Escrevi, muito antes da eleição brasileira, um artigo em que descrevia a campanha eleitoral dos Estados Unidos em 2008 — eu morava em Washington, então.
Lá, a máquina de moer carne republicana fatiou Barack Obama com o objetivo de atender a preconceitos latentes nos eleitores estadunidenses:
Barack Obama, o muçulmano (cujo vice era satanista);
Barack Obama, que não nasceu nos Estados Unidos (“o búlgaro”);
Barack Obama, associado a um pastor “radical” (lutou contra o regime militar);
Barack Obama, o terrorista (recebeu em casa, uma vez, Bill Ayers, que havia integrado um grupo que jogou bombas no Pentágono e no Congresso);
Barack Hussein Obama, cujo sobrenome denotava submissão a bin Laden.
Barack Obama, que estudou em uma madrassa (a escola religiosa islâmica).
Pouco importava, então, se isso tinha ou não relação com a realidade.
O objetivo, como escrevi, era ter um boato, uma ilação, uma suposição para se encaixar em cada um dos preconceitos já existentes no eleitorado.
Não disseram que Obama era gay, mas disseram que ele apoiava o casamento gay.
Como a campanha de Obama enfrentou a onda de boatos, mentiras, ilações e suposições?
Montou um site na internet exclusivamente dedicado a combater os boatos. Quando o internauta desse um Google atrás da informação, tinha um contraponto à máquina republicana de moer carne.
Além disso, Obama montou uma força-tarefa de militantes virtuais e advogados exclusivamente dedicada a combater os boatos, tentar identificar a origem deles e ingressar na Justiça com as medidas cabíveis.
Por que?
Porque vivemos no mundo da informação instantânea. Porque vivemos no mundo em que aqueles que tem acesso às tecnologias da informação se transformaram em produtores e disseminadores de conteúdo, para o bem e para o mal.
Uma mentira disseminada na internet tem o potencial de se replicar N vezes antes que você seja capaz de articular uma resposta.
No dia do primeiro turno, assisti a um debate inócuo e cheio de lugares-comuns na Globonews. O objetivo do debate era óbvio: dizer que a TV era a grande formadora de opinião e que o papel da internet era ínfimo.
Bobagem. A disseminação de boatos a respeito de Dilma Rousseff pode ter tido um papel central no período que precedeu o primeiro turno.
E o PT com isso? E a campanha de Dilma Rousseff com isso?
Nada.
O PT e a campanha de Dilma são jurássicos, quando se trata do uso da rede para combater a boataria.
O PT ainda é refém do ciclo de notícias dos jornais diários.
Aliás, o partido é fiador da mídia que investiu na destruição de seus candidatos.
Na campanha atual, de Dilma Rousseff, concedeu privilégios em três oportunidades a um repórter da TV Globo, que fez o perfil que estrelou o Jornal Nacional da véspera da eleição.
O acesso a Dilma deu legitimidade ao perfil de Marina Silva, uma superprodução hollywodiana que estrelou o JN de sábado passado, com objetivos óbvios.
Aliás, no comício de encerramento da campanha de Dilma em Porto Alegre, um repórter da revista Veja teve acesso privilegiado ao palco.
Lá, a máquina de moer carne republicana fatiou Barack Obama com o objetivo de atender a preconceitos latentes nos eleitores estadunidenses:
Barack Obama, o muçulmano (cujo vice era satanista);
Barack Obama, que não nasceu nos Estados Unidos (“o búlgaro”);
Barack Obama, associado a um pastor “radical” (lutou contra o regime militar);
Barack Obama, o terrorista (recebeu em casa, uma vez, Bill Ayers, que havia integrado um grupo que jogou bombas no Pentágono e no Congresso);
Barack Hussein Obama, cujo sobrenome denotava submissão a bin Laden.
Barack Obama, que estudou em uma madrassa (a escola religiosa islâmica).
Pouco importava, então, se isso tinha ou não relação com a realidade.
O objetivo, como escrevi, era ter um boato, uma ilação, uma suposição para se encaixar em cada um dos preconceitos já existentes no eleitorado.
Não disseram que Obama era gay, mas disseram que ele apoiava o casamento gay.
Como a campanha de Obama enfrentou a onda de boatos, mentiras, ilações e suposições?
Montou um site na internet exclusivamente dedicado a combater os boatos. Quando o internauta desse um Google atrás da informação, tinha um contraponto à máquina republicana de moer carne.
Além disso, Obama montou uma força-tarefa de militantes virtuais e advogados exclusivamente dedicada a combater os boatos, tentar identificar a origem deles e ingressar na Justiça com as medidas cabíveis.
Por que?
Porque vivemos no mundo da informação instantânea. Porque vivemos no mundo em que aqueles que tem acesso às tecnologias da informação se transformaram em produtores e disseminadores de conteúdo, para o bem e para o mal.
Uma mentira disseminada na internet tem o potencial de se replicar N vezes antes que você seja capaz de articular uma resposta.
No dia do primeiro turno, assisti a um debate inócuo e cheio de lugares-comuns na Globonews. O objetivo do debate era óbvio: dizer que a TV era a grande formadora de opinião e que o papel da internet era ínfimo.
Bobagem. A disseminação de boatos a respeito de Dilma Rousseff pode ter tido um papel central no período que precedeu o primeiro turno.
E o PT com isso? E a campanha de Dilma Rousseff com isso?
Nada.
O PT e a campanha de Dilma são jurássicos, quando se trata do uso da rede para combater a boataria.
O PT ainda é refém do ciclo de notícias dos jornais diários.
Aliás, o partido é fiador da mídia que investiu na destruição de seus candidatos.
Na campanha atual, de Dilma Rousseff, concedeu privilégios em três oportunidades a um repórter da TV Globo, que fez o perfil que estrelou o Jornal Nacional da véspera da eleição.
O acesso a Dilma deu legitimidade ao perfil de Marina Silva, uma superprodução hollywodiana que estrelou o JN de sábado passado, com objetivos óbvios.
Aliás, no comício de encerramento da campanha de Dilma em Porto Alegre, um repórter da revista Veja teve acesso privilegiado ao palco.
Luis Carlos Azenha, do Vi o Mundo
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