 
– Minas Gerais, comparativamente à média nacional, tem a pior colocação em qualidade da escola: 96% das escolas não têm sala de leitura, 49% não têm quadra de esportes e 64% não têm laboratório de ciências.

Os projetos e programas na área da educação são marcados pela descontinuidade e por beneficiar uma parcela muito pequena de alunos.

 
Veja:

– O Projeto Escola de Tempo Integral beneficiou 105 mil alunos, num universo de 2,5 milhões de alunos;

 
– O programa professor da família não atinge as famílias mineiras que necessitam de ajuda e tampouco é feito por professores, mas por pessoas sem a formação em licenciatura;

– O Estado não tem rede própria de ensino profissionalizante, repassando recursos públicos à iniciativa privada.

 
A respeito dos dados sobre o sistema de avaliação, é importante que saiba que são pouco transparentes, com baixa participação da comunidade escolar e ninguém tem acesso à metodologia adotada para comprovar a sua veracidade.

 
Quanto à valorização dos profissionais da educação relatada nas peças publicitárias, a baixa participação em inscrições para professor no concurso que a Secretaria de Estado realiza comprova que esta profissão em Minas Gerais não é valorizada.

 
O Governo de Minas não paga o Piso Salarial Profissional Nacional, mas subsídio. Em 2011, 153 mil trabalhadores em educação manifestaram a vontade de não receber o subsídio. Ainda assim o Governo impôs esta remuneração.

 
Em 2011 o governo mineiro assinou um termo de compromisso com a categoria se comprometendo a negociar o Piso Salarial na carreira. Mas o governo não cumpriu e aprovou uma lei retirando direitos, congelando a carreira dos profissionais da educação até dezembro de 2015.

 
Compromisso e seriedade com os mineiros são qualidades que faltam em Minas Gerais.

Todas as informações são comprovadas por dados publicados pelo próprio governo estadual e estão à sua disposição. Por fim, a convidamos para conhecer uma escola estadual mineira para comprovar que o personagem das peças publicitárias não corresponde à realidade em Minas Gerais.

 
Fonte: Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (SindUTE)

2 comentários:

H.Pires disse...

Acreditar que os empregados capachos da globo recusem algum "trabalho", seria o mesmo que acreditar na "palavra" do serra, da francine, do malafaia, do valdomiro santiago, do alckimim massacre do Pinheirinho, do ex-fhc, do padre marcelo rossi, da veja e asseclas, do bispo de Guarulhos etc. etc.. No entanto e para tanto, POR "TRABALHO" feito, deixar o CHEQUE SOBRE A CAMA.

Henrique disse...

São pessoas que em nome do dinheiro, podem usar uma concessão pública para "bostejar" as mentiras de seus editores chefe.
Não se importam em estar enganando o cidadão em nome do dinheiro ou da burrice mesmo.
O homem se forma pelo que faz e, para isso, ele precisa ter consciência política e informação antes de mais nada.
A ALIENAÇÃO JAMAIS É TÃO TOTAL QUE TORNE IMPOSSÍVEL AO HOMEM LUTAR CONTRA ELA.
Mas o padrão global deixa as pessoas reles do chão o "bobas da corte".
Mas como disse o H.Pires, se é por "trabalho"(??)...