sábado, 23 de fevereiro de 2013

PSDB compra franquia da ABI em Minas Gerais

Após perder a eleição no sindicato dos jornalistas, em busca do comando de uma instituição da imprensa, Andréa Neves compra a regional da ABI de Minas
 
 
Em 31de janeiro deste ano Novojornal recebeu correspondência da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), acusando-o de ter publicado de maneira indevida a logomarca da entidade como botão de acesso a uma nota de apoio enviada pelo seu presidente, Mauricio Azêdo, em função da censura praticada via decisão judicial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).
 
Tratava-se de uma mudança de atitude destoante da prática histórica da ABI. Fontes da entidade informaram ao Novojornal que Mauricio Azêdo atendera exigência de Andréa Neves, apresentadas pelo jornalista Taquinho.
 
 
Em resposta a correspondência da ABI, o diretor responsável do Novojornal questionou a interferência de Andréa, recebendo como resposta de Azêdo: “A pressão a que Você se refere jamais existiu. Por orientação de nossos associados em Minas Gerais, a ABI quer é se desvincular do tipo de jornalismo que Você pratica, com o qual não concordamos”.
 
 
Esta justificativa soava estranha, pois até então era de conhecimento da categoria profissional mineira que a ABI tinha apenas antigos jornalistas como associados em Minas Gerais. Diante deste fato saímos em busca da resposta do que estaria por trás da insatisfação destes associados.
 
Constatamos que, assim como em 2008, quando Andréa Neves utilizara a Procuradoria Geral de Justiça, através do então procurador geral Jarbas Soares, tentando fechar o Novojornal, desta vez utilizara a ABI, através do jornalista José Eustáquio de Oliveira, na tentativa de retirar apoio para fragilizá-lo perante as entidades representativas da categoria.
 
Tudo iniciara quando no mais completo silêncio, em uma luxuosa cerimônia fechada, realizada na Academia Mineira de Letras, na noite do dia 1º de junho de 2011, Taquinho foi declarado dirigente da então instalada Regional mineira da ABI.
 
 
Evidente que todos em Minas Gerais conhecem a ligação e subordinação de Taquinho a Andréa Neves, concretizada através da OSCIP, ADTV, que ao arrepio da Lei literalmente privatizou a Rede Minas de Televisão. Em sua pose, Eustáquio teria exposto as linhas gerais da atuação da Representação mineira da ABI, destacando que iria concentrar esforços para viabilizar o “Museu da Comunicação no Estado”.
 
 
Ao tomarmos conhecimento desta exposição, tudo começou a ganhar sentido, principalmente porque o “Museu da Comunicação” é uma iniciativa financiada pelo Governo de Minas Gerais, através da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e a FAPEMIG-Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais, articulada por Andréa Neves.
 
 
Nossa reportagem constatou que assim como na Rede Minas de Televisão, Andréa criara uma OSCIP, Associação dos Amigos do Museu da Comunicação, que através de convênio vem recebendo milionárias doações, sem qualquer fiscalização ou prestação de contas. Para alguns, este seria o Caixa 2 criado por Andréa Neves para “distribuir” recursos governamentais a fundo perdido para “personagens importantes da mídia”. Tudo sem qualquer fiscalização.
 
 
Tais recursos teriam financiado a compra da franquia “Cartorial” da ABI mineira, que só existe para assinar e emitir notas favoráveis aos interesses do Governo de Minas Gerais e da candidatura de Aécio Neves à Presidência da República. Diversos jornalistas, informados pela matéria do site da ABI como integrantes da regional mineira, foram procurados pela reportagem de Novojornal e informaram que sequer sabiam do que se tratava.
 
 
Porém, não são 100% confiáveis estas informações diante do pânico e medo de Andréa Neves. O jornalista Luiz Carlos Bernardes, procurado por nossa reportagem, por, segundo informações do site da ABI, integrar o conselho consultivo da Regional, negou o fato, alegando que na época estaria viajando, porém, na foto da visita feita ao Palácio da Liberdade constata-se sua presença. Constatou-se ainda que a sede da Regional da ABI em Minas Gerais não existe.
 
 
Este foi o quadro encontrado por Novojornal em relação à importante entidade nacional. É lamentável, porém, o nome dado pela imprensa a instituições que se encontram nesta situação é “Laranja”, demonstrando a falta de limites de Andréa Neves ao expor uma entidade da importância da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e seu presidente Mauricio Azêdo, a tal constrangimento.
 
 
Importante destacar que a noticiada instalação da Regional ocorreu há quase dois anos, em junho de 2011. A ABI, consultada em sua sede no Rio de Janeiro, só sabia o nome do dirigente José Eustáquio de Oliveira. Não sabia sequer seu telefone, assim como desconhecia os demais associados e o endereço da Regional, informando que quem saberia responder seria apenas seu presidente, Mauricio Azêdo. A regional mineira é hoje a maior colaboradora financeira da ABI.
 
 
Constatamos também que os “integrantes da Regional da ABI”, assim como Mauricio Azêdo, não sabem que o Museu da Comunicação já havia firmado acordos com grandes instituições americanas e européias, tais como a Advertising Educational Foundation, de New York e o American Icon Museum. De igual forma, negociara acordos de transferência de “expertise” com o Musée des Arts Décoratifs, de Paris, o Museum of Brands, Packaging and Advertising, de Londres, com o Brand Center da Universidade da Virgínia e a Scuola Superiore di Studi Avanzati de Trieste, na Itália.
 
 
Segundo o diretor da Radio Itatiaia, Carlos Rubens; “Sem o apoio do Governo de Minas Gerais nas gestões de Aécio Neves e de Antônio Anastasia o Museu ainda seria um mero projeto. O Governo de Minas Gerais, através da Secretaria de Cultura, já cedeu à Associação dos Amigos do Museu da Comunicação um prédio e um terreno na Avenida Assis Chateaubriand, em Belo Horizonte, para sua implantação”.
 
 
Valendo-se da Lei Rouanet, o Museu da Comunicação já recebeu mais de R$ 6 milhões de patrocínios das empresas públicas mineira, sem informar onde estas importâncias foram aplicadas. Para assessores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), os investimentos já ultrapassam R$ 40 milhões. O que se estranha é o fato do presidente da ABI, Mauricio Azedo, deixar-se envolver no que promete ser mais um escândalo do grupo liderado por Andréa Neves.
 
 
Na véspera da sessão ocorrida na Academia Mineira de letras o Presidente da ABI, Mauricio Azêdo, e os membros do Conselho Consultivo da Representação mineira foram recebidos em audiência especial no Palácio da Liberdade pelo Governador Antônio Anastasia, que saudou a chegada da ABI a Minas Gerais e fez até um questionamento: por que isto se deu somente agora? Como se a fechar com chave de ouro, talvez na busca de informações sobre programas assistenciais, os dirigentes da ABI participaram de uma audiência com a Diretora do Serviço Voluntário de Assistência Social de Minas Gerais - Servas, Andréa Neves.
 
 
Nossa reportagem constatou que Mauricio Azêdo, por interferência de Andréa, assessorada pelo desembargador mineiro José do Carmo, trocara correspondência com o presidente da AMB, Henrique Nelson Calandra, contradizendo o que assinara meses antes em relação à censura imposta ao Novojornal . 
 
 
Ao solidarizar-se com o presidente da Associação dos magistrados do Brasil (AMB), Azêdo criticou Novojornal no que denominou de “um jornalismo destituído de ética e se especializou em ataques a personalidades do Estado, como o próprio Governador Antônio Anastásia e o Senador Aécio Neves”.
 
 
Nota-se claramente que os denominados “ataques” do Novojornal ao Governador Anastasia e ao Senador Aécio Neves contrariaram Azêdo. Desnecessário afirmar que nas matérias publicadas pelo Novojornal, de acesso a todo internauta, existem críticas, denominadas por Azêdo de “ataques”, a outras autoridades e ele não as percebeu, elas não o incomodou.
 
 
Novojornal já tinha decidido não publicar esta matéria em respeito ao comportamento histórico da ABI na defesa da liberdade de imprensa, porém, diante da utilização indevida da entidade por prepostos da senhora Andréa Neves para atacá-lo, através de matérias no site da entidade, não teve outra saída.
 
 
Principalmente porque tomamos conhecimento que a estratégia montada pela equipe do Senador Aécio Neves, que jamais comentou ou desmentiu uma notícia publicada por Novojornal a seu respeito, pois todas sempre foram acompanhadas dos documentos que a fundamentaram, seria a de utilizar as notas e matérias da ABI para tentar desacreditar o Portal jornalístico.
 
 
Pelo visto, mais uma vez a estratégia de Aécio Neves falhou, demonstrando que ele e sua irmã imaginam que tudo é comprável. Em nossa analise, a ABI deveria utilizar a regional de Minas Gerais para denunciar o que vem ocorrendo há mais de 10 anos com a liberdade de imprensa em Minas Gerais, porém, pelo visto, seus projetos são outros.
 
 
Melhor mesmo é pensar que Mauricio Azêdo não sabia da cilada que entrou, assim como desconhecia a maneira pouco ortodoxa que Andréa Neves atua.
 
 
Documentos que fundamentam esta matéria
 
 
 
Fonte:Novo Jornal

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