Paulo Cezar da Rosa
Estas eleições no Rio Grande do Sul são as mais brasileiras do pós-Ditadura Militar. Não vi nenhuma pesquisa a respeito, mas é certo que a ampla maioria dos gaúchos decidiu acabar com a frescura de seus dirigentes de quererem viver “apartados” do Brasil, como se aqui fôssemos melhores que o resto do mundo
Definitivamente, nestas eleições, o Rio Grande do Sul está superando sua fase “farroupilha” e alguns mitos estão sendo soterrados: não somos mais politizados que o resto do Brasil, não somos mais éticos, não somos o farol da liberdade. Nossas façanhas não são assim tão exemplares.
Este encontrar-se “humano” do eleitor gaúcho é a base para que o Rio Grande do Sul possa novamente reerguer-se e contribuir com o grande projeto de nação que o Brasil hoje começa a estruturar.
Vitória do lulismo no pampa – O grande vitorioso do processo eleitoral no Rio Grande do Sul, independente do resultado no domingo, é o lulismo. Vamos torcer para que a elite política gaúcha tenha humildade para compreender isso.
Yeda, por motivos óbvios, se opôs ao lulismo com unhas e dentes. Há que lhe render alguns méritos. Hoje estou convencido de que não foi Serra quem se afastou se Yeda. Foi Yeda que não quis apoiar o tucano paulista. Acredito que, por ter compreendido lá atrás que Serra seria incapaz de enfrentar a disputa, e se tornaria um fardo pesado para carregar, Yeda tenha optado por lutar sozinha.
Fogaça, Simon, Rigotto e a maioria do PMDB não entenderam a mudança de paradigma. Ao não compreenderem o novo cenário, erraram totalmente na condução das suas campanhas. Em seu último programa na TV, Fogaça pareceu estar recém entrando na disputa. E combatendo um inimigo que já não existe mais. Na reta final, Fogaça apelou para um anti-petismo fora de moda que o eleitor já superou.
Tarso teve muitos méritos. O maior foi compreender a necessidade de colar em Dilma e Lula. Como essa acabou sendo a principal marca de sua campanha neste primeiro turno, é provável que os contornos de seu (provável) governo procurem reproduzir a lógica lulista ao invés de retornar ao padrão petista dos 16 anos de administração de seu partido em Porto Alegre.
A hora da decisão é agora – Assim como Dilma deve vencer no primeiro turno no Brasil, é provável que o candidato Tarso Genro vença as eleições gaúchas no próximo domingo. Todavia, nos dois casos, a probabilidade não é certeza.
Você poderia pensar que é bom para a democracia haver segundo turno… Afinal, com dois candidatos apenas, os debates podem ser aprofundados e a discussão das alternativas pode ser mais profícua. Eu torço para que a decisão definitiva ocorra domingo. Em nível nacional e regional.
No Rio Grande do Sul, um segundo turno poderia trazer à tona muitos temas que, até agora, foram tratados apenas nos bastidores. A paralisia do Estado gaúcho, a burocratização e corrupção, a economia, a falta de alternativas, a necessidade de integrar o Rio Grande, de gerar desenvolvimento e novas oportunidades…. Os discursos de campanha tangenciaram todos estes temas, mas não fizemos um balanço de erros e acertos…. Entretanto, talvez seja melhor assim. Um segundo turno exigiria também lavar muita roupa suja. E já este é um debate que, hoje, no Rio Grande, não levaria a lugar nenhum. O eleitor só aumentaria a sua ojeriza à política.
No Brasil, também não vejo um segundo turno com bons olhos. Um segundo turno em nível nacional não tem nenhuma possibilidade de ajudar o eleitor. Ao contrário, tudo indica que um segundo turno entre Dilma e Serra, tendo em vista o desenvolvimento da luta política até agora, pode mais confundir do que esclarecer. Um segundo turno agora pode ser o momento no qual o PIG pode tentar virar o jogo, como várias vezes aconteceu contra Hugo Chaves, na Venezuela, como está ocorrendo neste momento contra Rafael Correa, no Equador.
Melhor abreviar este jogo, não é verdade?
Paulo Cezar da Rosa
Estas eleições no Rio Grande do Sul são as mais brasileiras do pós-Ditadura Militar. Não vi nenhuma pesquisa a respeito, mas é certo que a ampla maioria dos gaúchos decidiu acabar com a frescura de seus dirigentes de quererem viver “apartados” do Brasil, como se aqui fôssemos melhores que o resto do mundo
Definitivamente, nestas eleições, o Rio Grande do Sul está superando sua fase “farroupilha” e alguns mitos estão sendo soterrados: não somos mais politizados que o resto do Brasil, não somos mais éticos, não somos o farol da liberdade. Nossas façanhas não são assim tão exemplares.
Este encontrar-se “humano” do eleitor gaúcho é a base para que o Rio Grande do Sul possa novamente reerguer-se e contribuir com o grande projeto de nação que o Brasil hoje começa a estruturar.
Vitória do lulismo no pampa – O grande vitorioso do processo eleitoral no Rio Grande do Sul, independente do resultado no domingo, é o lulismo. Vamos torcer para que a elite política gaúcha tenha humildade para compreender isso.
Yeda, por motivos óbvios, se opôs ao lulismo com unhas e dentes. Há que lhe render alguns méritos. Hoje estou convencido de que não foi Serra quem se afastou se Yeda. Foi Yeda que não quis apoiar o tucano paulista. Acredito que, por ter compreendido lá atrás que Serra seria incapaz de enfrentar a disputa, e se tornaria um fardo pesado para carregar, Yeda tenha optado por lutar sozinha.
Fogaça, Simon, Rigotto e a maioria do PMDB não entenderam a mudança de paradigma. Ao não compreenderem o novo cenário, erraram totalmente na condução das suas campanhas. Em seu último programa na TV, Fogaça pareceu estar recém entrando na disputa. E combatendo um inimigo que já não existe mais. Na reta final, Fogaça apelou para um anti-petismo fora de moda que o eleitor já superou.
Tarso teve muitos méritos. O maior foi compreender a necessidade de colar em Dilma e Lula. Como essa acabou sendo a principal marca de sua campanha neste primeiro turno, é provável que os contornos de seu (provável) governo procurem reproduzir a lógica lulista ao invés de retornar ao padrão petista dos 16 anos de administração de seu partido em Porto Alegre.
A hora da decisão é agora – Assim como Dilma deve vencer no primeiro turno no Brasil, é provável que o candidato Tarso Genro vença as eleições gaúchas no próximo domingo. Todavia, nos dois casos, a probabilidade não é certeza.
Você poderia pensar que é bom para a democracia haver segundo turno… Afinal, com dois candidatos apenas, os debates podem ser aprofundados e a discussão das alternativas pode ser mais profícua. Eu torço para que a decisão definitiva ocorra domingo. Em nível nacional e regional.
No Rio Grande do Sul, um segundo turno poderia trazer à tona muitos temas que, até agora, foram tratados apenas nos bastidores. A paralisia do Estado gaúcho, a burocratização e corrupção, a economia, a falta de alternativas, a necessidade de integrar o Rio Grande, de gerar desenvolvimento e novas oportunidades…. Os discursos de campanha tangenciaram todos estes temas, mas não fizemos um balanço de erros e acertos…. Entretanto, talvez seja melhor assim. Um segundo turno exigiria também lavar muita roupa suja. E já este é um debate que, hoje, no Rio Grande, não levaria a lugar nenhum. O eleitor só aumentaria a sua ojeriza à política.
No Brasil, também não vejo um segundo turno com bons olhos. Um segundo turno em nível nacional não tem nenhuma possibilidade de ajudar o eleitor. Ao contrário, tudo indica que um segundo turno entre Dilma e Serra, tendo em vista o desenvolvimento da luta política até agora, pode mais confundir do que esclarecer. Um segundo turno agora pode ser o momento no qual o PIG pode tentar virar o jogo, como várias vezes aconteceu contra Hugo Chaves, na Venezuela, como está ocorrendo neste momento contra Rafael Correa, no Equador.
Melhor abreviar este jogo, não é verdade?
Paulo Cezar da Rosa
Paulo Cezar da Rosa é jornalista e publicitário. Publicou o livro O Marketing e a Comunicação da Esquerda. É diretor da Veraz Comunicação e da Red Marketing, ambas sediadas em Porto Alegre. paulocezar@veraz.com.br CartaCapital
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