terça-feira, 12 de junho de 2012

Marconi x Marconi

Convido você, leitor, a fazer uma viagem imaginária, de volta ao ano de 1998, horas antes da posse do novo governador de Goiás, um jovem de 35 anos

Gercyley Batista



Em 1895, o romancista inglês H.G.Wells escreveu "A Máquina do Tempo", uma obra literária que relata a história sobre um estudioso que vai ao futuro e descobre que a injustiças sociais de seu tempo ainda persistem, mesmo após grandes mudanças. Se utilizássemos a máquina idealizada por Wells em 1895 para, em 1998, dar um salto aos dias de hoje, perceberíamos o mesmo que o personagem de seu livro viu. As injustiças pioraram.


Marconi Perillo, 35 anos.



No ano de 1998, após o PSDB praticamente fechar a coligação que tinha como cabeça de chapa o PMDB, em uma articulação política – à época considerada o último sopro de independência da "oposição", e após a desistência do deputado federal Roberto Balestra em candidatar-se ao governo – o jovem deputado Marconi Perillo assumia o posto de candidato ao Governo de Goiás.


Naquele tempo, o jovem de 35 anos com discurso duríssimo e implacável surfou na onda favorável da mudança e derrotou 16 anos de hegemonia peemedebista. Bom. Já contei esta história em um artigo passado. Agora, convido você, leitor, a fazer uma vigem imaginária, de volta ao ano de 1998, na noite de 31 de dezembro daquele ano, horas antes da posse do novo governador.


A Máquina do Tempo Wells.


Vamos imaginar que Marconi Perillo, depois de alguma conversa e muitas explicações, resolvesse aceitar o convite de entrar em uma máquina do tempo e seguisse rumo ao futuro e aportasse em 2012. Horas antes de seu depoimento na CPMI. O jovem de 35 anos iria se deparar com um senhor de 49, cabelos levemente colorizados, costeletas brancas, mais gordo, rosto abatido e envolvido em um escândalo de proporções nacionais.


Muito provavelmente ele se perguntaria o real motivo de já possuir um terceiro mandato, aquilo que combateu nas eleições que acabara de ganhar em 98. Ficaria surpreso em saber que negociara uma casa de R$ 1,4 milhões de forma tão complicada e o porquê de alugar uma casa de R$ 6 milhões de uma empreiteira que presta serviços ao governo.


Marconi desconfiaria de Marconi.


O jovem Marconi ficaria mais curioso e perguntaria tudo o que aconteceu entre os anos de 1998 e 2012. Sua surpresa seria imensa. Praticamente tudo o que combateu com veemência ele mesmo reproduziria nos mandatos que se seguiram. De alguma forma, ele se tornara um exemplar de espécime jurássico da política, termo que na campanha de 98 ele aprovara o uso contra seus adversários.


O jovem Perillo observaria através de uma TV de led, ultrafina, o Jornal Nacional da noite, estarrecido com as coisas que seu Perillo futuro está sendo acusado, piscando excessivamente, tentando não crer naquilo que vê e ouve. Ouviria seus discursos, veria professores insatisfeitos, delegados chateados e novos amigos que antes recusara a aproximação. Ficaria se perguntado onde está o amigo do peito Alcides, não acreditaria que o seu vice-governador, que o ajudou tanto em 1998, agora estaria chateado com o velho Perillo.


De volta à Máquina do Tempo.


Uma semana depois de presenciar o futuro, o jovem Perillo pediria para voltar ao passado, mas, não na noite de 31 de dezembro de 1998, e sim no dia 1º de julho de 1998, quando ele, de alguma forma, repensaria seus discursos, sabendo que no futuro ele se tornaria tudo o que um dia combateu. O futuro, que usa o destino como uma estrada sem luz, nos permite apenas caminhar, sem saber que lugar parar.


Marconi daria sentido ao velho ditado: "Você pode até errar no rumo. Mas nunca errar o rumo."


Gercyley Batista é jornalista e mantém o blog Observacionista, de Goiânia

Um comentário:

Audo disse...

Esse Perillo, não passa de um perilampo atolado na merda. Nem os pares dele vão tirá-lo de lá depois que a merda agarrar!...