Hoje, no 'Mau Dia Brasil', jornal
vespertino da Globo, o jornalista Alexandre Garcia comentou, após o
término de matéria sobre a Operação Lava Jato, que no Brasil os
presidentes da Câmara e do Senado estão a ser investigados, bem como
afirmou que dois ex-presidentes (Lula e Collor) também são alvos de tal
operação. Propositalmente, o veterano jornalista ideologicamente
conservador colocou os dois políticos no mesmo caldeirão, sendo que ele
sabe e compreende que o caso do senador Fernando Collor é completamente
diferente do petista, independente de o senador ter culpa no cartório ou
não, até porque ele tem todo o direito de se defender e passar a
responsabilidade do ônus da prova a quem o acusa.
Só que tem um problema, que Alexandre Garcia propositalmente não
mencionou: Lula não é investigado pela Lava Jato. O líder petista está a
ser denunciado pela Procuradoria Geral do Distrito Federal por ter dado
palestras no exterior, com o apoio e o aporte da construtora Odebrecht.
Nada que o inclua no rol das pessoas acusadas e denunciadas por
corrupção, até porque se percebe, nitidamente e claramente, que o
promotor que decidiu denunciar o presidente mais popular e de fama
internacional da história do Brasil está a cometer um grande equívoco,
que tem propósito político-partidário e rompe todas as barreiras da
lógica, da sensatez, da responsabilidade e da prudência, porque Lula não
incorreu em malfeitos e em crimes de responsabilidade.
Porém, Alexandre Garcia, aquele que em 1976 saiu corrido da Argentina
por medo de ser atacado pela guerrilha urbana e de esquerda dos
Montoneros, que foi porta-voz do governo do general João Figueiredo,
além de ser condecorado com a Ordem do Império Britânico pela rainha
Elizabeth II, que, ao reconhecer sua cobertura pró Inglaterra na Guerra
das Malvinas, deve ter pensado sobre como é útil ter sempre à mão um
cidadão subserviente intelectualmente colonizado para fazer o jogo sujo
da Coroa Inglesa, como sempre ocorreu no decorrer dos séculos.
Contudo, excetuando-se as aleivosias e leviandades do senhor
Alexandre Garcia, ao fazer de suas palavras maliciosas e mordazes contra
Lula uma ferramenta para confundir o público e, com efeito, atender aos
interesses políticos dos irmãos Marinhos, o certo é que o ex-presidente
e político trabalhista não vai ser encarcerado e muito menos acossado
de forma indiscriminada pelo Ministério Público do Distrito Federal, que
há anos, tal qual a seus colegas do MP, está a efetivar suas ações
pautadas pelas notícias irradiadas e publicadas pela imprensa de
negócios privados, que tem um claro objetivo de poder político, que é o
de derrotar os candidatos e as lideranças políticas do PT, que há quatro
eleições presidenciais derrotam os candidatos de direita apoiados pelas
Organizações(?) Globo, exemplificados nos tucanos José Serra, Geraldo
Alckmin e Aécio Neves.
De forma circense e pitoresca, o procurador Valtan Timbó Martins
Mendes Furtado não se fez de rogado e prontamente, no lugar de Mirella
de Carvalho Aguiar, procuradora do 1º Ofício do MP-DF que, ao que
parece, está de férias, de atestado, de licença, foi às compras ou sei
lá o quê, abriu inquérito para investigar suposto tráfico de influência
internacional contra Lula por favorecer a Odebrecht e em troca fazer
palestras no exterior.
O procurador foi além, pois pediu urgência para o inquérito e agora
faz pose para os flashs da imprensa familiar como o mais novo arauto a
constar no panteão da ética, da moral e dos bons costumes da imprensa
burguesa e do Ministério Público, órgão visivelmente aparelhado,
ideologizado e, indubitavelmente, antirrepublicano, pois político e
partidarizado. Tal procurador resolve jogar mais lenha na fogueira das
vaidades, da insensatez e da imprudência, bem como é useiro e vezeiro em
apagar o fogo com gasolina, como se fosse um incendiário. E por quê?
Respondo: Este senhor responde a processos administrativos por ser
acusado de negligência no andamento de 245 ações. Repito: duzentas e
quarenta e cinco ações! Quem comete tais irresponsabilidades,
evidentemente, aposta na instabilidade política e institucional do País.
Para quem não sabe, no Brasil age e atua o Conselho Nacional do
Ministério Público. A resumir: o órgão existe. E para quê ele serve?
Respondo: para examinar a conduta dos procuradores federais. Então o que
aconteceu para a procuradora Mirella de Carvalho Aguiar "sumir" e ficar
no seu lugar o Batman às avessas, o procurador Valtan Timbó Furtado,
que é investigado pelo conselho de sua classe por ser negligente e
deixar de dar continuidade aos processos e inquéritos que estavam sob
sua responsabilidade. Bonito, não? O que temos, então? Mais um
procurador que engaveta suas obrigações ou senta na sua própria
arrogância e seletividade? A esta última pergunta deixo a resposta para o
leitor.
É isto mesmo, senhoras e senhores! O tão obsequioso e "rápido no
gatilho" procurador Valtan Timbó segue, intrépido, lépido e fagueiro os
caminhos desditosos de muitos de seus colegas, a exemplo de Roberto
Gurgel, Sandra Cureau, Geraldo Brindeiro, Rodrigo De Grandis, dentre
muitos outros, que escolheram a fama circunstancial e efêmera, a
seletividade política e partidária e se submeteram às suas convicções
ideológicas, às suas vontades e escolhas próprias, ao invés de serem
isentos e republicanos, como obrigatoriamente deveriam atuar e agir os
servidores do público, que recebem altos salários, prestígio, poder e
status da sociedade civil. O MP tem de se submeter à Constituição, ou
seja, à soberania do povo brasileiro.
Acontece que a seletividade é realmente a prática de certos
servidores de poder e mando. Sem sombra de dúvidas é o caso do
procurador Valtan Timbó Mendes Furtado. Enquanto os tucanos do PSDB (tem
também tucanos no DEM, no PMDB, no PSB, no PPS etc.) controlam estados
poderosos da Federação há décadas, venderam e entregaram o Brasil à
gringada esperta, na década de 1990, são praticamente inimputáveis, o
PT, o Governo Trabalhista e lideranças populares, como Lula e Dilma, são
questionados e acusados ininterruptamente desde que assumiram o poder,
no ano de 2003.
O procurador literalmente está a tentar prender o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva por ele viajar ao exterior e fazer propaganda do
Brasil e de suas empresas, como também age de forma similar a maioria
dos ex-mandatários de inúmeros países. Este homem do MP troca as mãos
pelos pés e inaugura no Brasil uma perseguição mesquinha, medíocre e
despropositada, que se baseia em notícias e factoides de revistas como a
Época e jornais, a exemplo do Globo, pasquins conservadores e de
oposição ao PT e ao Governo Trabalhista.
Parece piada, mas não é, pois realidade grave e que causa apreensão.
No Brasil, procuradores, por exemplo, e sem generalizar, pautam-se por
meio de notícias de uma imprensa empresarial completamente alienígena e
reconhecidamente de oposição e com um passado golpista. Não é possível
e, por seu turno, aceitável que promotores, procuradores, juízes e
delegados sejam tão alienados, ou que, a contrariar seus próprios
regulamentos e a Constituição, resolvam fazer política e, efetivamente,
imiscuírem-se em assuntos de tal modo que, inclusive, impedem que a
máquina governamental funcione e que o governante governe, porque eleito
pela maioria do povo para governar. Os procedimentos dessa gente são
ilegais, porque primeiro se prende para, posteriormente, soltar o preso
depois de ele delatar. É acinte e violência contra o Estado de Direito e
a democracia.
Criminalizaram uma viagem de Lula à República Dominicana, das tantas
que ele já fez a vários países dos cinco continentes. Lula viajar,
ministrar palestras, receber pelo seu trabalho, convidar empresários
para investir no Brasil e criar o Instituto Lula para pensar o País é
considerado ilegal e até mesmo crime, ao ponto de o líder político ser
mandado para a prisão por um procurador considerado negligente e omisso
em seu próprio ofício, no exercício de sua função, conforme a
Corregedoria de sua classe, que o investiga.
O procurador Valtan Timbó Mendes Furtado alegou urgência para pedir
abertura de inquérito contra Lula. Por sua vez, ele levou três anos para
apresentar denúncia contra os indiciados pela Polícia Federal na
Operação Sentinela, que investigou corrupção em contratos do TCU, no ano
de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2004. Outrossim, o novo Batman da
República demorou, em 2013, nove meses para denunciar os vândalos que
foram presos por depredar e tocar fogo no Palácio do Itamaraty, o que
causou muita estranheza ao Governo Dilma e a setores da sociedade civil.
A Corregedoria do Ministério Público instaurou um processo
administrativo disciplinar contra o procurador Valtan Timbó — o
Negligente —, que simplesmente não fez o que tinha a obrigação de fazer,
ou seja, trabalhar. Reverbera-se: trabalhar em prol dos interesses do
povo e esquecer suas simpatias e predileções políticas, partidárias e
ideológicas. Afinal, trata-se de um procurador que não atuou em 245
feitos e ações, no decorrer de 11 anos. É mole ou quer mais?
O problema é que o Brasil não está a viver uma normalidade política.
Depois que líderes petistas foram presos por causa de uma jurisprudência
imposta ao País, que se baseia no "domínio do fato", sendo que tal
"fato" nunca atingiu quaisquer políticos do PSDB, juízes e procuradores,
que cometeram crimes, é melhor botar a barba de molho e desde agora
combater, com determinação e coragem, os casuísmos e a vocação golpista e
antidemocrática de certos personagens da República, que estão
aboletados nos três poderes, bem como na imprensa comercial e privada
(privada nos dois sentidos, tá?).
Tanto o é verdade que o Mensalão do PSDB está prestes a prescrever,
além de inúmeros escândalos tucanos se encontrarem engavetados, pois,
volto a afirmar, essa gente é inimputável. Ponto. Creio que se o Governo
Trabalhista, o PT, as entidades, associações, instituições, sindicatos,
agremiações e partidos que apoiam o ex-presidente Lula podem ter uma
amarga surpresa, e, de repente, sofrerem as agruras por um líder
popular, carismático e que mudou as condições de vida do povo brasileiro
para melhor seja humilhado e desconstruído por agentes públicos
defensores dos interesses da burguesia brasileira, que não aceita e não
se conforma, de forma alguma, com a esquerda no poder — a controlar há
mais de 12 anos a Presidência da República.
E explico: Lula viajou à República Dominicana em 2013. Voou em um
jatinho da Odebrecht, como o fazem ex-presidentes, que são ouvidos em
palestras ou encontros de negócios e propagandísticos, a exemplo de Bill
Clinton e Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I — dono de um
instituto, o IFHC, que foi criado com o dinheiro de inúmeras empresas,
e, mesmo assim, nenhum batman-procurador até hoje o denunciou. A revista
Época, da famiglia Marinho, escandalizou a viagem, pois criminalizou-a,
apesar de tal pasquim de direita jamais ter escandalizado sua
associação com o bicheiro Carlinhos Cachoeira ou ter publicado a
sonegação de impostos por parte da Rede Globo quanto às transmissões da
Copa do Mundo de 2002.
Entretanto, a questão de Lula se torna perigosa e politicamente pode
desestabilizar a República porque o pedido de abertura de inquérito
criminal poderá fazer com que o líder trabalhista, se condenado, poderá
perder a liberdade. A perseguição a Lula é recorrente e remonta desde
sua aparição como líder metalúrgico nos idos da década de 1970 e início
dos anos 1980. O político socialista deixou a Presidência há cinco anos e
jamais foi esquecido pela Casa Grande — o establishment.
A direita brasileira o odeia profundamente, como odiou Leonel
Brizola, João Goulart e Getúlio Vargas. A reação sente ódio mortal de
Dilma Rousseff. A virtual prisão de Lula é um sonho da burguesia e da
pequena burguesia, (classe média) que, equivocadamente, pensam que um
líder de alta projeção e magnitude popular como o é o petista vai abrir
caminho para que políticos direitistas conquistem a Presidência da
República.
Ledo engano de tais irresponsáveis, que desejam o poder inclusive por
métodos ilegais, como dar golpe de estado com a força das armas. A
verdade é que todo mundo sabe como começa o banditismo do golpe
institucional, mas também ninguém sabe como tal aventura draconiana e
dantesca acaba. Prender Lula é um acinte, violência despropositada,
enorme e injustificável provocação às fileiras populares em todas suas
vertentes. Lula e Dilma não estão no ano de 1964. Quem viver verá. É
isso aí.
Leia abaixo o Processo Administrativo Disciplinar do Procurador da
República no Distrito Federal, Valtan Timbó Martins Mendes Furtado:
CORREGEDORIA NACIONAL DO MINISTÉRIO
PÚBLICO
PORTARIA Nº 62, DE 3 DE JULHO DE 2015
O CORREGEDOR NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, com fundamento no artigo
130-A, parágrafo 2º, inciso III, e parágrafo 3º, inciso I, da
Constituição da República e nos artigos 18, inciso VI, 77, inciso IV, e
parágrafo 2º e 89, parágrafo 2º, todos da Resolução nº 92, de 13 de
março de 2013 (Regimento Interno do Conselho Nacional do Ministério
Público) e com base na Reclamação Disciplinar nº CNMP 0.00.000.001022/2014-09,resolve:
1. Instaurar Processo Administrativo Disciplinar em face do
Procurador da República no Distrito Federal, VALTAN TIMBÓ MARTINS MENDES
FURTADO, em razão dos seguintes fatos:
"No período compreendido entre 05 de maio de 2004 a julho de 2015,
portanto, por mais 11 (onze) anos, o Procurador da República no Distrito
Federal, VALTAN TIMBÓ MARTINS MENDES FURTADO, foi negligente no
exercício das suas funções ministeriais, tendo em vista o atraso ao dar
andamento em 245 (duzentos e quarenta e cinco) feitos que estavam sob a
sua responsabilidade, conforme conclusão da Comissão de Inquérito
Administrativo, composta por Membros do ministério Público Federal, e de
acordo com a tabela em anexo."
2. Indicar, atendendo à exposição das circunstâncias dos fatos acima
realizada, que o Procurador da República no Distrito Federal, VALTAN
TIMBÓ MARTINS MENDES FURTADO, em virtude de prática, em tese, da falta
funcional prevista no art. 241, inciso I, da Lei Complementar n. 75/93,
punível com advertência, uma vez que foi negligente no exercício da
função, tendo em vista o atraso ao dar andamento em 245 (duzentos e
quarenta e cinco) feitos que estavam sob a sua responsabilidade.
ALESSANDRO TRAMUJAS ASSAD
Ministério Público da União.
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