Resultado dos exames oftalmológicos realizados no caminhoneiro José Machado, que apareceu na campanha de TV do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, criticando o sistema municipal de saúde e dizendo sofrer de catarata, constatou que ele sofre mesmo da doença.
Os exames foram feitos no último dia 30, e o laudo foi assinado em 4 de setembro pelo médico Pedro José Monteiro Cardoso, do Instituto Cema, conveniado à Prefeitura. O resultado do exame foi encaminhado para Machado, que autorizou, por escrito, a divulgação dos dados pela equipe de campanha do petista.
No programa do PT em agosto, Machado havia dito que sofria de catarata e que esperava há dois anos na fila pela cirurgia. Na esteira das declarações, a Secretaria Municipal de Saúde acessou as informações do prontuário do paciente e divulgou que o caminhoneiro não tinha catarata, mas pterígio (crescimento de tecido sobre a córnea). O jornal O Estado de S. Paulo revelou à época que a administração municipal havia acessado e divulgado dados do prontuário, sem autorização de Machado, a fim de contradizer a propaganda petista. O PT acusou a Prefeitura de violar o sigilo médico para favorecer o candidato do PSDB, José Serra, e pediu à Justiça a abertura de inquérito policial.
Serra e o prefeito Gilberto Kassab (PSD) disseram à época que Machado não tinha catarata e que a campanha petista havia mentido sobre o tempo de espera para a realização da cirurgia.
O Relatório de Exame Oftalmológico, do Cema, constata que Machado tem em ambos os olhos "opacidade nuclear de cristalino" e "opacidade cortical", além de pterígio. Opacidade do cristalino é o termo técnico usado para designar a catarata.
Em 30 de agosto, dia do exame, a mulher do caminhoneiro, Natalices Santos, que é do conselho gestor da UBS onde Machado foi atendido inicialmente, afirmou que a perícia apontava que ele tinha catarata e pterígio. Não havia, porém, documento que comprovasse a afirmação.
Em resposta, a secretaria questionou em nota mais uma vez as informações ao afirmar que eram "inverídicas": "Se o caso fosse de cirurgia de catarata, o paciente certamente já teria sido operado, uma vez que no Cema não há fila de espera. O prazo médio para a realização desse tipo de procedimento é de 30 dias". O Estado voltou a procurar a pasta nesta quarta-feira (12), que disse manter "as informações enviadas ao jornal".
A assessoria de imprensa da campanha de Serra repetiu ontem que a questão central é o fato de a campanha do PT ter levado ao ar uma mentira ao dizer que o caminhoneiro esperava dois anos para fazer a cirurgia.
Haddad disse que "o comportamento e as declarações de Serra sobre o caso demonstram falta de compromisso com a verdade".
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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