Ícone da moralidade política contemporânea, encarnada no DEM, o senador
Demóstenes Torres caiu em desgraça desde a semana passada, com a divulgação de
gravações de conversas telefônicas que mantinha com o contraventor Carlinhos
Cachoeira, controlador do jogo e de negócios escusos no estado de Goiás. Ambos
combinavam negócios e negociatas, contratações e funcionários fantasmas, além de
percentuais de participação em ganhos ilícitos. Tudo foi gravado pela Polícia
Federal, na Operação Monte Carlo, e agora veio a público.
Além de Demóstenes Torres, integrante da Comissão de Ética do Senado, outros
políticos, de diferentes partidos, incluindo-se o governador de Goiás, Marconi
Perillo, do PSDB, os deputados federais Stepan Nercessian, do PPS, Carlos
Alberto Leréia, do PSDB, Jovair Arantes, do PTB, e Rubens Otoni, do PT, também
aparecem nas escutas da Operação Monte Carlo e se encontram sob suspeita. Ao que
tudo indica, existia um amplo esquema de corrupção e difamação montado e que
agia, de acordo com evidências divulgadas por diferentes fontes, em conluio com
o revista Veja.
Os escândalos dos Correios, do Mensalão e muitos outros, teriam sido armações
que Carlinhos Cachoeira conseguiu “plantar” na Veja, para se vingar de
perseguições. Segundo denúncias publicadas por diferentes fontes nesta semana, a
revista Veja e Carlinhos Cachoeira têm/tinham informantes infiltrados na ABIN,
que agiriam como agentes duplos, forjando acontecimentos e passando informações
sigilosas para a revista, que seriam divulgadas com exclusividade.
Indo além dos fatos, cabe destacar que o caminho para a moralização das
práticas políticas no Brasil e da diminuição do convívio pouco ético entre
parlamentares e integrantes do poder executivo com empresários ávidos por ganhos
fáceis passa pela realização de uma ampla reforma política, que altere o sistema
eleitoral e as formas de financiamento de campanha e que puna com rigor tanto os
corruptos quanto os corruptores. Enquanto tivermos a combinação do voto
proporcional com a lista aberta de candidaturas e o financiamento privado de
campanha, teremos o incentivo aberto e a alimentação contínua da corrupção.
Indo além dos fatos, cabe destacar que o caminho para a moralização das
práticas jornalísticas e de comunicação no Brasil e para a diminuição do
convívio pouco ético de mídias que adotam práticas jornalísticas que se costumam
classificar como características de um jornalismo marrom passa pela adoção de
uma legislação reguladora e pela criação de um conselho nacional de comunicação
que, nos moldes de outros conselhos nacionais (da Justiça e de Publicidade, por
exemplo), coibam excessos e punam atos considerados lesivos à sociedade.
Nenhuma das duas reformas, entretanto, se concretizará sem uma ampla
mobilização dos formadores de opinião e sem uma forte pressão sobre os políticos
e os meios de comunicação de massas no Brasil. Pouco adiantarão a cassação dos
Demóstenes e a prisão dos Cachoeiras, pois outros surgirão e encontrarão terreno
fértil para suas práticas. Os falsos moralistas, aliás, continuarão encontrando
respaldo nos partidos políticos sedentos de escândalos e na mídia
sensacionalista. Mais do que o bem público, o que lhes move é a defesa de seus
interesses, muitas vezes escusos.Editorial Sul21
3 comentários:
Tá faltando pegar o Álvaro Dias e o Aécio Neves. Ambos com passados tenebrosos.
Mas ambos blindados pela grande imprensa.
Mas como pode? O paladino da ética, o Senador 30, que até poucos dias era isento de toda e qualquer suspeita, agora está na mira de todos os holofotes? Só falta agora suspeitarem da Boneca Loira do Congresso (José Agripino) e do anão da Bahia, neto de Toninho Malvadeza, cuja família enriqueceu graças ao trabalho honesto e irrepreensível.
Mas contra o Aécio Neves só paira a suspeita, ou melhor, a certeza de beber cachaça e cheirar um pozinho.
Já o Álvaro Botox Dias a única coisa que faz é dar o c...
Nada grave, por enquanto.
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