Por: Redação da Rede Brasil Atual
São Paulo - Contrariando pesquisas de intenção de voto dos três principais institutos no país, a disputa pela Presidência da República vai a segundo turno. A candidata governista Dilma Rousseff (PT) teve 46,8% dos votos, equivalentes a 47 milhões de votos. José Serra (PSDB) será seu adversário, depois de alcançar 32,7%. O resultado surpreendeu por um grande crescimento de Marina Silva (PV), terceira colocada.
Datafolha, Ibope e Vox Populi apontavam Dilma com mais de 50% dos votos válidos ainda no sábado (2), data de divulgação das últimas pesquisas eleitorais. Marina aparecia com menos de 16% dos votos válidos, mas alcançou 19,4% em todo o país, diferença superior à margem de erro dos três institutos. No Rio de Janeiro, por exemplo, Marina teve uma votação expressiva: ficou em segundo lugar, com 31%.
Analistas políticos ouvidos pela Rede Brasil Atual apontam que os principais méritos do cenário são de Marina e dos ataques sofridos por Dilma. Na reta final da campanha, pessoas próximas da candidata governista, como Erenice Guerra, ex-ministra-chefe da Casa Civil, foram alvo de um bombardeio de denúncias altamente explorados pela mídia.
"Acho que foi mais o crescimento de Marina, não só no Rio mas também no Nordeste, que adiou a escolha. Marina certamente tirou votos de Dilma no Rio e no Nordeste”, constata a cientista política Argelina Figueiredo, professora do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). “Mais uma vez o eleitor agiu com cautela e estendeu a decisão para um segundo turno, o que dá oportunidade para pensar um pouco mais”, complementa.
Na visão do cientista político Leonardo Barreto, professor da Universidade de Brasília (UnB), Serra foi ao segundo turno por erros dos adversários e não por méritos próprios. "A campanha dele (Serra) foi ruim, nos debates ele não se destacou. No último debate, parecia que ele já tinha assumido a condição de derrotado", comenta Barreto.
Barreto acredita que, caso ouvesse mais dez dias de campanha e se Marina mantivesse o ritmo de crescimento, ultrapassaria o tucano do pleito. O analista acrescenta que Marina foi a grande beneficiada com a queda de Dilma Rousseff (PT) nas últimas semanas diante do "bombardeio de três semanas" sofrido.
Como os votos migraram de Dilma para Marina, o cientista político acredita que é mais provável que a maioria deles "volte" à candidata governista. "O eleitor de Serra não é tanto dele, tem conservadores, antipetistas... Ele tem de escapar desse patamar conservador", projeta Barreto.
O diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto Queiroz, concorda. Diante da pergunta sobre para quem vão os votos de Marina Silva, ele não tem dúvidas: "Marina vai ter de declarar apoio a Dilma ou neutralidade", prevê.
A candidata do PV, porém, prometeu organizar uma plenária entre lideranças da legenda e partidários de sua candidatura. Queiroz vê amplo favoritismo de Dilma. "Sinceramente, acho que ele (Serra) não tem chance. Essa vitória é dela (Marina), não é do PV. Basta que um terço (de seu eleitorado) migre para que Dilma se eleja", afirma.
Apesar da análise, Dilma Rousseff, durante o pronunciamento em que comentava a prorrogação da disputa, declarou estar aberta ao diálogo com os setores da sociedade que desejarem. Lideranças petistas devem fazer investidas junto a setores do PSOL e do PV.
Tucanos também estão na disputa por caciques dos Verdes. Figuras como José Luiz de França Penna, presidente nacional da sigla, e Fernando Gabeira, candidato derrotado na eleição ao governo do Rio de Janeiro, pendem mais para o lado do PSDB.
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