A depender da distribuição dos votos, o primeiro ato da campanha municipal para os tucanos pode se transformar no primeiro momento de uma eleição cheia de surpresas
José Dirceu
Os tucanos da cidade de São Paulo estão às voltas com uma difícil missão: fazer parecer verdadeiro o teatro que criaram para as prévias da escolha do candidato a prefeito. Já sabemos de antemão qual o resultado do processo de escolha interna: o ex-governador e ex-prefeito da capital, José Serra, será o nome vitorioso na disputa. Qualquer outro resultado que não seja a vitória esmagadora de Serra significará um desastre no ninho tucano.
Até o final do ano passado, o PSDB tinha quatro postulantes à candidatura e vendeu a ideia de que as prévias seriam a prova de maior de que existe democracia interna no tucanato. Mas esse cenário valia apenas sem Serra na disputa. Com sua decisão de concorrer à Prefeitura de São Paulo, dois dos postulantes se retiraram e chegou-se a cogitar a suspensão da consulta aos filiados.
Esse enredo, contudo, traria mais contradições entre o discurso e a prática do PSDB. A saída negociada foi adiar as prévias, para que Serra pudesse se inscrever na disputa mesmo após o término do prazo de registro.
Assim, a votação do próximo sábado (24/3) terá três nomes: José Aníbal, Ricardo Trípoli e José Serra. Para Aníbal e Trípoli, a participação nas prévias terá sido apenas um exercício de fantasia, para manutenção do teatro de democracia interna que nunca existiu no PSDB.
A maior prova é o governador, Geraldo Alckmin, ter declarado apoio ao desafeto Serra no início desta semana. Seu apoio público era defendido por aliados de Serra como necessário para garantir uma vitória expressiva na prévia. A farsa é tão grande que nas prévias de mentirinha do PSDB não há debates, não contraditório, não há confronto de ideias.
Os jornais publicam que no ninho tucano a declaração de Alckmin é um movimento para evitar que Serra saia menor das prévias. Haveria o temor de que Aníbal consiga mais adesões do que se espera, provocando um resultado que não seja a aclamação de Serra como grande líder inconteste. Ou seja, o teatro viraria tragicomédia.
O fato, contudo, é que a situação pode acabar gerando fissuras e desgastes para Serra, um candidato com alta rejeição nas pesquisas e que não traz novidades no quadro político paulistano. Ao contrário das candidaturas de Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB) e Netinho (PCdoB), que oferecem à cidade novas forças políticas. Aliás, em São Paulo , desde que foi fundado, o PSDB só apresentou cinco nomes em todas as eleições municipais, estaduais ou presidenciais: os próprios Serra e Alckmin, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o falecido Mário Covas e Fábio Feldman.
O volume de reportagens e textos opinativos na grande imprensa que integrou o movimento pela entrada de Serra nas prévias não terá sido em vão: ele será escolhido o candidato do PSDB para as próximas eleições.
Mas a depender da distribuição dos votos, o primeiro ato da campanha municipal para os tucanos pode se transformar no primeiro momento de uma eleição cheia de surpresas.
José Dirceu, 66, é advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT
Um comentário:
Ludibriaram a DILMA, pois sabendo que a noticia da união VEJA/CACHOEIRA seria divulgada, fizeram a entrevista e a colocaram na capa da revista para dar idéia que que não são fascistas e até gostam da Dilma, mas na verdade é só para ideia da união da Revista Veja/Cachoeira/DILMA.
Sacanearam mais uma vez.
Postar um comentário