Depois de visitar Israel, o presidente Lula passou para a segunda etapa de seu giro no Oriente Médio: os territórios palestinos. O Brasil defende a solução pacífica do conflito com dois Estados (Israel e Palestina) e a derrubada do muro construído em território palestino.
Lula defendeu nesta quarta-feira (17), em Ramala, na Cisjordânia, o fim das construções nas colônias ilegais e a derrubada do muro de separação racista erguido pelos ocupantes israelenses na Palestina.
"Os assentamentos devem parar porque a estabilidade da região é importante para todos", declarou Lula, que, acompanhado do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, acrescentou que sonha com "um Estado palestino que viva em paz com seus irmãos no Oriente Médio".
Durante evento na Muqata, sede do governo da ANP, o presidente criticou o muro separatista. "O bloqueio a Gaza não pode continuar. O muro deve vir abaixo. O mundo não suporta mais muros", disse Lula ao lado do presidente da ANP, Mahmoud Abbas.
"A queda do muro será apenas o primeiro passo para reverter anos de asfixia ao desenvolvimento. Essa asfixia à Cisjordânia, e também à Faixa de Gaza, impede que os palestinos progridam e abram os seus mercados", instou.
"Acredito no poder dos seres humanos, acho que há um clima positivo, acredito na paz e que ela chegará à região", afirmou Lula.
"Crise" na relação
A visita de Lula coincide com um abalo na relação Estados Unidos-Israel. A administração americana manifestou descontentamento, por razões táticas, com a decisão de Israel de destruir áreas palestinas em Jerusalém Oriental para erguer novos assentamentos ilegais.
A Casa Branca suspendeu a viagem que um enviado dos EUA para o Oriente Médio, George Michell, faria à região. O presidente de Israel, Shimon Peres, tentando amenizar a rusga com seu mentor, disse que o Estado judeu não pode perder a amizade com os EUA.
“Não podemos nos permitir que este delicado elo com os americanos se desfaça”, disse Peres em comunicado oficial. E acrescentou: “Precisamos de apoio político para quando precisarmos de ajuda militar contra os perigos que enfrentamos”, tergiversou.
Ao mesmo tempo, colocando panos quentes no que a mídia ocidental clama de "crise" entre os dois Estados, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, apontou nesta quarta-feira que, apesar da decisão israelense, seu país considera a "segurança" de Israel "primordial", sinalizando que a relação entre os dois países continua no seu eixo usual.
Falando de "laço próximo e inabalável" com Israel, Hillary proclamou o "comprometimento absoluto com a segurança de Israel" pelos Estados Unidos. "Temos um laço próximo e inabalável entre os Estados Unidos e Israel", disse Hillary em coletiva de imprensa.
Stop the Wall
A ONG palestina Stop the Wall (Parem o Muro) pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para cortar as relações comerciais e militares com Israel, argumentando que o Estado sionista legitima o apoio à ocupação dos territórios palestinos.
A organização, que defende a destruição do muro racista de separação na Cisjordânia, divulgou um documento no qual apresenta dados sobre as relações bilaterais entre Brasil e Israel em matéria econômica e de defesa.
A Ong quer que o Brasil defenda o fim do Tratado de Livre-Comércio entre Mercosul e Israel, que entrará em vigor no próximo dia 4 de abril. Além disso, a entidade pede também que o Brasil busque um embargo de armas e o boicote a produtos que sejam fabricados nos assentamentos ilegais israelenses.
Da redação Vermelho, com agências
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