quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Ora, direis. Ouvir estrelas...



“Essa dinheirama, será que esse dinheiro que está voltando é de fato de militantes? Ou estão distribuindo dinheiro para fazer esse tipo de doação? Será que não há um processo de lavagem de dinheiro aqui? São coisas que nós precisamos examinar. E se for um fenômeno de lavagem? De dinheiro mesmo de corrupção? As pessoas são condenadas por corrupção e estão agora festejando coleta de dinheiro. É algo estranho”. Gilmar Mendes

Paranoia, o que os eminentes juízes esperavam era que os condenados fossem ao ostracismo: esquecidos pela sociedade, evitados pelos amigos, olhados com vergonha pelos parentes, tornados párias, leprosos, indivíduos contagiosos.

Certos de que a sociedade agiria conforme haviam imaginado, surpreenderam-se com a demonstração de solidariedade: milhares mudaram seus perfis nas redes sociais apoiando os companheiros, muitos imitaram o gesto do punho erguido (inclusive nas barbas de Barbosa), centenas de textos foram produzidos condenando as condenações e, oh opróbrio, doações em dinheiro vivo se multiplicaram da noite para o dia, inclusive um ex-ministro da corte suprema declarou publicamente sua doação: 10 mil lascas; essa foi de lascar!

Apanhados de calça curta, contrariados, partiram para o ataque com as já costumeiras paranoias, no que foram acompanhados sabujamente pelos sem votos de sempre.

O diabo é que foi feito tudo às claras, abriram uma conta e pediram publicamente as doações, como o fazem os Teletons e os Crianças Esperanças da vida.

Mas o mais chocante é a referência à lavagem de dinheiro. Gilmar quer fazer crer que um larápio, no afã de lavar o seu dinheiro imundo, faz uma doação para pagar uma multa cujo destino são os cofres da União.

Satanás deve estar coçando a cabeça, com o indicador incandescente e lambendo os lábios quentes com sua língua de fogo bifurcada, pensando: "hummm, mais que merda, esses caras me envergonham!


Lelê Teles

Jornalista e publicitário. Roteirista do programa Estação Periferia (TV Brasil), apresentador do programa Coisa de Negro (Aperipê FM) e editor do blog FALA QUE EU DISCUTO

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