Cortina de fumaça de quem? Do PT e José Dirceu ou da revista Veja e de alguns
outros grandes veículos da imprensa brasileira? A quem interessa impedir e/ou
desqualificar a futura CPI de Carlinhos Cachoeira/Demóstenes Torres (DEM)? A
quem interessa misturar Cachoeira e Mensalão, transformando-os em um mesmo
assunto e em uma mesma forma de corrupção?
Os interesses são muitos e variados. CPIs são, por princípio, armas das
minorias, ou seja, das oposições. Quase sempre as CPIs fazem muito barulho,
desestabilizam governos, mas quase nunca chegam a conclusões e condenações
sustentáveis no plano jurídico. Por este motivo, as acusações e as condenações
que produzem quase sempre são arquivadas quando, posteriormente, são submetidas
às instâncias do poder Judiciário. Seus resultados são políticos, sobretudo.
Eles são imediatos e midiáticos e produzem, quase sempre, efeitos eleitorais que
beneficiam quem se encontra fora do poder.
Sendo assim, por que o governo, que detém maioria na Câmara dos Deputados e
no Senado Federal aposta na instalação da CPI mista (com integrantes da Câmara e
do Senado) do Caso Carlinhos Cachoeira/Demóstenes Torres (DEM)? Sendo assim, por
que a revista Veja, a maior revista semanal brasileira e, de acordo com seus
anúncios, “a segunda maior do mundo”, se empenha tanto em desqualificá-la à
priori?
Será porque a investigação do envolvimento de Demóstenes Torres com o
“empresário do jogo” Carlinhos Cachoeira poderá trazer à tona os meandros do
“Mensalão” e, com isto, comprometer as oposições aos governos Dilma/Lula, além
de alguns órgãos de imprensa, com a revista Veja (Editora Abril) à frente? As
escutas telefônicas obtidas com autorização judicial reveladas até aqui são
comprometedoras e parecem possuir alto grau de explosividade. Um comprometimento
e uma explosividade que, parece, podem se igualar àqueles provocados pelas
escutas telefônicas ilegais produzidas pelos “arapongas” à serviço de Cachoeira
e que, ao que parece, foram repassadas à revista Veja e ao Senador Demóstenes
Torres (DEM), ao longo dos últimos anos.
Será isto o que temem alguns veículos da grande imprensa, particularmente a
revista Veja e sua empresa editora, e também alguns próceres das oposições? Não
seria melhor, para o bem da democracia e no respeito ao interesse público
legítimo, que a instalação da CPI fosse incentivada, como tem sido a praxe
(salutar, por sinal) adotada pela Veja, pelos grandes veículos de mídia e pelas
oposições? Ou será que, como insinuou o presidente da Câmara, Marco Maia, a
revista Veja teme a reprodução, no Brasil, do Caso Murdoch, que resultou no
fechamento
Que a CPI produza os efeitos políticos que ela tiver que produzir e que se
aguarde a manifestação posterior da Justiça, como tem sido o procedimento
adotado ao longo dos últimos anos, tanto pela revista Veja quanto pela maior
parte dos veículos da grande imprensa brasileira.Sul21
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