Sem discurso, sem bandeiras e vendo suas chances de voltar ao poder cada vez mais distantes, a oposição de direita no Brasil apela para atos de evidente desespero. É assim que se pode qualificar a decisão do PSDB de "romper com a política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva".
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgilio (AM), declarou nesta terça-feira (16) em Plenário, durante a votação da indicação de Oto Agripino Maia para o cargo de embaixador do Brasil na Grécia, que o partido toma esta atitude como uma reação aos "equívocos da diplomacia brasileira", que, no seu entender, estariam a ridicularizar o país.
Entre as críticas, o senador se referiu ao diálogo do presidente Lula com os governos de Cuba e do Irã. "Me parece que há uma tendência a privilegiarmos regimes de exceção. E isso não é bom para o país", tentou argumentar.
Antes do rompimento, os senadores aprovaram a indicação de Oto Agripino Maia para exercer o cargo de embaixador em Atenas, na Grécia. Ele recebeu 47 votos favoráveis à sua indicação e um contrário, com uma abstenção.
Ao apartear Virgilio, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE), se declarou solidário à posição da liderança de seu partido e informou a suspensão das sabatinas com autoridades indicadas para representar o Brasil no exterior, até que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, compareça ao colegiado. Na prática, Azeredo instituiu uma espécie de "greve" nos trabalhos da Comissão, partidarizando e prejudicando atividades que são de grande importância para o Estado brasileiro.
Mídia faz coro
A decisão inédita e quase folclórica do PSDB ocorre no mesmo dia em que a mídia escolheu a política externa do governo Lula como alvo preferencial de seus ataques.
Em editorial, o conservador jornal O Estado de S. Paulo diz que "a diplomacia lulista, partidária e eleitoreira, só visa a promover a imagem de seu guia perante o público interno" e que "Lula exibe o grau de exacerbação da sua megalomania".
Já a Folha de S.Paulo, outro front midiático da elite paulista anti-Lula, apela para um artigo igualmente agressivo assinado pelo próprio "dono" do jornal, Otavio Frias Filho, no qual ele qualifica a política externa brasileira de "errática, cheia de distorções seletivas" e acusa o "simplório presidente (Lula) e seu trêfego chanceler (Celso Amorim)" de cometerem, na seara da política externa, "equívocos em cascata e enveredar por um caminho temerário" ao confrontar os interesses de Washigton.
Plano de ataque
O editorial do Estadão, o texto de Otavinho e a decisão do PSDB são todos instrumentos de uma mesma tentativa desesperada de atacar o governo Lula justamente no momento em que os acertos de sua política externa levam o presidente a receber admiração mundial, traduzida em prêmios internacionais, citações honrosas em publicações de vários países e um crescente respeito pelo protagonismo do Brasil nos fóruns internacionais.
A artificialidade destes ataques da oposição podem acabar se transformando num tiro no pé, pois tornam ainda mais evidente a posição submissa destes setores da direita e da mídia em relação aos interesses que emanam da Casa Branca, o que revela um servilismo colonizado a toda prova.
Da redação Vermelho,
Cáudio Gonzalez
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