O Globo - 27/03/2010
O líder de um ala do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Pontal, José Rainha Júnior,declarou ontem, em Andradina, que "todos os acampamentos comandados porele serão um comitê pró-Dilma Rousseff", a ministra da Casa Civil e pré-candidata do PT à Presidência da República. Rainha disse isso no dia em que o governador José Serra (PSDB) visitou Andradina, a 650 quilômetros de São Paulo,para inaugurar o Ambulatório Médico de Especialidades (AME), que já está funcionando desde o dia 2 deste mês.
- Já estamos emcampanha e vamos fazer um campo de batalha, nocampo, por Dilma - disse Rainha, que pretende mobilizar mais de 13 mil pessoas, entre acampados e assentados, no "abril vermelho", com ocupações de terra na região de Andradina.
O governador, ao final da inauguração, não comentou a declaração deRainha. Serra foi recebido aos gritos de"mentiroso" por um grupo decem professores ligados ao Sindicato dos Professores do Ensino Oficialdo Estado de São Paulo ( Apeoesp). Serra qualificou como "inexpressivo"e "pequeno" o protesto. Os integrantes do MST chefiados por Rainha na região não compareceram aos atos dos professores, como ameaçara o líder sem-terra.
Em rápida entrevista durante a inauguração do prédio do AME, Serra destacou aimportância da obra e respondeu a perguntas sobre saúde.
O prefeito de Andradina, Jamil Ono (PT), agradeceu ao governador pela obra e afirmou que, mesmo sendo de um partido de oposição a Serra, nunca teveas portas fechadas. E encerrou seu discurso pedindo que Deus ilumine o governador tucano.
Ono alegou que não pode agir de outra forma porque é um republicano, e as necessidades da cidade vêm em primeiro lugar.
Em Presidente Prudente, no entanto, policiais militares do CPI-8 (Comandode Policiamento do Interior) impediram que membros desindicatos ligados ao setor da educação, saúde e sistema penitenciário apresentassem faixas de reivindicações e narizes de palhaço, durante acerimônia de inauguração do AME da cidade, que teve a presença deSerra.
Em Presidente Prudente, Serra não comenta protesto
Comfrases como "Serra a culpa é sua, o servidor está na rua", professores,servidores da saúde e agentes penitenciários tentaram chamar a atenção do governador, que entrou e saiu das instalações doAME sem se pronunciar sobre o protesto.
- As faixas de apoio puderam ser colocadas, mas as de reivindicações foram retiradas. Estou revoltado com o autoritarismo do governador que, além de não fazer nada para melhorar a vida doss ervidores, põe a Polícia Militar para impedir nossa manifestação -disse o secretário-geral do Sindicato dos Agentesde Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo (Sindasp), Rozalvo José da Silva.
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