sábado, 31 de março de 2012

Os vidiotas do Big Brother Brasil

 
92% dos 43.521.108 votos deram a vitória ao famoso anônimo no BBB deste ano. 43.521.108 votos! Ao custo de R$ 0,30 por ligação… Bem, nem vou partir para calcular o quanto renderam à Globo & Operadoras TODAS as ligações ao programa nos últimos 3 meses. Nem vou concluir que 43.521.108 vidiotas ligaram para a Globo para votar. Porque nem se a Globo estivesse transmitindo uma invasão de alienígenas na Terra, teria tamanha audiência. Fato é que muitos assistem mas não chegam ao extremo de “interagir”. Portanto, se houve mais de 43 milhões de votos, significa que os que ligaram, mandaram sms, e-mail, etc, fizeram isso repetidamente. E põe repetidamente nisso, aliás.

Basta observarmos a média registrada pelo Ibope na última noite do BBB, que foi de 25 pontos. Se cada ponto equivale a 188 mil domicílios, teríamos 4,7 milhões de TVs sintonizadas nessa porcaria. Numa média de 3,3 pessoas por família, seriam 15,5 milhões de telespectadores. Obviamente que nem TODOS estavam sentados no sofá assistindo o programa. O que é um alívio deduzir!


O BBB é lixo por diversas razões. A principal, é o fato de considerar-se entretenimento televisivo. Desprovido de qualquer conteúdo cultural ou educativo e protegido da ausência de um marco regulatório que o obrigaria a ter alguma QUALIDADE, ancora-se em dois pilares principais: a mesquinhez humana e a plástica das bundas e peitorais. Acrescenta ainda em seu “tempero” o conceito de reality show interativo.


O que anula o BBB antes mesmo de começar a ser exibido, é a seleção dos participantes. Só aí já são descartadas 99% das chances do programa ser interessante. Na fauna dos milhares de inscritos, devem ter se destacado dezenas de pessoas interessantes sob dezenas de aspectos mais relevantes que a qualidade estética e intelectual (tsc!) dos 16 finalistas apresentados ao grande público. Mas os filtros do programa são guiados por outros interesses. Nada de pessoas “cabeça”. Porque os “cabeças” são chatos. Principalmente quando não são editados. Feios? Nem pensar! Pessoas que fogem do modelo egocêntrico imediatista; os que não cultuam suas silhuetas ocas e nem são consumistas compulsivos de bens materiais; intelectuais, artistas enfim – todos estes foram descartados na primeira varredura seletiva. Sobraram bundas, peitorais e alguma extroversão básica pra não denunciar a estupidez crônica…


O nada. O vazio total de conteúdo – como minutos intermináveis mostrando um casal dormindo na tela esbranquiçada pelo filtro noturno da câmera; os diálogos e os desabafos suspirantes de problemática banal; o desfile de mexericos, mesquinharia e vaidades chulas e até os desbundes comportadinhos nas festinhas da casa – tudo isso, querem os diretores do programa – é o máximo de inteligência que o Homer Simpson tupiniquim consegue absorver. Se fizermos uma experiência, suprimindo as imagens, mantendo somente o som dos diálogos, vamos ter a real dimensão de quanto besteirol a Globo transmitiu durante os intermináveis três meses do programa. (E o mais surreal é que a emissora vendeu “pacotes” para o público interessado em vigiar, 24 horas por dia, “a casa mais vigiada do Brasil”! E se vende é porque tem freguês…)


Inacreditável ainda, é que toda a mídia, ou quase toda, acompanhou esse show de baboseiras. Além das tradicionais publicações fofoqueiras da vida de famosos das novelas globais, os principais portais da Internet deram a matéria à exaustão. Pesquisas de opinião sobre esse ou aquele brother, votações, fotos, vídeos, etc. O BBB esteve no mesmo nível de hierarquia, nas manchetes, que estiveram os principais acontecimentos nacionais e internacionais. Até as outras emissoras (!!!) dedicaram horas ao programa, desfilando fotos e debates boateiros entre seus apresentadores. É bem provável (por que não?) que esses programas tenham sido financiados pela própria Globo.


Enquanto o BBB recebeu 43 milhões de ligações em uma só noite, que renderam algo como R$ 20 milhões, o Criança Esperança (2011) arrecadou R$ 10 milhões durante um mês inteiro!


Então, para o telespectador, a baboseira de saradinhos e gostosinhas disputando R$ 1,5 milhão na casa, vale mais que a solidariedade com crianças carentes. É claro que esse tipo de público, tão facilmente seduzido pelo BBB, tem poder aquisitivo. Mas não tem obrigação de jogar suas moedas para as crianças carentes. Por mais que o Renato Aragão se esforce em agradá-lo. E olha que ao lado de Aragão desfilam artistas do primeiro escalão! Mas o público prefere o fuxico mesquinho dos sarados anônimos ao lamento desgraçado dos filhos que não são seus. E mesmo que sua consciência pese ao dar dinheiro para a Rede Globo, tem o argumento irrefutável do “é meu e eu dou pra quem eu quiser”. No que tem plena razão – já que sente que é papel do Estado, e não seu, socorrer as vítimas da desigualdade social.


Os patrocinadores do BBB devem achar tudo uma grande bobagem. Mas anunciam do mesmo jeito. Afinal, se tantos telespectadores sustentam a audiência do programa, pouco importa para o anunciante o conteúdo. O que vale mesmo é veicular seu anúncio em horário nobre. E isso quer dizer, em números, algo como R$ 300 mil por uma inserção! Ou seja, num só intervalo do BBB a Globo recebe facilmente R$ 3 milhões. Sem contar as dezenas de formas de faturamento que o programa tem. Como por exemplo, os valores do merchandising nas “atividades lúdicas” entre os brothers.


A máquina azeitada de vendas não tem limites. O brother, eliminado ou não, tem contrato assinado com a Globo para diversas participações na grade de programação e, ao que parece, está proibido de frequentar qualquer outra emissora até data previamente estipulada. Mas a eliminação nem sempre representa derrota. Ao menos para as mulheres. Selecionadas entre os inscritos, muito mais pela bunda promi$$ora, saem da casa com um pé e entram com o outro em estúdio fotográfico onde são “iniciadas” na carreira de modelo erótica.


Pelos números da audiência, pela repercussão na mídia, por trocar a convivência e o diálogo familiares pela digestão passiva de um evento tão medíocre, pela lei do menor esforço intelectual e pelo que virá, temos aqui que fazer justiça: a Globo faz a sua parte. Mas o grande responsável pelo êxito indiscutível do BBB é o telespectador. O sábio telespectador. Atencioso, receptivo, herói incansável na busca pela “qualidade”; o telespectador que deixa uma mensagem clara e definitiva: com a ajuda de todos os meios de comunicação, cada vidiota tem a programação de TV que merece. (Mesmo tendo um controle remoto à mão…).



2 comentários:

luiz henrique disse...

Existem milhões de consumidores de drógas.

Anônimo disse...

A mídia no Brasil, como sabemos, trabalha com a produção e consumo de lixo tóxico e pelo que se pode observar no BBB por exemplo, os 43 milhões citados, salvo a exceção crítica... são parte de uma multidão de órfãos da razão e do intelecto, objetos da desinformação a que são submetidos sobre o verdadeiro sentido da vida, desde tenrra idade, não conseguem buscar opção melhor fora do eter...ou no alternativo e serão sempre trabalhados para isso!... Difícil para essa máquina que não vislumbra educação com lógica no seu conteúdo.