domingo, 1 de abril de 2012

Veja alega que “não sabia” dos crimes de Carlinhos Cachoeira

Me engana que eu gosto.



A edição desta semana da revista Veja comete uma contradição escandalosamente evidente para qualquer um que possua quociente de inteligência ao menos mediano: apesar de manter intensos contatos com uma imensa organização criminosa, a publicação, que se notabilizou por realizar intrincadas investigações, alega que “não sabia” das atividades dela.


Informações extraídas da investigação da Polícia Federal que prendeu dezenas de integrantes da quadrilha do bicheiro goiano Carlinhos Cachoeira mostram que expoentes da publicação da Editora Abril trocaram centenas de telefonemas com o criminoso. Em sua última edição, a revista admite esses e outros tipos de contato com ele e apresenta gravações da PF em que membros da quadrilha reclamam do editor da revista Policarpo Jr.


A revista não explica concretamente a razão de se relacionar tão intensamente com criminoso que chefiava uma quadrilha que, segundo inquérito judicial em curso, reunia “43 agentes públicos, distribuídos entre 6 delegados da Polícia Civil, 30 policiais militares, 2 delegados da Polícia Federal, 1 servidor administrativo da Polícia Federal, 1 policial rodoviários federal, 2 agentes da Polícia Civil e 2 servidores públicos municipais”.


Ao reproduzir diálogo de membros da quadrilha que reclamam do editor Policarpo Jr por não ter atendido uma solicitação que fizeram, a revista permite inferir que aquela solicitação (para que atacasse alguém que incomodava a organização criminosa) não foi atendida, mas que outras podem ter sido.


Afinal, se um bandido pede uma matéria a um órgão de imprensa, certamente o faz achando que poderia ser atendido. Certo?


Mas o pior só chega agora: uma organização criminosa do tamanho dessa que revelou a Operação Monte Carlo agia de maneira escandalosa em Goiás e uma revista que se especializou em denunciar escândalos, apesar dos intensos contatos com os criminosos, não notou nada?!


Sim, porque não se tem notícia de matéria alguma da Veja – ou do resto da grande mídia – sobre as atividades de Cachoeira até que a Polícia Federal desbaratasse a quadrilha.


A revista também faz uma afirmação no mínimo polêmica: afirma que seus jornalistas mantinham contato com Cachoeira e seus asseclas tanto quanto todos os jornalistas de outros grandes veículos. No entanto, até o momento só se tem informações sobre um grande meio de comunicação que se relacionava com os criminosos: a Veja.


Aliás, o blog já ouviu vários jornalistas de renome e nenhum deles reconheceu ter mantido qualquer tipo de contato com Cachoeira e companhia limitada, apesar de a revista Veja afirmar que “todos” os jornalistas de “todos” os grandes veículos falavam ou se encontravam fisicamente com ele o tempo todo, como os seus.


Se isso fosse verdade, a investigação da Polícia Federal deveria ter detectado esses outros contatos entre os bandidos e jornalistas, mas, até agora – repito -, só um grande meio de comunicação apareceu conversando ou se encontrando com a quadrilha e com seu chefe.


Supõe-se que outros jornalistas de renome e outros grandes meios de comunicação sairão a campo para confirmar ou negar a informação da Veja, pois ela envolve a todos eles com uma organização criminosa. E se todos tinham tais relações, resta explicarem por que jamais desconfiaram de nada, pois jamais publicaram matéria alguma denunciando.Blog da Cidadania.

6 comentários:

Henrique disse...

Veja:
- Contrato: 15/00626/11/04
- Empresa: Editora Abril S/A
- Objeto: Aquisição pela FDE de 5.200 (cinco mil e duzentas) assinaturas da “Revista Veja”, 52 Edições, destinados às escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo
- Projeto Sala de Leitura
- Prazo: 365 dias
- Valor: R$ 1.203.280,00
- Data de Assinatura: 01/08/2011.
(*Primeiro comunicado no DO em 12/julho/2011)
...
Isto foi em prol da educação em SP - aquela educação onde os alunos do ensino médio saem sem saber matemática!
Este ano o 'alckmin' deve dobrar o valor da assinatura, TALVEZ, para tirar a 'veja' desta CACHOEIRA.
E a lavagem cerebral que o povo paulista tem que pagar já vai para quase duas décadas!
O que precisa para SP acordar?

Carlos Cwb disse...

Uai, não seria a Veja que ironizava o Lula, repercutindo a oposição que dizia que o Lula "nunca sabia" de nada?
É, o mundo dá voltas, nénão???

Henrique disse...

O 'denuncismo' da veja e a falta de estrutura e de talento JORNALÍSTICO para a reportagem criou inúmeros jornalistas(?) reles receptadores de dossiês preparados por quem faz dossiês/lobby.
E disto aí fez-se uma perigosa PROMISCUIDADE (jornalistas e lobistas).
O que era dos repórteres policiais passou a ser do repórteres de dossiês.
Numa brilhante explicação de Luis Nassif em 2008, consistia no seguinte:

O lobista procurava o repórter com um dossiê que interessava para seus negócios.

O jornalista levava a matéria à direção, e, com a repercussão da denúncia ganhava status profissional.

Com esse status ele ganhava liberdade para novas denúncias. E aí passava a entrar no mundo de interesses do lobista.

O caso mais exemplar ocorreu na própria Veja, com o lobista APS (Alexandre Paes Santos).

Durante muito tempo abasteceu a revista com escândalos. Tempos depois, a Policia Federal deu uma batida em seu escritório e apreendeu uma agenda com telefones de muitos políticos. Resultou em uma capa escandalosa na própria Veja em 24 de janeiro de 2001 em que se acusavam desde assessores do Ministro da Saúde José Serra de tentar achacar o presidente da Novartis, até o banqueiro Daniel Dantas e o empresário Nelson Tanure de atuarem através do lobista.

Na edição seguinte, todos os envolvidos na capa enviaram cartas negando os episódios mencionados. Foram publicadas sem que fossem contestadas.

O que a matéria deixou de relatar é que, na agenda do lobista, aparecia o nome de uma editora da revista - a mesma que publicara as maiores denúncias fornecidas por ele. A informação acabou vazando através do Correio Braziliense, em matéria dos repórteres Ugo Brafa e Ricardo Leopoldo.

A editora foi demitida no dia 9 de novembro, mas só após o escândalo ter se tornado público.

Antes disso, em 27 de junho de 2001, Veja publicou uma capa com a transcrição de grampos envolvendo Nelson Tanure. Um dos “grampeados” era o jornalista Ricardo Boechat. O grampo chegou à revista através de lobistas e custou o emprego de Boechat, apesar de não ter revelado nenhuma irregularidade de sua parte.

Graças ao escândalo, o editor responsável pela matéria ganhou prestígio profissional na editora e foi nomeado diretor da revista Exame. Tempos depois foi afastado, após a Abril ter descoberto que a revista passou a ser utilizada para notas que não seguiam critérios estritamente jornalísticos.

Um dos boxes da matéria falava sobre as relações entre jornalismo e judiciário.
O boxe refletia, com exatidão, as relações que, anos depois, juntariam Dantas e a revista, sob nova direção: notas plantadas servindo como ferramenta para guerras empresariais, policiais e disputas jurídicas.
....
Eis aí o LIXO DO JORNALISMO da veja!

Anônimo disse...

Bolsonaro assume a sua homoxessualidade!!!!!!!!!

http://brasil247.com/pt/247/brasil/793/Bolsonaro-sai-do-arm%C3%A1rio!.htm

Teresa Barbosa disse...

A VEJA não sabia porque não leu O JORNAL (Publicidade de O JORNAL nos anos 60 no Rio de Janeiro)

Teresa Barbosa disse...

A VEJA não sabia porque não leu O JORNAL (Publicidade de O JORNAL nos anos 60 no Rio de Janeiro)